Por Vitor Franceschini
Arte: Kudryashka
Ok, a arte nunca foi algo
consumido diretamente pelo brasileiro. Isto é, nosso povo nunca foi um sedento
por arte e sempre a apreciou de forma indireta, aleatória. E quando falo de
arte, falo de forma geral. Cinema (dramaturgia como séries, novelas e teatro),
música e artes plásticas, enfim...
Nunca fomos um povo que
apreciasse isso em massa e a prova foi apresentada há alguns anos, mais
precisamente em 2014, quando foi informado que 42% dos brasileiros não praticam
atividades culturais com frequência. O dado faz parte do relatório
"Panorama Setorial da Cultura Brasileira", segunda edição do projeto
idealizado pela pesquisadora Gisele Jordão, professora da ESPM (Escola Superior
de Propaganda e Marketing).
Isso fica nítido apenas
se falarmos sobre o assunto. O Heavy Metal, como arte, possui um público fiel,
que consome, mas mesmo assim insiste no ‘mainstream’. Isso não é problema
nenhum, mas nessa nossa mania de achar que tudo é oito ou oitenta, muitas vezes
esquecemos que há muita coisa boa sendo produzida e apresentada no underground
a preços muito mais justos e até de graça.
Mas, voltemos lá acima e
entenderemos porque consumimos arte indiretamente. Simplesmente porque a arte
está em praticamente tudo e talvez só seja menos essencial que ar e água em
nossas vidas (ok, exagerei, mas é quase isso). Aonde você olha, tem arte. Um
prédio tem na sua decoração arte, uma igreja tem arte, o som que você ouve no
carro tem arte, a propaganda que você vê na TV no intervalo da novela ou filme
é pura arte (tudo, aliás), o tênis que você usa foi desenhado, é arte.
O jogo que você joga no
celular é arte, a capa do disco da banda que você gosta é arte. Tudo
praticamente envolve arte, até num ditado tradicional que temos no Brasil,
prova que o brasileiro me si ‘é um artista, tem que rebolar muito pra viver’.
É triste que não
consumamos arte e cultura como deveríamos, diretamente, fomentando, sustentando
o setor e dando apoio. Ainda mais se pensarmos pelo lado que temos um talento
ímpar para arte, nítido em qualquer brasileiro e que a arte abre mentes
expandindo horizontes para que pensemos melhor sobre uma situação tão crítica
que vivemos atualmente.
Tanto que hoje em dia,
estamos vendo ataques reais a artistas e a arte não só os tornando vilões, mas
como a rebaixando, como se fosse algo inútil. Nítido resultado de um país onde
a educação nunca foi prioridade, por consequência a arte e a cultura. E não
adianta culpar somente o governo, a origem de tudo provem de seu povo e sabemos
que o forte do brasileiro não é pensar. No mais, não escrevo este texto para
julgar ninguém, mas simplesmente para tentar levar a uma reflexão, porque até
mesmo um ‘meme’ que você posta pra dizer que ‘não precisa de artista’, é uma
arte.
*Vitor Franceschini é editor do ARTE Metal, jornalista graduado,
palmeirense e headbanger. É mais um brasileiro que tem que rebolar pra
sobreviver.
Nenhum comentário:
Postar um comentário