Por
Vitor Franceschini
Evolução
é essencial no Rock e Metal, mas se não houver naturalidade, tudo pode ir por
água abaixo. A banda Suck This Punch segue esses quesitos em seu segundo
disco, “The Evil On All Of Us”, onde apresenta um salto de qualidade
impressionante e natural. Para falar sobre este trabalho e o momento da banda,
o vocalista Tadeu Bom Scott conversou com o ARTE METAL. Completam o time
Phil Seven (guitarra), Matheus Bonon (baixo) e Giacomo V. Bianchi (bateria)
Jamais eu quero diminuir
o valor de “Fire, Cold and Steel” (2015), mas há uma evolução enorme da banda
em “The Evil On All Of Us” (2021). Queria que falassem um pouco disso, não
comparando, mas quais foram os principais fatores para este salto de qualidade?
Tadeu Bon Scott -
São duas produções totalmente diferentes, principalmente por terem sido
gravados por músicos diferentes. Mas ambos os álbuns têm sua qualidade. Mas
dois fatores que trouxeram essa mudança grande foi a afinação em C e, outro
fator de muita importância, a química que a atual formação da banda demonstra.
Produzimos com tranquilidade e sem cobranças por querer parecer com esta ou
aquela banda. Deixamos livre para a música se moldar e se transformar na
direção de chegar no melhor resultado possível. As influências de bandas de
cabeceira e outras bandas da atualidade também ajudaram muito no resultado, uma
vez que misturamos ritmos e ideias, gostamos disso. Acredito que este caldeirão
de ideias e misturas acabou trazendo bons resultados e esperamos estar sempre
em constante evolução, trazendo sempre álbuns cada vez melhores.
Claro que há a evolução
natural, mas gostaria que você falasse um pouco sobre como foi compor o novo
disco?
Tadeu - Compor o álbum “The
Evil On All Of Us”, a princípio, era para ser tranquilo, porém nos
deparamos, logo na produção do primeiro single do álbum, a música Alone, com a pandemia. Naquele momento
parecia que a vida não tinha mais valor, todas as pessoas viviam uma histeria
todos os dias e não sabíamos mais no que acreditar e quando isso teria fim.
Então começamos a entender, no processo de composição de músicas e letras, que
estávamos retratando o mal que havia sobre nós e o mal que nós fazíamos para o
mundo. O mais interessante foi que as letras e composições surgiram
demasiadamente rápidas, a química da banda foi muito forte nas produções.
Dentro da proposta do
Heavy Rock da banda nota-se muita versatilidade e variação. Isso foi algo que
vocês buscaram?
Tadeu - Na verdade não, apenas não temos medo ou receito de
provar e testar outros sons. Acredito que este seja um dos fatores positivos da
banda, tentamos sempre produzir o mais livre possível sem julgar no primeiro
momento nossa música.
No âmbito individual, as
linhas vocais também trazem mais versatilidade e você mostra estar cantando
muito…
Tadeu - Primeiramente muito obrigado pelo elogio. Na verdade,
nas linhas vocais buscamos soar diferentes das bandas de Metal da atualidade e
direciona-las para o Rock'n'Roll e Metal dos anos 80 e 90. Acho que um fator
que ajuda muito nas vozes é o tempo que eu, Tadeu Bon Scott, tive em bandas covers de AC/DC, porém busquei tentar não parecer tanto com AC/DC e buscar uma fórmula própria.
Apesar de algumas pessoas acharem que estou forçando minha voz, na verdade esta
é minha voz original, sem filtros, pedais, firulas, compressores ou todas as
parafernálias que vemos em algumas bandas por ai.
As letras são levadas a
sério e eu quero destacar três temas para você comentar: You Are The Best Gun (Against The System), Coward e Sons of War.
Tadeu - Ótimas escolhas! You Are The Best Gun é um grito para sociedade
acordar! Ela mostra que tudo está acontecendo embaixo do nosso nariz e, ainda
assim, continuamos agindo como se nada estivesse acontecendo. Se destacarmos as
frases "crianças em jaulas, guerras por um pedaço de lugar'', foi exatamente
o que vimos Trump fazer com
crianças. Ele enjaulou crianças! Quem em sã consciência separa uma criança de
seus pais e a enjaula? Essa música procura mostrar para as pessoas que elas não
precisam de um lado, na verdade elas precisam ser inteligentes e não se deixar
serem manipuladas pelo sistema, afinal de contas, uma mente evoluída é a melhor
arma contra o sistema. Já Coward é uma carta de um potencial suicida. Em
sua letra vemos claramente uma pessoa que está com muitos problemas e ninguém
presta atenção ou lhe estende a mão. Em determinado momento da música a pessoa
entende o quanto ela é covarde e necessita acabar com toda aquela amargura
cravada em sua vida, porém ela não consegue executar sua ação para exterminar
sua vida, caindo assim em um dilema. Ao final da música ela percebe também o
quanto ela perderia fazendo isto e entende que foi covarde novamente por tentar
se suicidar. A música Sons Of War busca retratar as raízes indígenas e
africanas que foram massacradas e maltratadas durante anos e que continua ainda
hoje por baixo dos panos. Ela mostra as terras que foram tomadas, os direitos
que demoraram muito para serem adquiridos e como o povo foi tratado e jogado
para a sociedade sem direito a nada depois de anos de trabalho escravo.
