Por Vitor Franceschini
Quem me conhece aí pelo
cenário da música underground sabe que não tenho uma relação muito afetiva com
o álbum “Metallica” (1991) da banda homônima, também conhecido como “Black
Album”. Isso ficou exposto após eu declarar isso no meu antigo webprograma Arte Extrema,
onde frequentemente, eu e o meu ‘parça, Chris Koda, que apresentava o programa comigo,
malhávamos o disco.
Isso começou do nada.
Certa vez, assistindo o Metallica ao vivo no Rock In Rio de 2013, eu e o Koda
conversávamos pela rede social comentando o show. Até que veio a hora de Sad But True, um dos hits de “Metallica”.
Nisso eu comentei: “Nossa agora vem essa música chatíssima”. Eis que o Koda me
questiona se eu também não curtia o disco e foi batata, começamos a malhar o
mesmo. Depois, surgiu a ideia de pegar pesado com o álbum e continuamos essa
rotina várias vezes no programa.
O que é fato.
Primeiramente “Metallica” não é um disco ruim, é um disco do qual não gosto.
Aprendi muito a diferenciar isso. E se alcançou tal status, provavelmente a
exceção é meu gosto (ou seria mal gosto? risos). Mas eu explico. Eu amo as duas
baladas do disco: The Unforgiven e Nothing Else Matters, sim, sou ‘baladeiro’.
Também gosto de Enter Sandman, mas já
estou de saco cheio.
Porém, no caso de Sad But True o ódio é real. Uma música
chata, com um riff chato, e uma levada extremamente enjoativa. Sem contar que,
em “Metallica”, James Hetfield ‘aprendeu a cantar’ e passou a usar um “yeahh”
todo melodioso que me irrita de imediato. O curioso é o quanto essa música me
persegue, pois consigo assimila-la até em fones de ouvidos de quem está perto
de mim, e, incrivelmente andando em um ônibus coletivo em Montevideo, Uruguai,
o motorista (lá eles trabalham bem à vontade) estava ouvindo o disco e nesta
música! Que sina.
O disco também me parece
planejado demais, e acredito que compor de forma planejada pode ser um tiro no
pé, perde o ‘feeling’ e naturalidade, e isso falta muito no álbum. Observe,
compor é diferente de gravar, e gravar com planejamento é bom, no entanto outra
coisa.
Por fim, acho “Metallica”
um disco sem sal, que nunca consegui ouvir inteiro e bem chato. Para quererem
me matar de vez, prefiro mil vezes “Load”, seu sucessor de 1996, que foge e
muito das características Thrash da banda (o “Black Album” também passa longe),
traz nuances de Hard Rock e até pop, mas é extremamente honesto. Outro disco
forçado do Metallica que entra neste hall é “Death Magnetic” (2008), o ‘retorno’
às origens mais ‘me engana que eu gosto’ que eu já vi (ouvi). O mais incrível
de tudo. Junto com a estampa de “The Trooper” (single de 1983), do Iron Maiden,
as quatro faces sombreadas da contracapa de “Metallica” foram as minhas duas
primeiras camisas de Rock na vida. É de arrepiar, não?
*Vitor
Franceschini é editor do ARTE METAL, jornalista graduado, palmeirense e
headbanger que ama música em geral, principalmente a boa. Aliás, nem todas as músicas boas.
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