Desde
2002 na ativa, a banda cearense Encéfalo acaba de lançar seu debut álbum “Slaves
Of Pain”, onde investem em um Thrash Metal calcado nas raízes do estilo, porém
longe de soar datado. Falamos com Alex Maramaldo (vocal/guitarra) e Laílton
Sousa (guitarra) - Completam a banda Augusto Filho (baixo) e Rodrigo Falconieri
(bateria) - sobre o novo disco, algumas polêmicas, além de outros assuntos. Confira
nas linhas abaixo.
Como foi o processo de composição
de “Slave Of Pain” e por que demoraram 10 anos para lançar o primeiro álbum?
Alex Maramaldo/Lailton Sousa:
O processo de gravação foi demorado e muito cansativo, acertos de gravação e
principalmente problemas financeiros, passamos por grandes estúdios como 746 do
Jorge, onde foi gravada a bateria, VTM Estúdio, de nosso amigo Taumaturgo, onde
foram gravadas as cordas e vocal, e a mixagem e masterização com o grande
Moises Veloso do MV Estudio. A demora para começar a gravar o CD foi por causa
da procura de baterista e baixista fixos para começar a montar as músicas e
poder finalizar o CD!
A sonoridade da banda possui
características próprias, mas alguns elementos nos remetem ao Thrash Metal
europeu com a densidade do Metal extremo nacional dos anos 80/90. Vocês
concordam com isso?
Alex/Lailton:
Massa, muito bom saber desse comparativo (risos). Toda nossa influência inicial
gira em torno de bandas como Sepultura (old) e Sarcófago, e os estrangeiros do
Slayer, Destruction, Vader. Nessa mescla conseguimos fazer nosso próprio som,
não procuramos seguir uma linha fixa, simplesmente tocamos o que gostamos e
isto é o resultado.
Muitas vezes as linhas de baixo de
bandas de Thrash Metal seguem uma linha mais reta, apenas acompanhando a
bateria. No caso de vocês é diferente, as linhas de baixo são versáteis e
contribuem muito para o peso das composições. Fale-nos um pouco sobre isso.
Alex/Lailton:
Bom, com a demora em encontrar um bom baixista para banda, encontramos Augusto,
baixista dedicado, que conseguiu empenhar-se em dar ênfase ao seu instrumento
fazendo com que seja notável, trabalhando sua versatilidade em conjunto com a
bateria, digamos que ele leva a sério esse negocio de “cozinha” da banda.
All The Hate In My Soul, Reactions, Nightmare, The
Last Gate e Slave Of Pain são
os nossosdestaques. Vocês
possuem alguma faixa preferida?
Lailton:
Gosto de todas as músicas, mas pra mim Slave
of Pain e All Hate in My Soul são
as melhores do CD, não que as outras deixem a desejar.
Alex:
Gosto muito de Slave of Pain por ser
a última música trabalhada para o debut, com uma levada bem Thrash e pegadas
Death em algumas passagens, Nightmare
e Reactions, por serem uma das
músicas feitas no início da banda, com pegadas mais cadenciadas e simplicidade,
nos fazendo ter uma característica própria.
Como tem sido a repercussão de
“Slave Of Pain” tanto pela crítica quanto pelo público até o momento?
Lailton:
Estou gostando muito, não esperava tudo isso, isso está sendo um saldo positivo
pra banda, nos dando mais força para compor mais e mais!
Alex:
Tem sido a melhor possível, muitos elogios em relação ao trabalho e força de
vontade. Fico muito satisfeito quanto escuto elogios e mais ainda quando escuto
o coro “oooooooo” em Slave of Pain
nos shows, sabemos da falhas técnicas e arte gráfica, mas foi tudo o que
conseguimos em nosso alcance financeiro, pois somos, entre várias do Brasil,
mais uma banda do meio underground.
“Slaves Of Pain” será lançado no
exterior?