Inúmeras guerras e brigas para se conseguir conquistar uma terra que já era
deles. Ano após ano. não importa a cor, a religião, por mais que queiram julgar
todos, nós somos filhos da guerra.
Machines,
Blindman e Shout
It Out foram escolhidas para videoclipes. Por que a escolha destas
composições e como foi trabalho audiovisual delas?
Tadeu - Apesar de algumas pessoas não acharem isso, o álbum “The Evil On All Of Us” foi gravado em
três partes, e Shout It Out foi o
segundo single lançado deste álbum. Shout
it Out é uma música que segue um pouco na contramão das letras do álbum
pois ela retrata a ideia da pessoa expressar o mau dentro de si e prosseguir
com sua vida. No vídeo temos o Marcos Nock interpretando acorrentado em meio a
todo o sangue (simbolizando nosso mascote ASH). É basicamente um expurgo que em
alguns momentos da vida o ser humano necessita, para se equilibrar e continuar
sua vida. O processo de gravação deste clipe foi rápido, porém extremamente
tenso. Estava muito frio no dia da filmagem e tivemos dificuldade com a
maquiagem e todo processo. Já a música Blindman
foi interessante pois era para ser um clipe exclusivo para um festival e acabou
ficando tão legal com todo o frenesi e jogos de câmeras que acabamos optando em
lançá-lo como clipe, o que acabou rendendo também sua estreia no grande “Roadie Crew - Online Festival”. Machines é nossa obra prima até o
momento. Gravamos em dois dias e o roteiro retrata as passagens por diferentes
décadas, no sentido de demonstrar o quanto o homem continua se perdendo e se
transformando em maquinas de trabalho, sem sentimento, sem vida. O interessante
deste clipe é que ele respira conforme ele vai passando. Ao primeiro momento
você tem um roteiro cômico até a chegada da pausa após o solo que traz um
momento agressivo em que mostramos as máquinas agindo e sendo manipuladas por
um "dono''. Ao final deixamos o clipe extremamente dramático com o
discurso de Charlie Chaplin em “O Grande Ditador”, um filme de 1940
que consegue gerar o mesmo impacto nos tempos atuais.
Um destaque especial a nossa equipe: Nock Studio Alive, De Carli Films e a
nossa maquiadora Manu Criszotomo. Obrigado a todos pelo trabalho excelente e
pelo profissionalismo.
Aliás, tenho acompanhado
a banda nas redes sociais e vi que vocês planejam lançar mais vídeos e bem
produzidos, temáticos, etc. O que podem nos adiantar?
Tadeu – (Risos) não posso adiantar muita coisa, estamos
trabalhando já no terceiro álbum, e talvez mais um clipe, porém é tudo que
podemos falar, não queremos perder a magia da surpresa.
Continuando no mundo
virtual, vocês são bem ativos nas redes sociais e plataformas. Qual a
importância que vocês veem nessa ferramenta e como desenvolvem este trabalho?
Tadeu - Hoje em dia as bandas devem se adaptar ao mundo
virtual, às redes sociais. Hoje este é o melhor jeito de chegar ao seu público,
fora isso a parceria e respeito para com outras bandas, sites, blogs e imprensa
é importantíssima. A banda está construindo seu público e estrada com respeito.
Ficamos extremamente felizes quando somos indicados em páginas, inseridos em
playlists ou citados em resenhas. Isso mostra a força de nosso trabalho e como
ele está sendo aceito pela cena.
“The Evil On All Of Us”
saiu em plena pandemia. Como está trabalhar nesse momento tão difícil e o que a
Suck This Punch leva como aprendizado?
Tadeu - A Suck This
Punch sempre foi uma banda produtiva e que sempre buscou não parar. Apesar
de cairmos em um momento crítico como a pandemia, aprendemos que podemos nos
reinventar sempre, e se tivermos foco e buscarmos nos adaptar aos novos
objetivos, sempre vamos evoluir.
Porém, estamos vendo
certa melhora nos quadros e principalmente leito de hospitais, possibilitando
aos poucos um retorno de shows presenciais, claro que com restrições e
cuidados. O que a banda pensa e planeja neste sentido?
Tadeu - Estamos já nos programando com algumas datas de
retorno e talvez uma possível Tour pelo Brasil, porém não podemos adiantar
informações. Mas o que posso colocar aqui que é continuem seguindo nossas redes
sociais em breve traremos novidades.
Mais Informações:
www.facebook.com/Suckthispunch
www.instagram.com/suckthispunch
www.youtube.com/SUCKTHISPUNCH
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