Por Vitor Franceschini
A música em si, e nisso
podemos incluir o Rock e o Heavy Metal, é praticamente igual política. Faz
parte de nossas vidas e podemos incluí-la em qualquer situação ou tema, além de
poder incluir nela (a música), qualquer situação ou tema, não há uma regra para
isso.
No Rock, principalmente
no Heavy Metal, o tema bélico sempre foi forte nas temáticas de discos, seja em
letras, seja em um trabalho conceitual ou até como capas dos álbuns e decoração
de palco. Guerra então nem se fala, tal tema é retratado em praticamente todos
os subgêneros do estilo das mais diversas formas. Não fosse por menos, a
história mostra que o mundo sempre teve guerras e até mesmo contos, fábulas e a
literatura em si versam sobre a guerra.
AC/DC com seu canhão em
“For Those About To Rock (We Salute You)” – canção e disco lançados em 1981, Black
Sabbath e sua sirene de guerra em War
Pigs, Guns ‘n’ Roses em seu próprio nome, o Black Metal do Marduk que narra
diversas partes das duas grandes guerras, enfim, em meio a infindáveis referências
a armas e guerra no Rock / Metal, essas são as mínimas que vêm à mente. Mas,
temos que ter o bom senso de enxergar, que com raras exceções, nada soa como
apologia e sim como contar fatos e/ou histórias que envolvem armas e guerras.
Dimebag Darrel foi morto em 2004 por Nathan "Nate" Gale, ex-fuzileiro naval dos EUA que provavelmente tinha porte legal de arma |
Mas, porque diabos este
assunto está sendo abordado? Veremos abaixo. Bom, como dito anteriormente, tudo
se relaciona à música. Armas de fogo (que é o foco aqui) não são diferentes,
como esclarecido acima. Mas, uma discussão que está em voga (principalmente nas
redes sociais) é o fato da legalização do porte de arma no Brasil. O maior
motivo disto é a violência incessante que vivemos atualmente no país.
Aí, como esta seção é
opinativa (isso não significa que te odeio ou te quero como inimigo porque
discordo da sua opinião), achei importante relacionar e abordar o tema.
Independente de ser contra ou favor do porte de arma de fogo, estaria o Brasil
preparado para assumir tal responsabilidade? Aliás, estaria o Brasil preparado
pra assumir qualquer outra responsabilidade como a legalização das drogas, por
exemplo?
Eu, particularmente, acredito
que não. Não temos um sistema de saúde decente e educação idem, logo isso breca
qualquer consenso de responsabilidade, já que não poderemos lhe dar com
qualquer tipo de consequência. Por quê? As mortes causadas no Brasil estão
relacionadas somente a crimes entre bandido e cidadão? Ou melhor, o porte de
armas inclui somente a relação bandido x cidadão?
Não, definitivamente.
Nosso país vive uma patologia social onde a violência gratuita está dentro dos
lares, estádios de futebol, eventos culturais, bares, postos de gasolina,
trânsito, briga entre vizinhos, confrontos por consequências de drogas lícitas
ou ilícitas, que seja. Logo, o problema vigente seria a relação entre cidadão x
cidadão, onde não adianta disfarçar, no calor dos fatos, não pensamos muito nas
consequências de nossas ações.
Mark Chapman assassinou John Lennon com cinco tiros de revólver calibre 38 na porta do prédio onde o ex-Beatle morava em 1980 |
Não vamos citar números
ou dados, pois sempre que defendemos uma tese procuramos prová-las com dados,
que nem sempre são verdadeiros. Mas reflita e tente lembrar o quanto você já
ouviu falar de ‘cidadão de bem’ (eita expressão horrível) que obteve êxito ao
se defender em um assalto matando o bandido (sim, os ‘de bem’ também possuem
armas ilegais e não são poucos). Enquanto isso tente lembrar a quantidade de
homicídios causados por desentendimentos cotidianos entre cidadãos comuns.
E, de certo, não há
como aceitar argumentos triviais de que é o homem que mata, pois se quiser
matar, mata com uma enxada, garrafa, carro, porta, pedaço de pau, lapiseira,
etc... O argumento é derrubado pelo fato de se o homem mata com tais objetos,
porque não se defender com eles (já que a prerrogativa para se ter arma de fogo
é a defesa)? Aliás, a arma de fogo só tem uma função, matar. Ela não escreve,
não te locomove, não carpe um quintal. Logo, desconfio da obsessão por ter uma
arma só pra se defender.
Bom, por fim, talvez,
veja bem, “TALVEZ”, a solução não seria desarmar o bandido ao invés de armar o
cidadão? “Ah, mas com a política assim, foi-se nossas esperanças”, ok, mas
tente votar pensando em saúde e educação que são os primeiros passos para o
desarmamento. Afinal de contas, armas nos tiraram John Lennon, Dimebag Darrel,
Kurt Cobain, Marvin Gaye (assassinado pelo próprio pai), Dead (Mayhem), Felix
Pappalardi (Mountain, assassinado pela própria esposa), entre outros... e olha
que os mencionados viviam nos chamados ‘primeiro mundo’, imagina por aqui na
terra ‘de baixo’.
NÃO SERÃO PUBLICADOS COMENTÁRIOS ANÔNIMOS
*Vitor
Franceschini é editor do ARTE Metal, jornalista graduado, palmeirense e
headbanger, acha que título validado por pôster vale tanto quanto validado por
fax.
É um tema complicado, pois há países em que se tem uma cultura e educação de primeira, e as armas são liberadas, vide Suíça, em contrapartida, Japão, tb cultura e educação boas, onde as armas são proibidas, onde somente algumas equipes táticas das policiais de lá andam armadas. A questão se resume mais a cultura e educação mesmo, pois se o indivíduo tiver mesmo o animo para matar alguém, uma arma de fogo seria só o instrumento a ser utilizado, pois se matam até com pedras e paus. Agora, como uma pessoa que anda armado há quase 25 anos, acredito que não deveria ser liberado o porte para qualquer um, ainda mais no Brasil, onde não se tem o respeito pelo outro, onde cada um pensa só em si, poderia ser aumentado os casos de mortes banais, pois é, em tese, mais fácil puxar um gatilho e não pensar muito na hora, deveria ser liberado para aqueles que realmente precisam, e possuem os requisitos básicos, como o é hoje, qualquer pessoa maior de 24 anos, tendo passado por exames psicológicos, técnicos e sem antecedentes criminais podem possuir uma arma de fogo de maneira legal.
ResponderExcluirExcelente explicação, é assim que se debate e esclarece as coisas. Obrigado por prestigiar o Arte Metal, Marco Aurélio.
ExcluirConcordo com vcs dois. Tenho receio da situação que o Brasil se encontra e pra onde caminhamos... porte de arma de fogo liberado é um passaporte pra isso aqui virar Faroeste, uma vez que esse país já não tem controle sobre as próprias leis, vendáveis e distorcidas na medida que a influência e poder aquisitivo entram em jogo. Os governos deixam cada vez mais claro que Educação e Saúde, definitivamente, não são suas prioridades, e acho ingenuidade demais dizerem que as gestões de partido X ou Y fracassaram, uma vez que oferecer direitos básicos não é a intenção de nenhum deles. É triste ver que nós nos degladiamos em discussões infindáveis e sem sentido sobre políticos, enquanto os mesmos só gastam com propaganda para ganhar nossos votos e alcançarem o poder.
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