quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Sem Textão: Armas e Sons pesados



Por Vitor Franceschini

A música em si, e nisso podemos incluir o Rock e o Heavy Metal, é praticamente igual política. Faz parte de nossas vidas e podemos incluí-la em qualquer situação ou tema, além de poder incluir nela (a música), qualquer situação ou tema, não há uma regra para isso.

No Rock, principalmente no Heavy Metal, o tema bélico sempre foi forte nas temáticas de discos, seja em letras, seja em um trabalho conceitual ou até como capas dos álbuns e decoração de palco. Guerra então nem se fala, tal tema é retratado em praticamente todos os subgêneros do estilo das mais diversas formas. Não fosse por menos, a história mostra que o mundo sempre teve guerras e até mesmo contos, fábulas e a literatura em si versam sobre a guerra.

AC/DC com seu canhão em “For Those About To Rock (We Salute You)” – canção e disco lançados em 1981, Black Sabbath e sua sirene de guerra em War Pigs, Guns ‘n’ Roses em seu próprio nome, o Black Metal do Marduk que narra diversas partes das duas grandes guerras, enfim, em meio a infindáveis referências a armas e guerra no Rock / Metal, essas são as mínimas que vêm à mente. Mas, temos que ter o bom senso de enxergar, que com raras exceções, nada soa como apologia e sim como contar fatos e/ou histórias que envolvem armas e guerras.

Dimebag Darrel foi morto em 2004 por Nathan "Nate" Gale, ex-fuzileiro naval dos EUA que provavelmente tinha porte legal de arma


Mas, porque diabos este assunto está sendo abordado? Veremos abaixo. Bom, como dito anteriormente, tudo se relaciona à música. Armas de fogo (que é o foco aqui) não são diferentes, como esclarecido acima. Mas, uma discussão que está em voga (principalmente nas redes sociais) é o fato da legalização do porte de arma no Brasil. O maior motivo disto é a violência incessante que vivemos atualmente no país.

Aí, como esta seção é opinativa (isso não significa que te odeio ou te quero como inimigo porque discordo da sua opinião), achei importante relacionar e abordar o tema. Independente de ser contra ou favor do porte de arma de fogo, estaria o Brasil preparado para assumir tal responsabilidade? Aliás, estaria o Brasil preparado pra assumir qualquer outra responsabilidade como a legalização das drogas, por exemplo?

Eu, particularmente, acredito que não. Não temos um sistema de saúde decente e educação idem, logo isso breca qualquer consenso de responsabilidade, já que não poderemos lhe dar com qualquer tipo de consequência. Por quê? As mortes causadas no Brasil estão relacionadas somente a crimes entre bandido e cidadão? Ou melhor, o porte de armas inclui somente a relação bandido x cidadão?

Não, definitivamente. Nosso país vive uma patologia social onde a violência gratuita está dentro dos lares, estádios de futebol, eventos culturais, bares, postos de gasolina, trânsito, briga entre vizinhos, confrontos por consequências de drogas lícitas ou ilícitas, que seja. Logo, o problema vigente seria a relação entre cidadão x cidadão, onde não adianta disfarçar, no calor dos fatos, não pensamos muito nas consequências de nossas ações.

Mark Chapman assassinou John Lennon com cinco tiros de revólver calibre 38 na porta do prédio onde o ex-Beatle morava em 1980 


Não vamos citar números ou dados, pois sempre que defendemos uma tese procuramos prová-las com dados, que nem sempre são verdadeiros. Mas reflita e tente lembrar o quanto você já ouviu falar de ‘cidadão de bem’ (eita expressão horrível) que obteve êxito ao se defender em um assalto matando o bandido (sim, os ‘de bem’ também possuem armas ilegais e não são poucos). Enquanto isso tente lembrar a quantidade de homicídios causados por desentendimentos cotidianos entre cidadãos comuns.

E, de certo, não há como aceitar argumentos triviais de que é o homem que mata, pois se quiser matar, mata com uma enxada, garrafa, carro, porta, pedaço de pau, lapiseira, etc... O argumento é derrubado pelo fato de se o homem mata com tais objetos, porque não se defender com eles (já que a prerrogativa para se ter arma de fogo é a defesa)? Aliás, a arma de fogo só tem uma função, matar. Ela não escreve, não te locomove, não carpe um quintal. Logo, desconfio da obsessão por ter uma arma só pra se defender.

Bom, por fim, talvez, veja bem, “TALVEZ”, a solução não seria desarmar o bandido ao invés de armar o cidadão? “Ah, mas com a política assim, foi-se nossas esperanças”, ok, mas tente votar pensando em saúde e educação que são os primeiros passos para o desarmamento. Afinal de contas, armas nos tiraram John Lennon, Dimebag Darrel, Kurt Cobain, Marvin Gaye (assassinado pelo próprio pai), Dead (Mayhem), Felix Pappalardi (Mountain, assassinado pela própria esposa), entre outros... e olha que os mencionados viviam nos chamados ‘primeiro mundo’, imagina por aqui na terra ‘de baixo’.

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*Vitor Franceschini é editor do ARTE Metal, jornalista graduado, palmeirense e headbanger, acha que título validado por pôster vale tanto quanto validado por fax. 

3 comentários:

  1. É um tema complicado, pois há países em que se tem uma cultura e educação de primeira, e as armas são liberadas, vide Suíça, em contrapartida, Japão, tb cultura e educação boas, onde as armas são proibidas, onde somente algumas equipes táticas das policiais de lá andam armadas. A questão se resume mais a cultura e educação mesmo, pois se o indivíduo tiver mesmo o animo para matar alguém, uma arma de fogo seria só o instrumento a ser utilizado, pois se matam até com pedras e paus. Agora, como uma pessoa que anda armado há quase 25 anos, acredito que não deveria ser liberado o porte para qualquer um, ainda mais no Brasil, onde não se tem o respeito pelo outro, onde cada um pensa só em si, poderia ser aumentado os casos de mortes banais, pois é, em tese, mais fácil puxar um gatilho e não pensar muito na hora, deveria ser liberado para aqueles que realmente precisam, e possuem os requisitos básicos, como o é hoje, qualquer pessoa maior de 24 anos, tendo passado por exames psicológicos, técnicos e sem antecedentes criminais podem possuir uma arma de fogo de maneira legal.

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    1. Excelente explicação, é assim que se debate e esclarece as coisas. Obrigado por prestigiar o Arte Metal, Marco Aurélio.

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  2. Concordo com vcs dois. Tenho receio da situação que o Brasil se encontra e pra onde caminhamos... porte de arma de fogo liberado é um passaporte pra isso aqui virar Faroeste, uma vez que esse país já não tem controle sobre as próprias leis, vendáveis e distorcidas na medida que a influência e poder aquisitivo entram em jogo. Os governos deixam cada vez mais claro que Educação e Saúde, definitivamente, não são suas prioridades, e acho ingenuidade demais dizerem que as gestões de partido X ou Y fracassaram, uma vez que oferecer direitos básicos não é a intenção de nenhum deles. É triste ver que nós nos degladiamos em discussões infindáveis e sem sentido sobre políticos, enquanto os mesmos só gastam com propaganda para ganhar nossos votos e alcançarem o poder.

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