quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Suck This Punch: "A banda está construindo seu público e estrada com respeito"


 

Por Vitor Franceschini

 

Evolução é essencial no Rock e Metal, mas se não houver naturalidade, tudo pode ir por água abaixo. A banda Suck This Punch segue esses quesitos em seu segundo disco, “The Evil On All Of Us”, onde apresenta um salto de qualidade impressionante e natural. Para falar sobre este trabalho e o momento da banda, o vocalista Tadeu Bom Scott conversou com o ARTE METAL. Completam o time Phil Seven (guitarra), Matheus Bonon (baixo) e Giacomo V. Bianchi (bateria)

 

Jamais eu quero diminuir o valor de “Fire, Cold and Steel” (2015), mas há uma evolução enorme da banda em “The Evil On All Of Us” (2021). Queria que falassem um pouco disso, não comparando, mas quais foram os principais fatores para este salto de qualidade?

Tadeu Bon Scott - São duas produções totalmente diferentes, principalmente por terem sido gravados por músicos diferentes. Mas ambos os álbuns têm sua qualidade. Mas dois fatores que trouxeram essa mudança grande foi a afinação em C e, outro fator de muita importância, a química que a atual formação da banda demonstra. Produzimos com tranquilidade e sem cobranças por querer parecer com esta ou aquela banda. Deixamos livre para a música se moldar e se transformar na direção de chegar no melhor resultado possível. As influências de bandas de cabeceira e outras bandas da atualidade também ajudaram muito no resultado, uma vez que misturamos ritmos e ideias, gostamos disso. Acredito que este caldeirão de ideias e misturas acabou trazendo bons resultados e esperamos estar sempre em constante evolução, trazendo sempre álbuns cada vez melhores.


Claro que há a evolução natural, mas gostaria que você falasse um pouco sobre como foi compor o novo disco?

Tadeu -
Compor o álbum “The Evil On All Of Us”, a princípio, era para ser tranquilo, porém nos deparamos, logo na produção do primeiro single do álbum, a música Alone, com a pandemia. Naquele momento parecia que a vida não tinha mais valor, todas as pessoas viviam uma histeria todos os dias e não sabíamos mais no que acreditar e quando isso teria fim. Então começamos a entender, no processo de composição de músicas e letras, que estávamos retratando o mal que havia sobre nós e o mal que nós fazíamos para o mundo. O mais interessante foi que as letras e composições surgiram demasiadamente rápidas, a química da banda foi muito forte nas produções.


Dentro da proposta do Heavy Rock da banda nota-se muita versatilidade e variação. Isso foi algo que vocês buscaram?

Tadeu -
Na verdade não, apenas não temos medo ou receito de provar e testar outros sons. Acredito que este seja um dos fatores positivos da banda, tentamos sempre produzir o mais livre possível sem julgar no primeiro momento nossa música.


No âmbito individual, as linhas vocais também trazem mais versatilidade e você mostra estar cantando muito…

Tadeu -
Primeiramente muito obrigado pelo elogio. Na verdade, nas linhas vocais buscamos soar diferentes das bandas de Metal da atualidade e direciona-las para o Rock'n'Roll e Metal dos anos 80 e 90. Acho que um fator que ajuda muito nas vozes é o tempo que eu, Tadeu Bon Scott, tive em bandas covers de AC/DC, porém busquei tentar não parecer tanto com AC/DC e buscar uma fórmula própria. Apesar de algumas pessoas acharem que estou forçando minha voz, na verdade esta é minha voz original, sem filtros, pedais, firulas, compressores ou todas as parafernálias que vemos em algumas bandas por ai.



As letras são levadas a sério e eu quero destacar três temas para você comentar: You Are The Best Gun (Against The System)Coward e Sons of War.

Tadeu
- Ótimas escolhas! You Are The Best Gun é um grito para sociedade acordar! Ela mostra que tudo está acontecendo embaixo do nosso nariz e, ainda assim, continuamos agindo como se nada estivesse acontecendo. Se destacarmos as frases "crianças em jaulas, guerras por um pedaço de lugar'', foi exatamente o que vimos Trump fazer com crianças. Ele enjaulou crianças! Quem em sã consciência separa uma criança de seus pais e a enjaula? Essa música procura mostrar para as pessoas que elas não precisam de um lado, na verdade elas precisam ser inteligentes e não se deixar serem manipuladas pelo sistema, afinal de contas, uma mente evoluída é a melhor arma contra o sistema. Já Coward é uma carta de um potencial suicida. Em sua letra vemos claramente uma pessoa que está com muitos problemas e ninguém presta atenção ou lhe estende a mão. Em determinado momento da música a pessoa entende o quanto ela é covarde e necessita acabar com toda aquela amargura cravada em sua vida, porém ela não consegue executar sua ação para exterminar sua vida, caindo assim em um dilema. Ao final da música ela percebe também o quanto ela perderia fazendo isto e entende que foi covarde novamente por tentar se suicidar. A música Sons Of War busca retratar as raízes indígenas e africanas que foram massacradas e maltratadas durante anos e que continua ainda hoje por baixo dos panos. Ela mostra as terras que foram tomadas, os direitos que demoraram muito para serem adquiridos e como o povo foi tratado e jogado para a sociedade sem direito a nada depois de anos de trabalho escravo. Inúmeras guerras e brigas para se conseguir conquistar uma terra que já era deles. Ano após ano. não importa a cor, a religião, por mais que queiram julgar todos, nós somos filhos da guerra.


