sexta-feira, 27 de agosto de 2021

Heavy Smasher: o poder de motivação do Heavy Metal




 


Por Vitor Franceschini

 

Lançar um debut é um momento mágico para uma banda e com os cearenses da Heavy Smasher não é diferente. Apesar de já terem um EP no catálogo, “Smasher and Loud” (2016), dá pra sentir nas palavras dos caras a vibração por soltar seu primeiro disco cheio que é autointitulado e foi lançado este ano. Conversamos com os guitarristas Diego Quântico e Nando Smasher, além do baterista Bruno Rocha, para falamos deste momento. Lembrando que a banda é completada por Luís Paulo (baixo) e Nildo Gomes (vocal)

 

Qual é a sensação, enfim, de ter lançado o debut não só pela pressão normal de um disco de estreia, mas também por ter passado por uma importante troca de vocalista?

Diego Quântico: É uma sensação de extrema satisfação! Ver o material existindo fora dos ensaios ou da execução em palco é muito gratificante! A gente consegue ver que a nossa música “é real". E com relação à troca de vocalista isso dá um valor maior ao produto. O Heavy Smasher já tem um histórico de muitas mudanças de integrantes e a cada mudança a gente via o álbum ficando cada vez mais distante, por conta das adaptações e testes.

 

Aliás, como foi a entrada de Nildo Gomes (Steel Hands) na banda e o que ele trouxe em termos de composição e sonoridade?

Bruno Rocha: Nildo entrou na banda em um momento de urgência, já que nosso vocalista anterior deixou a banda prestes a chegar o momento de começarmos a gravar os vocais do disco, por volta da metade de 2019. O Nildo já conhecia o Heavy Smasher e outrora ela já havia até mesmo expressado uma vontade de cantar com a gente quando um momento oportuno chegasse. Quando precisamos, entramos em contato com ele, que prontamente aceitou.

Diego Quântico: Felizmente, o Nildo pegou rapidamente a essência da banda e também agregou bastante ao som. Já tínhamos sete músicas quando Nildo entrou e ele não teve problema algum em pegar as músicas e também aprimorá-las

Nando Smasher: A chegada do Nildo foi um presente. Sempre fui fã de Nildo e já tínhamos uma amizade fora da banda também. Sua entrada na banda trouxe um desafio para todos na banda, de elevar o nível, tanto em composições como em execução. Ganhamos um professor.

 

Presumo que regravar as quatro músicas do primeiro EP, “Smasher and Loud” (2016) foi principalmente pelo fato de Nildo ter entrado na banda. Certo?

Diego Quântico: Na realidade, não. Quando o Nildo entrou na banda, já estávamos em processo de gravação do álbum, com as linhas de bateria todas gravadas. A ideia de regravar as músicas do EP já é antiga, pelo fato de que queríamos um som mais potente, mais bem executado, além de querermos entregar para o público em show um som mais alinhado ao que escutam no álbum

 

Uma coisa que vejo como principal característica no debut são os fortes refrãos. Vocês trabalharam intencionalmente neste elemento ou flui de alguma forma natural?

Diego Quântico: Neste debut as músicas foram compostas por mim e por Nando. Quanto a mim, a composição flui naturalmente sem pensar em uma estrutura pré-estabelecida. São uniões de riffs, bases e melodias de guitarra em que o refrão surge espontaneamente. Minhas linhas de composição se iniciam com toda a linha de guitarra para depois trabalhar nas linhas vocais.

Nando Smasher: É natural como as músicas nascem comigo, eu simplesmente sinto o refrão, os escrevo e, ao escrevê-los, vem a melodia em cima, de bate-pronto, de certa forma que não consigo descrever bem isso aqui. Claro que em seguida eu mostro para o Diego, aí ele faz o polimento.

 


Outro fator é que a banda dosa bem na melodia, o que não deixa o som maçante e o torna mais agressivo, coisa que atribuo às linhas de baixo do disco...

Diego Quântico: Essa é uma das propostas fundamentais da banda: um baixo bem presente e “na cara" e o Luís Paulo faz isso dignamente.

Nando Smasher: Gosto do som do baixo bem alto. Sobre as melodias, elas fluem tanto que teremos músicas de 12 minutos num futuro segundo álbum. Culpo o Bruno por isso.

Bruno Rocha: Nando já deu spoiler do “monstro” no qual estou trabalhando (risos)! Mas sobre esse ponto, eu acredito que boa parte disso que você observou, Vitor, vem de nossas influências musicais. Todos nós gostamos de bandas ricas em melodias e de baixo presente, como Judas Priest, Accept e Iron Maiden. Além disso, o Luís Paulo, pelo fato de ele ser um discípulo de Steve Harris e de Felipe Andreoli, adora criar melodias que se destacam.

 

Sobre as novas músicas, enfim, as faixas inéditas. Elas seguiram o mesmo método de composição das anteriores ou foram visadas de outra forma, até por causa da entrada do Nildo?

Diego Quântico: Quando Nildo entrou tínhamos sete músicas prontas para serem gravadas. Já FireFight e Face Up Reality foram finalizadas durante o processo de gravação do álbum e devido à pandemia, trabalhamos nelas remotamente. Enviei para ele a letra e o esboço da linha vocal. Nildo então deu vida às essas músicas e o resultado é o que vocês podem ouvir lá no álbum. Inclusive FireFight ganhou posto de single.

