terça-feira, 31 de março de 2020

Sem Textão - Parou na Demo: Imperial Doom




 Por Vitor Franceschini

Só resgatando meu breve início de carreira como jornalista, aliás, o embrião disso tudo, meu interesse pela área surgiu quando, lá pelos idos dos anos 2000, eu resolvi editar um zine chamado GoreDeath Zine. Era feito de textos escritos num PC 486 (computador), com uma mistura de colagens e xerox. Fazia na raça e de uma forma extremamente amadora e precária, mas até que tinha um bom texto.

O zine deve ter durado umas três ou quatro edições, e com ele cheguei a conhecer diversas bandas que enviaram material na época. A maioria deste material possuo até hoje (inclusive continuo guardando tudo que recebo para o blog) e, durante minhas férias oficiais (e uma quarentena obrigatória devido ao Covid-19) fucei em meus arquivos e encontrei algumas demos.



Foi aí que surgiu a ideia de criar uma série dentro desta seção, da qual resolvi denominar “Parou na Demo”, que serão cinco textos. O motivo foi pelo fato de eu estar analisando algumas demos-tapes (fita cassete com gravações demonstrativas de uma banda) e chegar à conclusão que algumas bandas, mesmo acima da média, nunca lançaram um material oficial, ou seja, um álbum sequer. Algumas, aliás, lançaram apenas uma fitinha.

Este é o caso do Imperial Doom, banda oriunda de São José do Rio Preto/SP. Muito cultuada no underground no final dos anos 90, os caras faziam um Death Metal único, típico das bandas brasileiras, maléfico e sombrio. Mas o principal fato, era que o quinteto estava muito à frente de seu tempo.



Sua primeira e única demo, “Forest of Blood”, lançada em 1998, demonstrava que a banda sabia e muito o território que pisava, unia técnica, variação rítmica e contava com uma produção muito boa para as condições e padrões de mais de 20 anos atrás. O profissionalismo dos caras também impressionava. Tanto que a demo vinha com um encarte em papel couche, com uma capa toda trabalhada e as informações técnicas gerais. Coisa que algumas bandas não fazem em pleno 2020 num CD oficial!

E, não tem como não questionar. Como com todo esse talento e profissionalismo, o Imperial Doom não conseguiu pelo menos gravar um único álbum? Sim, nem sempre oportunidade significa qualidade, e o cenário underground metálico foi e é mais cruel do que se imagina. Ao menos, aos que viveram a época e conheceram o Imperial Doom, a banda eternizou um clássico cult e duas músicas sensacionais do Death Metal: Death Ritual e Crucified Children.

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