Por Vitor Franceschini
Lançar um debut é um
momento mágico para uma banda e com os cearenses da Heavy Smasher não é diferente. Apesar de já terem um EP no
catálogo, “Smasher and Loud” (2016),
dá pra sentir nas palavras dos caras a vibração por soltar seu primeiro disco
cheio que é autointitulado e foi lançado este ano. Conversamos com os
guitarristas Diego Quântico e Nando Smasher, além do baterista Bruno Rocha,
para falamos deste momento. Lembrando que a banda é completada por Luís Paulo
(baixo) e Nildo Gomes (vocal)
Qual
é a sensação, enfim, de ter lançado o debut não só pela pressão normal de um
disco de estreia, mas também por ter passado por uma importante troca de
vocalista?
Diego
Quântico: É uma sensação de extrema satisfação! Ver o material
existindo fora dos ensaios ou da execução em palco é muito gratificante! A
gente consegue ver que a nossa música “é real". E com relação à troca de
vocalista isso dá um valor maior ao produto. O Heavy Smasher já tem um histórico de muitas mudanças de integrantes
e a cada mudança a gente via o álbum ficando cada vez mais distante, por conta
das adaptações e testes.
Aliás,
como foi a entrada de Nildo Gomes (Steel Hands) na banda e o que ele trouxe em
termos de composição e sonoridade?
Bruno
Rocha: Nildo entrou na banda em um momento de urgência, já
que nosso vocalista anterior deixou a banda prestes a chegar o momento de
começarmos a gravar os vocais do disco, por volta da metade de 2019. O Nildo já
conhecia o Heavy Smasher e outrora
ela já havia até mesmo expressado uma vontade de cantar com a gente quando um
momento oportuno chegasse. Quando precisamos, entramos em contato com ele, que
prontamente aceitou.
Diego
Quântico: Felizmente, o Nildo pegou rapidamente a essência da
banda e também agregou bastante ao som. Já tínhamos sete músicas quando Nildo
entrou e ele não teve problema algum em pegar as músicas e também aprimorá-las
Nando
Smasher: A chegada do Nildo foi um presente. Sempre fui fã de
Nildo e já tínhamos uma amizade fora da banda também. Sua entrada na banda
trouxe um desafio para todos na banda, de elevar o nível, tanto em composições
como em execução. Ganhamos um professor.
Presumo
que regravar as quatro músicas do primeiro EP, “Smasher and Loud” (2016) foi
principalmente pelo fato de Nildo ter entrado na banda. Certo?
Diego
Quântico: Na realidade, não. Quando o Nildo entrou na banda, já
estávamos em processo de gravação do álbum, com as linhas de bateria todas
gravadas. A ideia de regravar as músicas do EP já é antiga, pelo fato de que
queríamos um som mais potente, mais bem executado, além de querermos entregar
para o público em show um som mais alinhado ao que escutam no álbum
Uma
coisa que vejo como principal característica no debut são os fortes refrãos.
Vocês trabalharam intencionalmente neste elemento ou flui de alguma forma
natural?
Diego
Quântico: Neste debut as músicas foram compostas por mim e por
Nando. Quanto a mim, a composição flui naturalmente sem pensar em uma estrutura
pré-estabelecida. São uniões de riffs, bases e melodias de guitarra em que o
refrão surge espontaneamente. Minhas linhas de composição se iniciam com toda a
linha de guitarra para depois trabalhar nas linhas vocais.
Nando
Smasher: É natural como as músicas nascem comigo, eu
simplesmente sinto o refrão, os escrevo e, ao escrevê-los, vem a melodia em
cima, de bate-pronto, de certa forma que não consigo descrever bem isso aqui.
Claro que em seguida eu mostro para o Diego, aí ele faz o polimento.
Outro
fator é que a banda dosa bem na melodia, o que não deixa o som maçante e o
torna mais agressivo, coisa que atribuo às linhas de baixo do disco...
Diego
Quântico: Essa é uma das propostas fundamentais da banda: um
baixo bem presente e “na cara" e o Luís Paulo faz isso dignamente.
Nando
Smasher: Gosto do som do baixo bem alto. Sobre as melodias,
elas fluem tanto que teremos músicas de 12 minutos num futuro segundo álbum.
Culpo o Bruno por isso.
Bruno
Rocha: Nando já deu spoiler do “monstro” no qual estou trabalhando
(risos)! Mas sobre esse ponto, eu acredito que boa parte disso que você
observou, Vitor, vem de nossas influências musicais. Todos nós gostamos de
bandas ricas em melodias e de baixo presente, como Judas Priest, Accept e Iron
Maiden. Além disso, o Luís Paulo, pelo fato de ele ser um discípulo de Steve Harris e de Felipe Andreoli, adora criar melodias que se destacam.
Sobre
as novas músicas, enfim, as faixas inéditas. Elas seguiram o mesmo método de
composição das anteriores ou foram visadas de outra forma, até por causa da
entrada do Nildo?
Diego
Quântico: Quando Nildo entrou tínhamos sete músicas prontas
para serem gravadas. Já FireFight e Face Up Reality foram finalizadas
durante o processo de gravação do álbum e devido à pandemia, trabalhamos nelas
remotamente. Enviei para ele a letra e o esboço da linha vocal. Nildo então deu
vida às essas músicas e o resultado é o que vocês podem ouvir lá no álbum.
Inclusive FireFight ganhou posto de
single.
Bruno
Rocha: Das cinco faixas inéditas, três já existiam há algum
tempo. Elas simplesmente não foram gravadas no EP de estreia por algum motivo
que não sei. Já FireFight e Face Up Reality praticamente surgiram
durante o processo de gravação. Já havíamos ensaiado FireFight algumas vezes, mas ela ainda não tinha um formato
definitivo. Esse formato só veio a ser moldado no estúdio. Face Up Reality sim, foi completamente montada durante a pandemia.
