Desta vez fizemos um
InteraBanger diferente. Sem abordar um disco ou cast, show, enfim... Resolvemos
pautar algo polêmico, como os cancelamentos de shows no país. Sempre houve, ok.
Aliás, houve um tempo em que a gente nem era rota de shows de bandas ‘médias’,
somente de shows grandes e quase nulo de shows undergrounds internacionais.
Hoje, com o advento da internet, temos notícias quase que imediatas de
cancelamentos de shows, versões estranhas de todos os lados (banda e produtores),
além de um debate polarizado incansável dos internautas fãs de Rock/Metal.
Recentemente os mais polêmicos foram os do Dead Kennedys (polêmica com um
cartaz político desenvolvido, segundo a banda, sem o aval deles), Eluveitie
(cancelamento no meio da tour brasileira por motivos de falta de pagamento), Michaele
Graves (ex-Misfits que saiu fugido pelas portas dos fundos do hotel, alegando
falta de profissionalismo da produção local) e o mais ‘fresquinho de todos’, do
Abbath (que apareceu embriagado em vídeo na Argentina. Segundo notícias de
sites especializados, brigou com o guitarrista de sua banda e surtou). Todos
com seus motivos ‘estranhos’. Bom, sobre o assunto, vamos ver o que músicos,
jornalistas e fãs da música pesada pensam sobre isso. Basicamente foi
perguntado: quais os principais motivos de cancelamentos na América Latina,
principalmente no Brasil? As bandas não nos tratam com respeito? A produção
local? Ou ambos os fatores?
“No geral é uma faca de
dois gumes e difícil saber quem está certo até analisar bem a situação de ambos
os lados (músicos, produtores entre outros).” (Fernando Faria Maciel, leitor –
Paracatu/MG)
“Há uma via de negócio
sendo malfeita entre produtora + artista. Questão de contrato e deslocamento é
uma situação, pois o Brasil é diferente atualmente de todos os outros países
pela banda ter que viajar mais intensamente de cidade em cidade, o que exausta
bastante a banda, e sendo assim, o medo delas de tocarem em um lugar vazio
mesmo tendo seu cachê garantido desanima. Outro fator é a questão dos fãs,
qualquer ato da banda em cima do palco relacionado a política divide as
opiniões, e as críticas negativas são as que mais prejudicam a banda pelas suas
atitudes, até por ser a manchete que mais dá retorno à mídia. Outra via é os
preços. Cada vez mais caro o valor dos ingressos para o fã assistir ao show.
Está um absurdo pagar os valores de ingresso inteiro, salvo exceções que cobrem
o preço justo, mas shows de bandas de renome tem sido um desrespeito total,
ainda mais perante a situação econômica populacional. Enfim, produtoras que nem
sabem falar a língua da banda agenciam shows, os artistas pedindo itens da sua
cultura em nosso solo brasileiro e causando atritos, estrada pesada e preços
cruéis com certeza fazem o vórtex de cada vez mais estarmos afastados das
visitas da cena de fora.” (Wendell Pivetta, Metal Etílico - https://www.facebook.com/metaletilico/)
“Abbath eu achei falta de
profissionalismo. Sim, o cara tem problemas com álcool ou drogas sei lá. Treta
com guitarrista. A tour passou por várias cidades dos EUA, México, etc, para
cancelar os shows na South America Death. Chegaram ao Chile, produtor achou
melhor não ter o som por questão de segurança do público e da própria banda.
Acho que o músico ficou puto, começou a beber... Aí já temos o resultado na
Argentina e os cancelamentos no Brasil. Triste.” (Heraldo Becaro, leitor –
Suzano/SP)
“Diferente de uma tour
americana ou europeia onde a banda viaja de tourbus e vai dormindo mais
tranquila, uma tour na América Latina é muito mais cansativa. Voos
internacionais todos os dias, pouco tempo pra dormir, comida exótica pra
maioria deles, o que geralmente gera febre e diarreia, fora a quantidade de
cerveja e outras coisas. Acredito que isso é algo que complica demais. Os
produtores, todos que conheço atendem muito bem a expectativa dos artistas.”
