Comemorando
15 anos de carreira, os alemães do Obscurity vêm divulgando desde o ano passado
o seu sexto álbum (ver resenha no final da matéria). Auto intitulado, o
trabalho mostra uma banda mais direta e agressiva, repletas de letras que
abordam temas como guerras épicas e contos líricos de batalha. Sem se utilizar
de instrumentos acústicos e atípicos, soando o mais Metal possível, Agalaz
(vocal), Cortez e Dornaz (guitarras), Ziu (baixo) e Arganar (bateria) se
preparam para mais uma turnê. Enquanto isso, falamos com o baixista Ziu sobre
todos os aspectos que envolvem a banda e outras curiosidades em um papo bem
tranqüilo. Confira nas linhas seguintes.
Como foi a concepção de
“Obscurity”? O que buscaram atingir neste novo trabalho?
Ziu: Bem,
diferindo com o antecessor álbum "Tenkterra" (2010), que foi um álbum
completamente conceitual, tínhamos apenas 4 músicas conceitualmente ligadas no
novo álbum “Obscurity”, Blutmondzeit,
Jörmungandr, Weltenbrand e Fimbulwinter
que têm um conceito lírico sobre os quatro desastres escatológicos. Na
mitologia nórdica é o prelúdio para a desgraça dos deuses. As outras sete
faixas são hinos de batalhas como Kein
Rückzug, chutes na bunda como Obscurity
e tratores como Strandhogg. A
intenção era criar um álbum que combinasse todas as nossas qualidades para
proporcionar um som pesado com contos líricos de guerra. E ele saiu, alcançamos
este objetivo muito bem (risos).
Aliás, o trabalho é auto
intitulado. O que os levaram a dar apenas o nome “Obscurity” ao novo álbum?
Ziu:
Nós o auto intitulamos porque é o nosso 15º aniversário. Achamos que com 15
anos fazendo Metal isso valeria para celebrar nossos esforços.
Quais você acha que é a principal
diferença do novo álbum para o anterior “Tenkterra” (2010)? Acredito que esse
“Obscurity” atinge o ponto alto da carreira da banda.
Ziu: “Tenkterra”
foi mais um passo em nosso progresso para tocar e "criar" o nosso
próprio Metal. É um pouco diferente para o álbum antecessor "Várar"
(2009). Desta vez, fundimos todas as qualidades de ambos os álbuns anteriores e
chegamos a um nível superior de som e composição. Nós sempre tentamos dar aos
nossos fãs algo novo, mas sem perder o nosso próprio estilo, o estilo Obscurity
típico. Além disso "Tenkterra" é um álbum conceitual real. Trata-se
de compor e encontrar a letra certa. Você tem algumas limitações, como você
sempre tem que manter o contexto global em linha. Em "Obscurity"
tivemos apenas quatro canções conceituais, como mencionei anteriormente, o que
permitiu que a criatividade fluísse mais em alguns aspectos
Apesar de serem rotulados como uma
banda de Pagan/Viking Metal, a sonoridade da banda mescla bem os estilos Death
e Black Metal com um pouco de melodia resultando em uma sonoridade extrema, mas
que foge dos padrões comuns dos gêneros. O que você pode nos falar a respeito
disso?
Ziu: Sim,
bem... É sempre difícil dar uma declaração satisfatória sobre esta questão.
Temos um monte de influências de Death e de Black Metal em nossa música, mas
também alguns elementos do Thrash aqui e ali. Nós não controlamos isso ou
pensamos sobre as possíveis influências. Apenas tocamos e tentamos algumas
coisas, se parecer bom e quando vem do coração, então é o que gostamos de tocar
e até mesmo ouvir. Nós nunca tivemos um plano mestre para este tópico e uma vez
que não podemos nos colocar em padrões comuns chamamos o nosso metal de "Battle
Metal", desde nossos primeiros dias em 1997.
Ainda falando da sonoridade, apesar
da abordagem vocês não utilizam instrumentos acústicos e possuem pouca
influência de Metal progressivo, como é comum no Pagan/Viking Metal. O
Obscurity investe forte no peso e soa o mais Metal possível. Você concorda? O
que pode dizer a respeito?
Ziu:
Fazemos Battle Metal para Metalheads e não para elfos. Nós tocamos da maneira
tradicional porque não há espaço suficiente na nossa música para flautas,
banjos, harpas, gaitas e instrumentos mumbo jumbo. Isto poderia ter sido
"progressivo" há 10 anos e as tendências do Metal mudaram. Temos a
intenção de soar o mais pesado e melhores para os nossos fãs e de uma maneira
mais extrema do que bandas pagãs com atitudes desgastadas. No entanto, nós
temos peças acústicas em algumas de nossas músicas. Mas estes são mais como ‘Intros’,
exceto para a última faixa So Endet Meine
Zeitna em “Obscurity”. Estes sons orquestrais são uma parte vital da
música. Eu me pergunto se isso nos faz progressivos agora (risos)? De qualquer
forma, em minha opinião, você pode ser progressivo, sem seguir uma tendência
que tem mais de 10 anos, certo!? Queremos ser autênticos e originais, portanto,
seguimos nossos corações e não tendências.
