quarta-feira, 23 de maio de 2018

In Lo(u)co: SWU, caxumba e chuva

Foto: Marcos Hermes



Por Adalberto Belgamo

Mudando de século (risos), indo para o XXI, festivais, apesar de cansativos, são a “Terra do Nunca” para quem gosta de Rock, Metal e derivados! No Brasil tomaram corpo a partir da década de 90. Rock in Rio, Hollywood Rock e Monsters of Rock são alguns exemplos.

São eventos sensacionais para ver as bandas preferidas, conhecer as novas, encontrar e fazer novos amigos. Eu tento ir a todos (não em todas as edições, claro – risos), apesar do joelhinho não ser o mesmo de décadas atrás (risos). Uma das melhores experiências foi ter participado na segunda edição do SWU, a de 2011. Porém...

Imagine alguém espirrar no Canadá, o vírus atravessar as três Américas, passar na alfândega (risos), pegar um ônibus para Araraquara e se instalar (por meio de um nariz um tanto quanto robusto – risos) em uma pessoa. Imaginou? Pois bem, o hospedeiro do nariz robusto é quem vos escreve. Qualquer surto e/ou doença viral... quem é o primeiro da fila a hospedar o viajante? “Euzinho” (risos). Dizem que é uma falha genética na imunidade. No entanto, não posso reclamar. Não dá para ser “bonito” e saudável ao mesmo tempo... (risos). Brincadeirinha, lógico. Consegui a façanha de ser exótico e hospedeiro de espirros alheios (risos). Dei aulas por mais de 20 anos. Ambiente fechado com a molecada expirando e tossindo na minha cara, tive de fazer uma carteirinha de descontos em uma rede de farmácias (risos).

Um dos vírus mais bizarros, que ainda pode se hospedar, inclusive nos adultos, é o da “caxumba”. Quinze dias antes do festival recebi essa notícia maravilhosa (risos)! Em adultos, o tratamento é repouso absoluto em ambientes mais quentes por uns dez dias. Se não seguir as recomendações médicas, pode se transformar no “homem do saco”, que assusta as criancinhas na rua (risos)! Fui autorizado a ir, desde que ficasse quieto e longe do “gelado”. No dia do festival choveu o tempo todo, esfriou e tive de fazer esforço físico para lidar com o barro... e não consegui seguir à risca o mais importante: ficar quieto, enquanto as bandas tocavam! (risos). Não. Não virei o homem do saco! (risos)



Vamos aos shows!

Fui ao último dia do festival. Infelizmente, perdi os shows do Duff, BRMC, Ash, 311 e Down. Mas os que vieram a seguir, misericórdia (risos). Nem me lembrei das recomendações da doutora (muito atenciosa e bonita (risos), apesar da vergonha em conversar sobre o possível estrago no escroto, sem o repouso necessário. (risos).

A chuva não parava... Sonic Youth, uma das minhas bandas preferidas! Um dos meus guitarristas preferidos: Lee Ranaldo! Avant Jazz, Rock, Noise, Distorção, afinações diversas, peso, caos e neurose urbana! Pena que a banda estava fazendo o último show da carreira.

Primus. Sensacional! Foi tudo aquilo e mais um pouco, além do que eu conhecia dos álbuns de estúdio. Instrumental e técnica apuradas. Músicas complexas! Fica a dica para os que acham que o braço da guitarra só serve para treinar “masturbação” (risos). Outro nível musical.

Megadeth. Bom show! Mas como eu já havia visto a banda em outras ocasiões, apesar de empolgar em alguns momentos, passaram a impressão de “burocracia”. Gostei mais quando abriram para o Sabbath no Campo de Marte.

Stone Temple Pilots. Surpresa muito agradável! Show empolgante! Uma aula de Hard & Heavy.  Além de cantar e interpretar as canções com maestria, a presença de palco do “finado” Scott Weiland (RIP), apresentou um dos melhores performances que vi ao vivo. O show só serviu para confirmar a grandeza dos álbuns em estúdio!

Alice in Chains. Maravilhoso! Sensacional! Sou suspeito em falar sobre a banda. Uma das minhas preferidas! O Jerry Cantrell é um dos melhores guitarristas “econômicos” (notas, riffs e harmonias perfeitamente equilibradas em prol da arte!). Um gênio! Fui ao Hollywood Rock, na primeira passagem da banda pelo Brasil. Deu certa ansiedade em ver (e querendo ou não, comparar...) o Duvall. A música do AIC sempre foi densa e pesada. Combinava perfeitamente com o vocal do inesquecível Layne e as “dobras vocais” com o Jerry. Apesar de ter um estilo diferente, o Duvall provou ter sido a escolha correta para banda.  A impressão passada é que o clima do show ficou um pouco mais leve, menos denso. Mas sem perder o peso e a genialidade! Estarão de volta com o Judas em outubro. Bora ver pessoal!

Faith No More. Os caras simplesmente criaram um estilo nos anos 80. A miscelânea musical, que fazem, influencia até hoje as bandas que procuram caminhos não ortodoxos para a elaboração e criação da arte, da forma mais pura e, acima de tudo, com liberdade, sem se importar com rótulos! Show inesquecível!

Depois do baque (positivo!), só restou enfrentar o barro para sair do Parque Brasil (local do festival), encontrar os amigos (em especial, os que tivessem um “cigarrinho genérico”... e vício maledeto! risos), encontrar a van, parar em um posto, comer e voltar para Texascoara. Detalhe: a chuva parou, logo que os shows terminaram! “Pacabá”! (risos). Ah, e a caxumba não deixou sequelas... (risos) Inté... é noise!

Adalberto Belgamo é professor, atuando no museu (sem ser peça... ainda - risos), colaborador do Arte Metal, além de ser Parmerista, devorador de música boa, livros, filmes e seriados. Um verdadeiro anarquista fanfarrão.

2 comentários:

  1. Muito bom, Adalba!!!!! Infelizmente esses festivais estão morrendo! Pelo menos no cenário do underground, são cada vez menos as iniciativas. Vc pegou uma época frutífera nesse cenário, a indústria cultural, entretanto, inviabiliza ano a ano pegadas como essa pois a lucratividade é o centro, não mais a pureza ou qualidade daquilo que é produzido. Por isso até festivais como Rock´Rio, ou mesmo João Rock, aqui pertinho, investem em programações que associam o underground ao global (das organizações globo), do contrário não se paga. Ser "tiozinho" tem sim suas vantagens, minha geração yakult e nutella, que vem depois, já não tem mais essas oportunidades. Um salve ao Araraquara Rock que ainda pode manter acesa a chama do "lado B". Obs: comento só a cena musical, as partes que falam da sua saúde vou deixar p comentar daqui uns 20 anos. hahahaha

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