Diego e eu praticamente a compomos inteira via Whatsapp, sendo que o Diego fez
boa parte da composição e eu colaborei com alguns arranjos. De resto, deixamos
na mão do Nildo para ele criar as linhas vocais e ele supreendentemente fez
isso muito bem.
Nando
Smasher: Diego e Nildo se mostraram uns monstros na composição
e finalização destas músicas. FireFight
foi a que me deixou de queixo caído, eles simplesmente vomitaram a música e
foi: “senta lá e grava”. Quando eu ouvi, nem acreditei. Simplesmente saiu
perfeito.
Sunrise Rebel ganhou videoclipe. Por que a
escolheram e como foi trabalhar no vídeo? Aliás, essa faixa conta uma história
da região de vocês?
Nando
Smasher: Primeiro quero agradecer MUITO ao Fabio Nogueira
(diretor do clipe), pois sem ele não teríamos este vídeo. Trabalhar no clipe
foi uma experiência totalmente nova, claro, foi o primeiro videoclipe e não
sabíamos o que fazer com as ferramentas que tínhamos no momento. Então
decidimos atuar no vídeo com uma venda cobrindo nossos olhos, assim como o
personagem da música. A imersão foi grande e rendeu muitas dúvidas para quem
assiste. Espero que a curiosidade os levem a ler a letra da música e a
interpreta-la (já que a música trabalha com uma linguagem oculta). E eu sei que
no final ajudamos muita gente e talvez alguém tenha aprendido alguma coisa. Sunrise Rebel é uma música filosófica.
Ela conta história do homem que precisa ser aceito pela sociedade para ser
ALGUÉM. Precisa atender a alguns pré-requisitos, como ter um bom emprego, uma
casa, família no padrão tradicional, bens e etc, isso tudo para ser aceito como
um homem de bem na sociedade, ou um humano sociável. Todos que não seguem este
padrão pré-estabelecido tem sua dignidade ou personalidade suspeita, e o
personagem da música quer ser aceito a todo custo, mesmo que isto seja perder a
própria personalidade. Sobre ela contar uma história de nossa região, talvez
sim ou talvez não, a letra me veio em um momento de reflexão. Fizemos uma
postagem nas redes sociais da banda explicando esta música tão importante para
gente. Acredito que a música mesmo que feita de forma simples ela deve ter um conteúdo
singular nela. Toda vez que a toco eu
penso nela de uma forma diferente. Mas o conteúdo visceral dela, sempre fala a
mesma coisa: nunca pise em ninguém, seja simples, e você terá saboreado uma
vitória maior que qualquer outra. Por esta mensagem escolhemos esta música, já
que todo mundo na banda tem humildade no coração e isso queremos passar pra
todos.
Falando
nisso, o que vocês procuram abordar nas temáticas?
Diego
Quântico: Neste debut, não pensamos em um direcionamento comum à
todas músicas, mas em geral elas tratam de superação, conflitos emocionais e
existenciais, guerras e suas consequências, e o poder do Heavy Metal de motivar
as pessoas.
E
como vocês tem trabalhado na divulgação do disco, afinal estamos em pandemia?
Aliás, como têm trabalho neste período?
Diego
Quântico: Tem sido bastante desafiador trabalhar nesta
pandemia. Focamos nas redes sociais e divulgações também em sites
especializados. O álbum foi finalizado na segunda metade da pandemia e agora
aguardamos aí as coisas melhorarem para subirmos novamente nos palcos e fazer o
puro Heavy Metal.
Bruno
Rocha: Sem shows e sem nada, tudo que temos às mãos
atualmente é tentar promover o disco pela internet. Somos uma banda completamente
independente, não temos gravadora e nem assessoria de imprensa para nos ajudar
com recursos ou tentáculos de divulgação. Por isso procuramos estudar e nos
aprimorar ao máximo para promover nossa música da melhor maneira que pudermos e
o quão longe for possível. Gente de países distantes como Noruega, Itália,
Rússia e Cazaquistão tem retornado de maneira positiva sobre nosso disco, então
acho que de certa forma estamos conseguindo conquistar o nosso intento.
Quais
os planos da Heavy Smasher, um novo vídeo? Novas músicas... adiante algo para
gente (risos)?
Nando
Smasher: Estamos trabalhando para realizar um DVD com bandas
parceiras, um festival inteiro será registrado e eternizado em um DVD. Estamos
famintos para entregar logo isso. Em seguida virá o segundo álbum, onde
trabalharemos e aprimoraremos os feedbacks de todos que já ouviram nosso debut.
Tenho certeza absoluta que o segundo álbum será tudo que pediram e claro sem
deixar de ser Heavy Smasher. Já
temos novas músicas compostas e outras estão em processo de composição. Algo
podemos adiantar é que virão composições de todos os outros integrantes, do
Bruno, do Luís e do Nildo. Aliás, quero que este segundo álbum seja
majoritariamente composto por eles três.
Bruno
Rocha: o Nando e essa teimosia dele em não querer mais
compor. Mal sabe ele que a essência do Heavy
Smasher sai dessa mão canhota dele (risos)! Mas sim, este primeiro álbum
foi praticamente todo composto pelo Nando e pelo Diego e a nossa ideia é que o
segundo disco seja composto por todos nós. Inclusive algumas ideias minhas e do
Nildo já começaram a ser trabalhadas e muito em breve o mesmo será feito com as
criações do Luís. Estamos bastante ansiosos para podermos revelar o quanto
antes tudo o que estamos trabalhando.
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