Alex/Lailton:
Até o momento não, estamos buscando contatos para isso, mas nossas limitações
“técnicas” nos impedem de fazer esse contato, caso alguém se interesse lendo
esta entrevista, poderá entrar em contato conosco que teremos o total prazer em
mandar. Até o momento estamos especulando uma possível tour, mas não seria em
volta de “Slave of Pain” e sim de um próximo trabalho da banda.
Como está a agenda da banda e como
tem sido a recepção do público às faixas do novo álbum?
Alex/Lailton:
A recepção está sendo ótima, estamos conseguindo vender nossos CDs nos shows e
a agenda de show está boa. O que era de 4 shows por ano, passou a ser de 5 a 6
shows por mês em média, isso pra uma banda de Fortaleza é um bom número, já que
não somos tão privilegiados em termos de logística para outros estados,
principalmente para a região sul. E em cada show, mais amigos, mais elogios,
isso nos faz querer seguir em frente.
O Thrash Metal há alguns anos tem
revivido seus momentos áureos dos anos 80. Pelo que consta, esse revival irá
durar um bocado. Como vocês vêem isso?
Lailton:
São poucos os que fazem o bom e velho Thrash Metal, visto que há novos estilos,
mas que não curto em hipótese alguma! Como dizia o ditado, ‘amigos, amigos
música à parte’ (risos).
Alex:
Nossa, difícil de dizer, sim temos grandes bandas ai como Violator, ByWar, acho
isso ótimo, pois junta tanto o público antigo quanto o público novo, os mais
“jovens”, e fazendo isso vamos conseguir levantar essa bandeira mais e mais.
A cena Metal nordestina é
considerada uma das mais fortes do país na atualidade, com várias bandas e shows
acontecendo por aí, inclusive Fortaleza possui excelentes bandas. Fale-nos um
pouco sobre isso?
Alex/Lailton:
Sim, o público aqui é bom, temos os problemas das “grandes capitais”, isso a
nível Brasil, mas aqui tem sim um público fiel à ‘Cena Metal’, temos grandes
nomes aqui em Fortaleza, então quando a coisa acontece, acontece do suor, de
sangue. Tudo vale a pena, cada investimento. Mas ainda temos que melhorar muito
em investimento para essas bandas, como apoio, precisamos trata-las como bandas
e não como amadores.
Falando em um assunto polêmico, o
fatídico cancelamento do Metal Open Air, que foi realizado na região nordeste
(mais precisamente em São Luís/MA). Como uma banda dessa região, qual o
sentimento de vocês perante esse vergonhoso acontecimento para a história do
Metal nacional?
Alex:
Nossa (enfático), nem me fale, grande fiasco esse hein?! Mas somos inteligentes
a ponto de não o julgar o nordeste por causa deste problema, tudo isso
aconteceu porque “amadores” com dinheiro organizaram o evento, enquanto temos
ótimos profissionais sem recurso financeiro pra financiar um evento deste! Achei
interessante a ideia de poder mesclar bandas nacionais com a internacionais,
fazendo assim o pacto de igualdade entre as bandas. Mas, se não foi dessa vez,
iremos esperar pela próxima, mas devo admitir que pensarei duas vezes antes de
ir para qualquer ‘novo’ evento no Brasil.
Quais os planos da banda?
Alex/Lailton:
Pretendemos terminar nossos shows pelo Brasil, com agenda já para São Paulo,
Rio Grande do Sul, entre outros estados, e na sequencia dar inicio ao novo
trabalho para 2013 e, devemos admitir, esta mais destruidor do que nunca (risos)!
Muito obrigado, deixem uma mensagem
aos leitores.
Alex:
É isso ai galera, estamos conseguindo dar cada passo graças a vocês que nos
apoiam e ajudam como podem, e preparem seus pescoços, existe muito destruição
ainda por vir!
Bandas como a Encéfalo merecem a devida notoriedade por seu trabalho. Acredito que o mérito por seus esforços esteja sendo alcançado. Estou na torcida! Viva a Cena Metal no Nordeste! \,,/
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