Por Adalberto Belgamo
Arte por Shorthistoryofstuff.com
Quem vos escreve consome
música conscientemente desde “piquititico”. Lembro-me das “domingueiras”, que
os meus irmãos mais velhos faziam na área da minha casa. Não sabia nem escrever
o meu nome ainda, mas Beatles, Creedence Clearwater Revival, Elton John, Disco
e o fino do “brega”, sem falar no “look hippie tamancão holandês” encharcado de
cubas e hi-fis (risos) me fisgaram para a eternidade. O som, que saia de uma
sonatina pegava de jeito, mesmo “ouvindo de esgueio” pela porta da sala.
Enfim, a música se tornou
um vício e está presente nos melhores e piores momentos da minha vida.
Mas qual o formato,
físico ou virtual?
Tanto faz! Importante é consumir diariamente arte/cultura
em qualquer formato. Na década de 80, quando comecei efetivamente a formar o
meu gosto musical (sempre com a mente aberta!), não havia revistas ou programas
de TV especializados. Conhecer novas bandas e artistas era no boca a boca ou no
“zoreia a zoreia” (risos).
Era uma luta conseguir
material novo para consumir. Contávamos com alguém “joinha” - pois já havia os
malas que se achavam e não passavam som a ninguém - para conhecer bandas ou
estilos novos. Felizmente, sempre aparecia alguém que gravava umas fitinhas, as
quais depois de algum tempo reproduziam mais chiados que música.
Tempos difíceis. Poucos
lançamentos e grana curta (ou nenhuma) para compra-los, exceção aos
“paitrocinados” (a grande maioria dos que não passavam som - risos). No meu
caso, por gostar de vários estilos, o “corre” para se atualizar era louco,
principalmente por eu ter certa predileção pelo underground/alternativo.
Ficar em casa na sexta à noite,
esperando o programa de Rock de alguma rádio para gravar algumas músicas
(torcendo para o lazarento do apresentador não falar no meio do som - risos) em
um gravadorzinho Phillips, era para os
fortes e maníacos mesmo! (risos)
E o porquê do senta que
lá vem história?
Estamos no século XXI,
precisamente me 2019, e agora temos (ou foi assimilada) a geração “Ain...”
(risos). Funciona mais ou menos assim. (nome de bandas e artistas são
fictícios... ou não. Risos)
“Mano, ouvi o trabalho
novo do Satanás Só No Sapatinho em 3D no “ispótifai”. Bom demais!”
Ain... streaming não dá.
Tem de ser vinil de ½ quilo feito na Patagônia.”
“Cara, conheci o trampo
do Jorge Rogério e os Thundercats da Zona Norte no YouTuba.
Ain... tenho a coleção
toda dele. Tenho 27 versões dos mesmos álbuns. Todos tem 77 bônus tracks
tocados ao contrário. Na tela não dá para sacar as nuances...”
“Véio, baixei o CD novo
dos Cavaleiros do Apocalipse na Terra do Forró do Molha-coxa. Tá do ‘carvalho’!
Ain... “emepetreis” não
dá. Só tem médio. Encomendei uma versal em vinil. A capa é feita com casca de
ovo de ornitorrinco sagrado da Amazônia...”
NÃO “SEJE” O AIN! De boa,
é muita chatice.
A MP3, por exemplo,
democratizou a música. Claro que há a questão de renda para os artistas (as
gravadoras nunca perdem, assim como bancos, rentistas, investidores tubarões e
o sistema financeiro...), mas ao mesmo tempo expandiu a arte musical para
todos. Outra conversa.
A renda média do
brasileiro, infelizmente, na maioria das vezes, não oferece condições para o
consumo de arte em geral. Devemos, então, excluir as pessoas do conhecimento?
Nunca! Uma coisa é gastar um cascaio com CDs, DVDs, vinis, livros e ingressos
para shows, desde que não falte comida na mesa ou eletricidade (risos) para
usufruir das “compras”.
Euzinho, algumas vezes,
deixo de sair de casa, viajar, comer um X-tudão e/ou uma coxinha delicinha
(risos) e tomar umas para comprar CDs e afins. Mas é uma opção pessoal e,
apesar da minha renda de professor (agora dinossauro no museu - risos), faço
sacrifícios - inclusive humanos (risos) - para ter o prazer de ouvir, ler ou
ver filmes, seriados e shows. Arte é arte. Não importa o formato. Quem tem para
gastar no formato físico, ótimo! Quem não tem, procure sempre alternativas para
não ficar para trás!
Inté, que eu vou fazer
uma pizza de sardinha! “Ain...eu prefiro de atum marinado no azeite de bambu do
urso panda da região norte da China com especiarias não seculares...” (risos)
*Adalberto Belgamo é
professor, atuando no museu (sem ser peça... ainda - risos), colaborador do
Arte Metal, além de ser Parmerista, devorador de música boa, livros, filmes e
seriados. Um verdadeiro anarquista fanfarrão.
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