Bruno Rocha: Das cinco faixas inéditas, três já existiam há algum tempo. Elas simplesmente não foram gravadas no EP de estreia por algum motivo que não sei. Já FireFight e Face Up Reality praticamente surgiram durante o processo de gravação. Já havíamos ensaiado FireFight algumas vezes, mas ela ainda não tinha um formato definitivo. Esse formato só veio a ser moldado no estúdio. Face Up Reality sim, foi completamente montada durante a pandemia. Diego e eu praticamente a compomos inteira via Whatsapp, sendo que o Diego fez boa parte da composição e eu colaborei com alguns arranjos. De resto, deixamos na mão do Nildo para ele criar as linhas vocais e ele supreendentemente fez isso muito bem.

Nando Smasher: Diego e Nildo se mostraram uns monstros na composição e finalização destas músicas. FireFight foi a que me deixou de queixo caído, eles simplesmente vomitaram a música e foi: “senta lá e grava”. Quando eu ouvi, nem acreditei. Simplesmente saiu perfeito.

 

Sunrise Rebel ganhou videoclipe. Por que a escolheram e como foi trabalhar no vídeo? Aliás, essa faixa conta uma história da região de vocês?

Nando Smasher: Primeiro quero agradecer MUITO ao Fabio Nogueira (diretor do clipe), pois sem ele não teríamos este vídeo. Trabalhar no clipe foi uma experiência totalmente nova, claro, foi o primeiro videoclipe e não sabíamos o que fazer com as ferramentas que tínhamos no momento. Então decidimos atuar no vídeo com uma venda cobrindo nossos olhos, assim como o personagem da música. A imersão foi grande e rendeu muitas dúvidas para quem assiste. Espero que a curiosidade os levem a ler a letra da música e a interpreta-la (já que a música trabalha com uma linguagem oculta). E eu sei que no final ajudamos muita gente e talvez alguém tenha aprendido alguma coisa. Sunrise Rebel é uma música filosófica. Ela conta história do homem que precisa ser aceito pela sociedade para ser ALGUÉM. Precisa atender a alguns pré-requisitos, como ter um bom emprego, uma casa, família no padrão tradicional, bens e etc, isso tudo para ser aceito como um homem de bem na sociedade, ou um humano sociável. Todos que não seguem este padrão pré-estabelecido tem sua dignidade ou personalidade suspeita, e o personagem da música quer ser aceito a todo custo, mesmo que isto seja perder a própria personalidade. Sobre ela contar uma história de nossa região, talvez sim ou talvez não, a letra me veio em um momento de reflexão. Fizemos uma postagem nas redes sociais da banda explicando esta música tão importante para gente. Acredito que a música mesmo que feita de forma simples ela deve ter um conteúdo singular nela.  Toda vez que a toco eu penso nela de uma forma diferente. Mas o conteúdo visceral dela, sempre fala a mesma coisa: nunca pise em ninguém, seja simples, e você terá saboreado uma vitória maior que qualquer outra. Por esta mensagem escolhemos esta música, já que todo mundo na banda tem humildade no coração e isso queremos passar pra todos. 

 

Falando nisso, o que vocês procuram abordar nas temáticas?

Diego Quântico: Neste debut, não pensamos em um direcionamento comum à todas músicas, mas em geral elas tratam de superação, conflitos emocionais e existenciais, guerras e suas consequências, e o poder do Heavy Metal de motivar as pessoas.

 

E como vocês tem trabalhado na divulgação do disco, afinal estamos em pandemia? Aliás, como têm trabalho neste período?

Diego Quântico: Tem sido bastante desafiador trabalhar nesta pandemia. Focamos nas redes sociais e divulgações também em sites especializados. O álbum foi finalizado na segunda metade da pandemia e agora aguardamos aí as coisas melhorarem para subirmos novamente nos palcos e fazer o puro Heavy Metal.

Bruno Rocha: Sem shows e sem nada, tudo que temos às mãos atualmente é tentar promover o disco pela internet. Somos uma banda completamente independente, não temos gravadora e nem assessoria de imprensa para nos ajudar com recursos ou tentáculos de divulgação. Por isso procuramos estudar e nos aprimorar ao máximo para promover nossa música da melhor maneira que pudermos e o quão longe for possível. Gente de países distantes como Noruega, Itália, Rússia e Cazaquistão tem retornado de maneira positiva sobre nosso disco, então acho que de certa forma estamos conseguindo conquistar o nosso intento.

 

Quais os planos da Heavy Smasher, um novo vídeo? Novas músicas... adiante algo para gente (risos)?

Nando Smasher: Estamos trabalhando para realizar um DVD com bandas parceiras, um festival inteiro será registrado e eternizado em um DVD. Estamos famintos para entregar logo isso. Em seguida virá o segundo álbum, onde trabalharemos e aprimoraremos os feedbacks de todos que já ouviram nosso debut. Tenho certeza absoluta que o segundo álbum será tudo que pediram e claro sem deixar de ser Heavy Smasher. Já temos novas músicas compostas e outras estão em processo de composição. Algo podemos adiantar é que virão composições de todos os outros integrantes, do Bruno, do Luís e do Nildo. Aliás, quero que este segundo álbum seja majoritariamente composto por eles três.

Bruno Rocha: o Nando e essa teimosia dele em não querer mais compor. Mal sabe ele que a essência do Heavy Smasher sai dessa mão canhota dele (risos)! Mas sim, este primeiro álbum foi praticamente todo composto pelo Nando e pelo Diego e a nossa ideia é que o segundo disco seja composto por todos nós. Inclusive algumas ideias minhas e do Nildo já começaram a ser trabalhadas e muito em breve o mesmo será feito com as criações do Luís. Estamos bastante ansiosos para podermos revelar o quanto antes tudo o que estamos trabalhando.

 

https://www.facebook.com/heavysmasher

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