(Jairo Vaz, Chaos Synopsis - https://www.facebook.com/chaossynopsis/)
“Assim, acredito que há
uma certa prepotência quando se trata de tour na América Latina... Às vezes a
galera chega totalmente despreparada tanto com o clima, com a comida e nem
sempre são receptivos com esses pontos mais "culturais". É complicado
e entendo que cada caso é um caso, mas o do Michaele Graves foi de longe o mais
pilantra nesses últimos tempos. Ele sabia sim da quantidade de shows marcados e
apenas não quis dar sequência. Falta de compromisso total.” (Ärthuälisson
Benvindo de Jesus, UTU - https://www.facebook.com/utublackmetal/)
“Recentemente, mano? Não
me conformo até hoje com o cancelamento de Voodoo Glow Skulls quase 20 anos atrás,
e Jello Biafra há quase 10.” (Marcus Vinícius, leitor)
“Aqui já teve até caso do
Napalm Death ser roubado, ficar sem cachê e largarem os caras na rua!” (Rodolfo
Carrega, Clawn - https://www.facebook.com/Clawn.death/)
“Culpado primeiramente a
organização de não ter estrutura para cumprir a demanda, depois é a banda de
não procurar saber onde está se metendo, fazer os fãs de idiotas, a partir do
momento que fez um fã comprar ingresso, dane -se, cumpra seu compromisso. Ambos
são culpados, um não exime o outro.” (Patricia Pereira, leitora – São Paulo/SP)
“Depende de cada caso. Do
Abbath foi culpa dele, bebedeiras, brigas com integrante da banda, pelo que li.
Já houve casos de problemas com as produtoras, como por exemplo o MOA, anos
atrás e outros shows que já foram cancelados por falta de estrutura das
empresas que contratam as bandas ou até má fé dessas produtoras. Mas, também há
problemas com as bandas, algumas vem ao Brasil querendo uma produção que se
você for pegar pra ver shows dessas bandas em outros países, eles tocam em
lugares que não chegam nem perto das casas brasileiras. Porém, existem casas
brasileiras que as produtoras colocam essas bandas pra tocar que é um absurdo,
sem estrutura, que até uma banda que está começando não mereceria tocar, sem
desmerecer bandas iniciantes. Por fim, o público! Esse ano fui a shows do
underground que quase não tinha público. Já fui a show que tinha 10, 15 pessoas
assistindo à banda. Um evento com Torture Squad, Nervosa e Korzus no Carioca,
com só metade da casa cheia. Enquanto isso você vê shows de bandas covers
lotados, sendo que shows de bandas autorais você vai pagar uns 20 contos e já
vi show do Children Of the Beast, cover do Maiden por 50 reais, o cover oficial
do Rammstein, todas as vezes que os vi não paguei menos que 25/30 reais e está
sempre lotado. Até onde sei, por exemplo, em Limeira o show do Abbath não
vendeu muito ingresso, nem em São Paulo, inclusive a produtora baixou o preço
de 120 pra 60 reais. Então não existe um só culpado, mas vários fatores e
vários culpados, depende de cada caso!” (Alan de Castro, leitor – São Paulo/SP)
“Cada caso é um caso né,
sempre tem a versão dos promoters e a dos músicos, cabe procurar se informar em
fontes confiáveis ouvir mais de uma versão pra ter uma opinião formada. Os dois
casos podem acontecer (artista gringo não ter respeito pela cena brasileira e,
às vezes, há despreparo por parte dos organizadores).” (Hermano Melo, leitor –
Jataí/GO)
“Eu. como sul-americano,
acho que eles só estavam com o cu na mão porque os som deles são foda, mas
nosso som também é foda e ‘nós é foda’, falou? Mão só o som!!!” (Leandro Pedro,
leitor – São Paulo/SP)
“Metaleiro não tem grana
pra bancar o rolê todo. Produção tem que pagar a banda até 10 dias antes. Não
vendeu ingresso, cancela. Não adianta ENTUXAR de show.” (Carlos Krug, leitor –
São José dos Campos/SP)
“Teorias da conspiração?
Todos tocam aqui, de U2 a Metallica. Ainda outros dinossauros clássicos. Iron
Maden, etc. Nada errado com Brasil ou nossa capacidade técnica de suporte, nem
mesmo grana é problema aqui no caso de shows... aja visto o preço que cobram e
a gente paga.” (Flávio Soares, leitor)
“Acho que tem bandas que
vem fechando datas, como se ainda fosse gurizões. A voz já não aguenta mais,
deve bater o arrependimento quando vê que é muito trabalhoso cumprir todas a
datas e claro, temos muitos produtores amadores que muitas vezes não cumprem
com o combinado com os caras. É, são vários fatores.” (Maykon Kjellin, O
Subsolo - http://www.osubsolo.com/)
“Muito complicado.