Apesar de todas as composições do
álbum serem boas, eu destaco Obscurity como
um novo hino da banda. Além disso, há outras faixas como Ensamvarg e Weltenbrand que
são excelentes.
Ziu:
Obrigado. Sim, Obscurity é um de
nossos destaques também. No entanto, o novo álbum tem uma variedade de
diferentes gostos até mesmo para nós. Um aspecto notável do novo álbum, a faixa
Obscurity tem uma pegada tradicional
forte, Weltenbrand é muito pesada e ‘groove’
no estilo Death Metal e, novamente, So
Endet Meine Zeit é muito obscura e épica.
A produção de “Obscurity” também é
muito boa, assim como o trabalho gráfico. Quem foi o produtor do disco e como
atingiram essa sonoridade?
Ziu: Nosso
produtor Bony é um amigo nosso há mais de 10 anos. Ele nos acompanha desde o
nosso primeiro álbum "Bergisch Land" (2000). Ele é como se fosse um
membro da banda e ele conhece a nossa música muito bem. Trabalhamos juntos no
som e mixagem. Desta vez, Tim Schuldt, o engenheiro de nossos últimos três
álbuns também fez a masterização. Este trabalho em conjunto forneceu-nos um som
excelente e muito pesado. Além disso, para o trabalho da arte da capa tivemos
Jobert Mello, um compatriota seu, que fez um trabalho fantástico ao dar a nossa
música uma roupa adequada. Confira este Kerry King brasileiro em www.sledgehammergraphix.com.
Qual a repercussão do novo trabalho
até então? Como ele tem sido recebido tanto pela crítica quanto pelo público em
geral?
Ziu: As
reações dos fãs, críticos e assim por diante superou todas as expectativas.
Estamos muito gratos por receber tal retorno imenso do nosso trabalho. É sempre
o melhor salário para obter tal apreciação. Não é sobre o dinheiro, é tudo
sobre a música, os fãs.
Como está a agenda de shows da
banda? Como as novas composições têm sido recebidas ao vivo? Tens recebido
propostas para se apresentar e há interesse em se apresentar por aqui, no
Brasil?
Ziu:
Tivemos uma bem sucedida turnê pela Europa em novembro/dezembro de 2012, com
Kampfar, Helrunar e Velnias. A turnê foi explosiva para todos nós, realmente
alucinante. Todas as datas superaram as expectativas que nos deixaram ainda
mais com vontade. Para 2013 temos programado um par de festival e mostras
individuais na Alemanha e países vizinhos, mais ataques ao vivo serão
programados nos próximos meses. Ir para o Brasil seria realmente ótimo cara!
Talvez um dia possamos providenciar isso. Uma das nossas bandas amigas
excursionou pelo Brasil e suas experiências nos fez olhar para frente para tocar
por aí.
Muito obrigado, este espaço é para
as considerações finais da banda.
Ziu:
Primeiramente, obrigado pela entrevista e por nos dar apoio para entrar em
contato com vocês metalheads brasileiros. É uma honra e muito apreciada!
Espero
que eu possa fazer de vocês mais curiosos pelo som do Obscurity. Se vocês gostam
do que vocês leram aqui e não dormiram, nos vejam em www.obscurity-online.de
ou facebook. Talvez você goste do que ouvirá, também. Até mais... Metal on!
Resenha
Obscurity – “Obscurity” –
2012 - Trollzorn Records (Importado)
Apesar de
auto-intitulado (o que é normal nos primeiros discos) este é o sexto trabalho
dos alemães do Obscurity. E, apesar também de se rotularem Pagan/Viking Metal
ou Battle Metal, como queiram, o som do grupo vai além de rótulos e une de
forma brilhante o melhor do Death Metal e Black Metal.
Mesmo transmitindo um
clima de guerra e se desvencilhando de elementos Folk, o som do grupo soa como
a junção do que há de melhor no Metal extremo atual. Com uma boa melodia e
peso, as guitarras possuem riffs influenciados pelo Metal tradicional, porém
com uma dose extra de peso. Tudo com ritmos velozes e marchantes, mérito da
cozinha precisa.
Os vocais de Agalaz é
outro fator preponderante no disco, já que o cara consegue variar do rasgado ao
gutural de forma incrível. Isso é mais um fator positivo no trabalho, já que
distancia o som de algo comum, simples e, muito menos enjoativo. Ouça Germanenblut e Strandhogg, e confirme o que eu digo.
Mas os destaques não
param por aí. A veloz e quebrada Obscurity
é o primeiro grande destaque do trabalho com seu emotivo refrão em coro, além
das quebradas precisas. Ensamvarg é
como se fosse um verdadeiro hino de guerra enquanto Weltenbrand segue esta linha, mas com uma levada diferente.
Não deixe se levar
pelos rótulos dados à banda, já que seu som pode agradar desde fãs de Death
Metal até os fãs de Black Metal. O que temos neste trabalho é algo que
transcende os padrões do estilo e é Metal extremo acima de tudo. Indicado a fãs
de Dissection, Amon Amarth e afins. Ótimo!
9,0
Vitor
Franceschini
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