Machines, Blindman e Shout It Out foram escolhidas para videoclipes. Por que a escolha destas composições e como foi trabalho audiovisual delas?

Tadeu -
Apesar de algumas pessoas não acharem isso, o álbum “The Evil On All Of Us” foi gravado em três partes, e Shout It Out foi o segundo single lançado deste álbum. Shout it Out é uma música que segue um pouco na contramão das letras do álbum pois ela retrata a ideia da pessoa expressar o mau dentro de si e prosseguir com sua vida. No vídeo temos o Marcos Nock interpretando acorrentado em meio a todo o sangue (simbolizando nosso mascote ASH). É basicamente um expurgo que em alguns momentos da vida o ser humano necessita, para se equilibrar e continuar sua vida. O processo de gravação deste clipe foi rápido, porém extremamente tenso. Estava muito frio no dia da filmagem e tivemos dificuldade com a maquiagem e todo processo. Já a música Blindman foi interessante pois era para ser um clipe exclusivo para um festival e acabou ficando tão legal com todo o frenesi e jogos de câmeras que acabamos optando em lançá-lo como clipe, o que acabou rendendo também sua estreia no grande “Roadie Crew - Online Festival”. Machines é nossa obra prima até o momento. Gravamos em dois dias e o roteiro retrata as passagens por diferentes décadas, no sentido de demonstrar o quanto o homem continua se perdendo e se transformando em maquinas de trabalho, sem sentimento, sem vida. O interessante deste clipe é que ele respira conforme ele vai passando. Ao primeiro momento você tem um roteiro cômico até a chegada da pausa após o solo que traz um momento agressivo em que mostramos as máquinas agindo e sendo manipuladas por um "dono''. Ao final deixamos o clipe extremamente dramático com o discurso de Charlie Chaplin em “O Grande Ditador”, um filme de 1940 que consegue gerar o mesmo impacto nos tempos atuais.
Um destaque especial a nossa equipe: Nock Studio Alive, De Carli Films e a nossa maquiadora Manu Criszotomo. Obrigado a todos pelo trabalho excelente e pelo profissionalismo.


Aliás, tenho acompanhado a banda nas redes sociais e vi que vocês planejam lançar mais vídeos e bem produzidos, temáticos, etc. O que podem nos adiantar?

Tadeu
– (Risos) não posso adiantar muita coisa, estamos trabalhando já no terceiro álbum, e talvez mais um clipe, porém é tudo que podemos falar, não queremos perder a magia da surpresa.


Continuando no mundo virtual, vocês são bem ativos nas redes sociais e plataformas. Qual a importância que vocês veem nessa ferramenta e como desenvolvem este trabalho?

Tadeu -
Hoje em dia as bandas devem se adaptar ao mundo virtual, às redes sociais. Hoje este é o melhor jeito de chegar ao seu público, fora isso a parceria e respeito para com outras bandas, sites, blogs e imprensa é importantíssima. A banda está construindo seu público e estrada com respeito. Ficamos extremamente felizes quando somos indicados em páginas, inseridos em playlists ou citados em resenhas. Isso mostra a força de nosso trabalho e como ele está sendo aceito pela cena.


“The Evil On All Of Us” saiu em plena pandemia. Como está trabalhar nesse momento tão difícil e o que a Suck This Punch leva como aprendizado?

Tadeu -
A Suck This Punch sempre foi uma banda produtiva e que sempre buscou não parar. Apesar de cairmos em um momento crítico como a pandemia, aprendemos que podemos nos reinventar sempre, e se tivermos foco e buscarmos nos adaptar aos novos objetivos, sempre vamos evoluir.

 

Porém, estamos vendo certa melhora nos quadros e principalmente leito de hospitais, possibilitando aos poucos um retorno de shows presenciais, claro que com restrições e cuidados. O que a banda pensa e planeja neste sentido?

Tadeu -
Estamos já nos programando com algumas datas de retorno e talvez uma possível Tour pelo Brasil, porém não podemos adiantar informações. Mas o que posso colocar aqui que é continuem seguindo nossas redes sociais em breve traremos novidades.

Mais Informações:
www.facebook.com/Suckthispunch
www.instagram.com/suckthispunch
www.youtube.com/SUCKTHISPUNCH

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