Organizar evento pequeno já dá dor de cabeça, de médio e grande porte então,
nem faço ideia. Imagina você se desdobrar pra organizar e o headliner não
aparece, ou aparece e não se apresenta, cancela na véspera, etc. No caso
específico do Abbath vi muita gente passando pano pro cara. Eu sou fã, mas se
foi bebedeira e/ou falta de profissionalismo, foi uma puta falta de respeito
com os fãs e produtores...” (Flávio Diniz, Morticínio Produções - http://morticinio.blogspot.com/)
“Acho que precisa ver
caso a caso. Tankard e Overkill rolou há um tempo, foi tranquilo e tudo deu
certo. Michale Graves saiu correndo do país, Abbath deu vexame na Argentina e
sabotou a própria banda.” (Felipe Silva, músico – São Paulo/SP)
“Mano, acho que tem de
tudo. Tanto artista diva ‘mutcholoco’, quanto organizador megalomaníaco que
mete os pés pelas mãos. Mas acho que o fator mais determinante é nosso cenário
econômico. Todo tipo de estrutura que uma produção exige aqui é caríssima, o câmbio
tá um absurdo pra artistas que recebem em moeda estrangeira e tá todo mundo sem
dinheiro.” (Ricardo Pigatto, Hellway Patrol - https://www.facebook.com/hellwaypatrol/)
“Tu poderia citar o caso
do Dead Kennedys também que os caras cancelaram os shows aqui no Brasil.
Sinceridade? Não vou culpar os artistas não, porque felizmente não são todos
que prestam esse serviço de respeitar a nossa cena, basta perguntar isso para
os gringos que falam bem sobre a nossa cena, país, cultura. Lógico que tem uns
filhos da puta que zoam nosso país, cena, etc. Sobre produtores aí o buraco é
mais embaixo. Nem é questão de preparo pra organizar eventos, até tem alguns
bons organizadores no nosso país, a estrutura até é boa, mas o que mata os
organizadores brasileiros é uma série de coisa. Primeiro, os caras querem
criarem um Mega Evento que não tem planejamento, vejam o que aconteceu com MOA
anos atrás, não há democracia de colocar bandas de diferentes vertentes em um
mesmo show. Por exemplo, em um mesmo palco, Slayer, Anthrax, Biohazard, POD,
Slipknot, Napalm Death, Angra e Maná, isso é normal até no México, nem vou
dizer no continente europeu, ou seja, preconceito domina muito nesses casos, e
vou dizer o último aspecto que fode a gente: fazer comícios nos shows. Mano,
isso só dá merda, não tem jeito. Aí depende da banda, do show, mas eu poderia
responder que ambos os casos levam a isso.” (Ailton de Lima, leitor – Mauá/SP)
“Acho ambos, artistas que
já chegam com um pé atrás, e falhas localizadas de produtores...” (Guto
Zanutto, leitor – Itatiba/SP)
“Este final de semana
aqui na minha cidade, Criciúma Sul de Santa Catarina, teve um fest. Organização
impecável, mas tiveram dores de cabeça extra, tudo pago antecipado. E muitas
exigências extras de última hora. E o Edu Falaschi não deu as caras no shows,
simplesmente não apareceu. Ou seja, muitos garotos queriam ver ele, mas sequer
avisou. Produção ficou com mãos amarradas.” (Ivan Fabio Agliati, Silent Empire
- https://www.facebook.com/SilentEmpireCriciuma/)
“Tem uma tal de EV7 que
já cancelou 4 tours, eu e minha esposa dançamos no Glenn Hughes em Recife/PE.
Processarei Ticketmix e a EV7.” (Amorim Filho, Slow Feelings Records)
“Esse debate é bem
complexo, teria que analisar caso a caso. Abbath pelo que falam, não teria
condições de prosseguir com a turnê na América do Sul. Outras bandas pode ser
desconformidade de acordo, falta de pagamento, falta de acomodações adequadas,
indisposição das bandas... Hoje em dia só o Iron Maiden com sua super estrutura
e avião próprio, tem condições de cumprir suas extensas turnês, sem maiores
contratempos. Bandas menores é complicado falar, é difícil ver banda séria
queimar datas, ou ficar fazendo c* doce.” (Marcelo Oliveira Silenoz, leitor –
Caxias do Sul/RS)
*
A seção InteraBanger do Blog Arte Metal, além de procurar inovar e tirar o
veículo de certa rotina, tem o intuito de interagir com o leitor, músicos e
especialistas no assunto sobre álbuns polêmicos ou não de bandas já consagradas
e relevantes. Outros assuntos relativos às bandas ‘mainstream’ (ou nem tanto)
também serão comentados esporadicamente.
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