Por Vitor Franceschini
O Carniça é mais um
grande representante do Metal extremo gaúcho. Oriunda de Novo Hamburgo/RS, a
banda não gosta de se utilizar de rótulos, mas propõe desde 1991 (com um hiato
de quatro anos entre 2004 e 2008) uma mescla de Thrash e Death Metal com muita
influência do Metal tradicional. Divulgando seu quarto disco, que é
autointitulado, o quarteto formado Mauriano Lustosa (vocal), Parahim Neto
(guitarra), Vinicius Durli (baixo) e Marlo Lustosa (bateria) alça ainda voos
mais altos em 2019. Confira os detalhes na entrevista abaixo.
Vocês
devem ter respondido isso muitas vezes, mas por que resolveram lançar um álbum
autointitulado somente agora no quarto registro completo?
Mauriano
Lustosa: Acho que tem muito a ver com o clima do disco. Apesar de mantermos fiéis ao nosso estilo, o
álbum tem uma sonoridade bem calcada no Heavy Metal tradicional. É tipo uma
volta para aqueles tempos em que as bandas lançavam álbuns auto intitulados....
E
como foi compor o álbum após cinco anos sem lançar nenhum trabalho inédito? O
fato de carregar o nome da banda em dobro no disco gerou maior pressão?
Mauriano: Muitas
bandas se preocupam em lançar disco por lançar... tipo um a cada ano. Nós temos
nosso tempo e quando decidimos que a hora chegou, vamos lá e fazemos. Além do
mais, vivemos em um país que não valoriza a compra de discos das bandas
underground. Existe uma série de fatores para não lançarmos álbuns a cada ano,
e as duas razões citadas são as mais relevantes. Sempre é uma responsabilidade
enorme quando lançamos algo, pois temos a preocupação de sermos os mais
profissionais possíveis. Temos cuidado para dar aos nossos ouvintes um trabalho
de qualidade.
Quais
os destaques e principais características de “Carniça”, além de seu principal
diferencial perante os trabalhos anteriores?
Mauriano:
“Carniça” é um álbum caprichado nas melodias e arranjos. Temos composições que
já se tornaram bem conhecidas com a galera. Além disso, temos dois temas
cantados em português, fato até então
inédito nos 27 anos da banda
Na
sonoridade do disco, é interessante notar que a banda fica entre o ‘old school’
e o atemporal, ou seja, mantém um equilíbrio. Como vocês trabalham isso?
Mauriano: Sabe,
esta é uma característica do processo evolutivo e de como criamos as coisas na
banda. Também é oriundo das influências musicais de todos nós membros da
Carniça. Quando se pega uma mistura
bacana de influências e se coloca personalidade no som, acho que sai esta
fórmula.
Outro
equilíbrio latente fica entre o Thrash Metal das bases de guitarra e a brutalidade
que coloca a banda com um pé no Death Metal. Esses dois estilos definem a
sonoridade de “Carniça”?
Mauriano: Eu
acrescentaria ainda o Heavy Metal tradicional, pois sempre nos intitulamos uma
banda de Heavy Rotten Metal. Eu pessoalmente não curto este lance de subgêneros. Acho que esta rotulação acaba por desunir
ainda mais o movimento. Mas sim, temos o Thrash, Death e Heavy em nosso som.
Revolução Farroupilha e Carniça foram as músicas mais trabalhadas e lançadas como singles.
Por que a escolha dessas faixas e o que elas representam?
Mauriano:
Seria tipo um tapa na cara! Estas músicas em português retratam bem quem é e
como pensa a Carniça. Fica explícito,
impossível de não entender quem somos.
Aliás,
Carniça ganhou um lyric vídeo baseado
na HQ “Lobo Solitário”, criada nos anos 80 por Kazuo Koike e Goseki Kojima. No
lyric vídeo a arte ficou por conta do artista Eduardo Monteiro, com animação do
produtor Ernani Savaris. Como foi trabalhar nisso, por que a escolha da HQ e
como foi o trabalho com os artistas? Vocês os orientaram, trabalharam em
conjunto, enfim...
Mauriano:
Exato,
a ideia partiu do Marlo Lustosa que é fã dos quadrinhos e do Parahim Neto a escolha
de um lyric e não videoclipe com a banda. O Monteiro conseguiu captar no traço
dos quadrinhos toda a mensagem das letras de “Carniça” e por indicação do
Vinicius Durli, o Ernani Savaris conseguiu dar a animação adequada.
“Carniça”
também conta com um cover de Midnight
Queen, do Sarcófago. Por que a escolheram e como foi gravá-la?
Mauriano: Tocamos
Midnight Queen desde o lançamento do “Laws
of Scoruge” (álbum do Sarcófago lançado em 1991. Em todos os nossos trabalhos
colocamos um cover como forma de homenagear e lembrar de onde viemos. Midnight...
ficou a cara do disco, e foi muito legal ter o Fabio Jhasko, guitarrista do Sarcófago na época, participando.
Também temos os teclados de Augusto Haack (produtor) e os ‘backings’ de
Flávio Soares do Leviaethan
O
disco foi lançado em 2017, ou seja, há mais de um ano. Como a banda o vê
atualmente?
Mauriano: Atualíssimo
e ainda na estrada divulgando-o.
E
qual foi a repercussão de “Carniça”, tanto por parte da crítica, quanto por
parte do público, aqui e no exterior?
Mauriano: O
álbum foi considerado por inúmeros canais da mídia como um dos melhores
lançamentos de 2017. Nossos integrantes constaram na lista dos melhores do ano,
das 2.000 cópias prensadas, em torno de 1.400 já foram vendidas. Apresentamos o
álbum na Argentina e como de costume, tocamos com o Pestilence, fomos muito bem
recebidos. Santa Catarina nos abriu
diversas portas após o IV Rock In Hell do Campo. Enfim, acho que está valendo a
pena!!!
2019
já é realidade para a banda, já que irão se apresentar no Otacílio Rock
Festival em fevereiro, ao lado de nomes como Whiplash e Genocídio, entre
diversas bandas do cenário nacional. Como estão se preparando?
Mauriano: Já
estamos preparando um set list especial para o OTA e estamos com muito tesão
para estar lá. Santa Catarina é muito
organizada em relação aos festivais e os seus produtores são profissionais do
mais alto calibre
E,
em termos de lançamento, o que o Carniça pode nos adiantar para 2019?
Mauriano:
Ahhhhh... Temos uma baita surpresa que está vindo!!! Participaremos de um
projeto internacional, que certamente levará nosso som para várias partes do
mundo. Aguardem!!!
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