“Mene Tequel Ufarsim”
(2015), primeiro trabalho do Doomsday Hymn tem sido um dos álbuns nacionais que
mais chamam atenção dentro da cena. Os ‘porquês’ são vários que vão desde a
temática inteligente até o Metal potente encontrado nele, mas o conjunto da
obra é o que vale. Colhendo os frutos ao lado de Gil Lopes (vocal), Allan
Pavani (baixo) e Jarlisson Jaty (bateria), os guitarristas Karim Serri e Angelo
Torquetto conversaram com o Arte Metal e falaram mais sobre o álbum e o
trabalho de uma forma geral. Com vocês: Doomsday Hymn!
“Mene
Tequel Ufarsim” é o primeiro disco completo do Doomsday Hymn, mas não é o
primeiro trabalho, afinal vocês lançaram outros formatos anteriormente. Houve
um sentimento diferente na hora de gravar este debut?
Angelo
Torquetto: Com certeza houve este sentimento! Nós estávamos
ansiosos demais na espera do resultado final do disco. Durante o tempo de
gravação comentávamos muito de como ficaria o resultado final. Durante este
processo muitas músicas foram descartadas tanto minhas, como do Karim Serri por
acharmos que o resultado final nas pré produções estavam ficando diferentes
demais. Mas quando tudo terminou a expressão de ouvir um bom disco estava
estampada no rosto de todos. 2.
E
como foi compô-lo? Vocês traçaram uma metodologia e/ou objetivo ou preferiram
deixar as coisas fluírem naturalmente?
Karim
Serri: Deixamos fluir mesmo, compusemos por volta de 17 músicas
e escolhemos as que mais tinham a ver com o que queríamos mostrar para o
público.
O
foco principal do grupo é o Thrash Metal, mas nota-se que vocês não fecham o
leque, afinal há elementos mais modernos na sonoridade de vocês e até um flerte
com o Prog Metal. Falem um pouco a respeito disso.
Karim:
Pois isso foi saindo naturalmente, não forçamos nada, nossa escola principal,
minha e do Angelo é o Thrash Metal então isso foi algo que veio naturalmente,
procuramos incorporar elementos mais modernos sim, são coisa que estamos
escutando no momento. Não pensamos em nada na hora de compor, as bases vêm, a
gente grava e monta a estrutura da música, só depois paramos para analisar se
ficou bom ou não!
Aliás,
essa versatilidade do Doomsday Hymn reflete em composições que possuem técnica,
variação rítmica e quebradas interessantes...
Karim:
Exatamente, não sei se é muita pretensão minha, mas acho que estamos no caminho
certo no sentido de criar algo novo, tentamos criar algo que fugisse um pouco dos
moldes das bandas atuais de Metalcore, que não estivesse preso ao Thrash dos
anos 80 e não soasse datado nem moderno demais.
Muitas
vezes o excesso de técnica pode tornar o trabalho maçante. Vocês conseguem
incluir técnica, mas não soam burocráticos. Qual seria o segredo disso?
Karim:
Cara, acho que é pelo fato de não ser um lance forçado, a gente não cria um
riff difícil só pra ele ser difícil, a gente cria um riff torto onde a música
pede um riff torto, cria uma base simples onde a música pede uma base simples,
as bases se encaixam naturalmente, e isso faz a música fluir mesmo quando a
coisa fica mais tensa e trabalhada, ela flui conforme a dinâmica da música se
desenvolve.
Um
dos pontos positivos do disco são os vocais de Gil Lopes que soam agressivos,
mas inteligíveis, o que é importante já que a banda aposta em letras em
português. Como foi trabalhar essas linhas vocais?
Karim:
Rapaz, isso no começo foi meio problemático, o Gil não tava curtindo muito a
ideia de fazer o lance em português não, eu e o Jarlisson que demos uma
insistida, procuramos olhar lá na frente, o que a galera tava começando a
curtir, e no final das contas acho que foi a decisão certa, até hoje não
tivemos nenhuma crítica negativa nesse sentido, nem aqui nem fora do Brasil.
Aliás, por que optaram
em cantar em português e qual a mensagem que a banda procura passar em “Mene
Tequel Ufarsim”?
