quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Sem Textão: Vocês precisam de artistas sim




Por Vitor Franceschini

Arte: Kudryashka


Ok, a arte nunca foi algo consumido diretamente pelo brasileiro. Isto é, nosso povo nunca foi um sedento por arte e sempre a apreciou de forma indireta, aleatória. E quando falo de arte, falo de forma geral. Cinema (dramaturgia como séries, novelas e teatro), música e artes plásticas, enfim...

Nunca fomos um povo que apreciasse isso em massa e a prova foi apresentada há alguns anos, mais precisamente em 2014, quando foi informado que 42% dos brasileiros não praticam atividades culturais com frequência. O dado faz parte do relatório "Panorama Setorial da Cultura Brasileira", segunda edição do projeto idealizado pela pesquisadora Gisele Jordão, professora da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing).

Isso fica nítido apenas se falarmos sobre o assunto. O Heavy Metal, como arte, possui um público fiel, que consome, mas mesmo assim insiste no ‘mainstream’. Isso não é problema nenhum, mas nessa nossa mania de achar que tudo é oito ou oitenta, muitas vezes esquecemos que há muita coisa boa sendo produzida e apresentada no underground a preços muito mais justos e até de graça.

Mas, voltemos lá acima e entenderemos porque consumimos arte indiretamente. Simplesmente porque a arte está em praticamente tudo e talvez só seja menos essencial que ar e água em nossas vidas (ok, exagerei, mas é quase isso). Aonde você olha, tem arte. Um prédio tem na sua decoração arte, uma igreja tem arte, o som que você ouve no carro tem arte, a propaganda que você vê na TV no intervalo da novela ou filme é pura arte (tudo, aliás), o tênis que você usa foi desenhado, é arte.

O jogo que você joga no celular é arte, a capa do disco da banda que você gosta é arte. Tudo praticamente envolve arte, até num ditado tradicional que temos no Brasil, prova que o brasileiro me si ‘é um artista, tem que rebolar muito pra viver’.

É triste que não consumamos arte e cultura como deveríamos, diretamente, fomentando, sustentando o setor e dando apoio. Ainda mais se pensarmos pelo lado que temos um talento ímpar para arte, nítido em qualquer brasileiro e que a arte abre mentes expandindo horizontes para que pensemos melhor sobre uma situação tão crítica que vivemos atualmente.
Tanto que hoje em dia, estamos vendo ataques reais a artistas e a arte não só os tornando vilões, mas como a rebaixando, como se fosse algo inútil. Nítido resultado de um país onde a educação nunca foi prioridade, por consequência a arte e a cultura. E não adianta culpar somente o governo, a origem de tudo provem de seu povo e sabemos que o forte do brasileiro não é pensar. No mais, não escrevo este texto para julgar ninguém, mas simplesmente para tentar levar a uma reflexão, porque até mesmo um ‘meme’ que você posta pra dizer que ‘não precisa de artista’, é uma arte.

*Vitor Franceschini é editor do ARTE Metal, jornalista graduado, palmeirense e headbanger. É mais um brasileiro que tem que rebolar pra sobreviver.

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