Por Vitor Franceschini
O jornalismo vive uma
crise acadêmica (assim diríamos) desde 2009 quando o Superior Tribunal de
Justiça (sim, eles) derrubou a regulamentação do diploma da graduação tendo
como relator do processo Gilmar Mendes (sim, ele mesmo) – confira a notícia no link.
De lá pra cá, a
profissão, que não deixou de ser uma graduação que compete um diploma (tente
entrar nas grandes empresas de comunicação sem um), começou a declinar e
mostrar níveis de qualidade duvidosa, afinal para muitos o jornalismo consiste
em escrever, falar e/ou atuar.
Não bastasse essa
desregulamentação do diploma, a internet veio com força total e acabou
conturbando mais ainda sobre qual a verdadeira função do jornalismo, afinal deu
acesso não só à informação, mas também permitiu produzi-la a esmo, sem
qualidade, credibilidade e/ou conhecimento mínimo da teoria da comunicação.
Enfim, banalizaram de vez o jornalismo, principalmente com as redes sociais.
Isso sem contar quando
confundem a função de informar com a de comentar, muitas vezes taxando como
jornalistas comentaristas e articulistas (ou cronistas) esportivos, de cultura,
história, etc, que na verdade são especialistas comentando suas especialidades.
Exemplo, ex-jogadores, atores, músicos, enfim... No Metal, por exemplo, a gama
de comunicadores não inclui somente jornalistas, há muitos especialistas (até
pelo fanatismo e fidelidade do estilo, mas a necessidade de transmitir a
informação de forma correta (notícias e entrevistas) deveria necessitar do tal.
Pois bem. O que temos
visto é um público confuso e produtores de informação achando que tudo que se
lê e se faz na internet é jornalismo. Engano total. Um comunicador social não é
apenas aquele que tem o dom de escrever, uma voz bela ou saber atuar perante uma
câmera. O jornalista graduado passa por estudos teóricos bem mais complexos,
que vão desde a história da profissão, passando pela teoria da comunicação,
gramática, psicologia da informação, metodologias, estudos sociais e outros que
englobam praticamente tudo ao que se refere às ciências humanas, principalmente
quando envolve especializações.
Por isso, a qualidade da
informação muito se difere. Há toda uma forma de apuração, abordagem e técnica
de escrita ao produzir uma informação jornalística, que não é uma opinião do
interesse do público e sim uma informação de interesse público. Parar em frente
a uma câmera, pegar um microfone ou sentar diante de um teclado e emitir uma
opinião e/ou passar uma informação baseada no achismo, qualquer um faz, em
qualquer lugar (um bar por exemplo), e jornalismo não consiste nisso. Fazer
jornalismo é passar informação com credibilidade, clareza e que contribua com a
sociedade.
Portanto, sem desmerecer
o talento de ninguém, youtuber, blogueiros e afins não são jornalistas (ao menos
em primeira instância) e quando você optar por uma faculdade de comunicação
social, não confunda sua suposta futura profissão com isso. Já você que apenas
absorve as informações, cuidado, muitas vezes é pagar de idiota acreditar em
qualquer um que grave um vídeo, áudio ou escreva um texto, pois opiniões todos
temos, mas informação de qualidade é uma questão de escolha e temos à
disposição praticamente grátis.
*Vitor
Franceschini é editor do ARTE Metal, palmeirense e headbanger que ama música em
geral, principalmente a boa. É jornalista graduado, depois blogueiro e já foi
youtuber.
Nenhum comentário:
Postar um comentário