Angelo: A opção em cantar
em português seguiu-se da idéia de que o Brasil tem começado a ouvir melhor as
bandas brazucas em sua própria língua. E é muito mais fácil cantarem os refrãos
nos shows sendo em português se tratando de Brasil. “Mene Tequel Ufarsim” foi
uma palavra escrita em mistério para o rei Nabucodonosor anos A/C. Na historia
Daniel interpretou o que Deus estava falando para o rei da época que foi - MENE
(teu reino acabou) TEQUEL (pesado foste na balança e achado em falta) UFARSIM
(Teu reino foi dividido, é o fim do teu reinado). O que queremos passar é que
quando nos tornamos egoístas o suficiente para não nos importarmos mais com o
próximo... a administração de nossa vida chega ao fim em, solidão, agonia e
morte. Acredito que temos um desgoverno que ainda vai passar por isso!
A
faixa título foi escolhida para virar videoclipe. Por que a escolheram e como
foi trabalhar no vídeo?
Angelo:
Nós a escolhemos porque entendemos que essa era a música certa para isso. É uma
música que é pra cima, pesada, cadenciada e essa é a letra na qual gostaríamos
de trabalhar mediante a nós homens, governos e enganadores religiosos como uma
forma de alerta. Tudo tem um basta!
A
produção geral do trabalho ficou por conta de Karim Serri. Por que optaram por
manter todo este trabalho a cargo de alguém da própria banda? O resultado foi o
esperado?
Angelo:
O Karim já havia produzido outros discos com uma ótima qualidade. Bandas como
Desertor, Seven Angels, Survive, Efrata, Stauros, Maestha, Howthorn, etc... Todos
com uma ótima produção. E mais uma vez ficamos satisfeitos com o que ouvimos.
Posso dizer que temos um bom disco em mãos.
Não
poderíamos deixar de falar da arte de “Mene Tequel Ufarsim” que é bem
expressiva. Como foi a concepção dela?
Angelo:
A concepção vem da própria música tema do disco, como descrevi ali em cima.
Quanto mais poder achamos que temos, mais egoístas nos tornamos. Administrando
nossa própria vida como se não existissem pessoas a nossa volta... Sendo assim
nos tornamos monstros em nossas posições até que morreremos em agonia em frente
ao altar que construímos para nós mesmos. Isso cabe a nossas vidas pessoais,
governantes e líderes religiosos.
Os
integrantes do Doomsday Hymn são cristãos e procuram passar mensagens positivas
que servem também de alerta em suas letras. Como vocês vêem hoje a aceitação de
tais temas, assim como a resistência às bandas similares a vocês que são
classificadas como White Metal?
Angelo:
Nós nunca nos rotulamos e temos pavor que isso aconteça. O Doomsday Hymn NÃO é
uma banda White Metal. Somos uma banda de Metal comum que sobe no palco e faz
shows, se diverte com o público sem sermões vomitados guela abaixo. Mas nunca
vamos negar que somos de fato cristãos e nossa vida é vivida desta forma. O problema
que enfrentamos é que as pessoas assimilam cristianismo com os charlatões da
TV, e heresias ditas por muitas "igrejas" por aí. Mas se as pessoas
apenas se sentarem conosco para uma boa conversa, iriam conhecer o que é o
cristianismo de verdade e não a mentirada toda. E como é mais fácil
generalizar, muitos acabam nos desrespeitando sem entender que somos apenas músicos,
fazendo o que músico faz! O bom e velho Metal!
Karim:
White Metal não mano,’ pelamor’… Somos uma banda de Heavy Metal, somos cristãos
e naturalmente as nossas letras refletem as coisas que acreditamos e vivemos,
não se trata de religião, de ideologia, de querer impor nada, todas elas falam
de situações da vida, do dia a dia, de dificuldades e de crises que todos os
seres humanos enfrentam no dia a dia, sejam budistas, cristãos, hinduístas, as
dificuldades da vida são as mesmas, em proporções diferentes, mas são as
mesmas, é disso que falamos. Quanto a resistência de outras bandas e de fãs do
estilo, só lamento, se ouvir música boa com mensagem boa é algo ruim então para
tudo, nada mais faz sentido.
Muito
obrigado. Podem deixar uma mensagem aos leitores, assim como os planos da banda
para esta segunda metade de 2015.
Angelo:
Nós é que agradecemos! A mensagem que deixo aos leitores é tentem viver uma
vida justa! Respeitando o próximo, tentando ser melhores do que esse mundo tem
nos deixado. A nossa atitude individual sempre vai gerar em nossa volta algum
tipo de impacto. Se alguém quiser ir aos nossos shows este ano estamos com mais
de 36 shows entre Brasil e países na America do Sul. Acompanhem nosso trabalho
em nossa page do Facebook e em nosso site. Teremos o prazer em ter vocês como
amigos!
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