Marcos Cardoso pode se
considerar um ícone da mídia especializada em Metal e sem dúvidas é um grande
incentivador da cultura underground no Brasil. Redator da revista Rock Brigade,
que reinou durante anos como a principal publicação no país, Cardoso tomou seus
próprios rumos criando a revista Slammin’ na segunda metade da década de 90.
Depois, o jornalista criou a revista Planet Metal que vinha com um CD encartado
e que acabou apresentando bandas de todo mundo no cenário metálico nacional,
além de alavancar muitas bandas nacionais. No final de 2013, Cardoso resolveu
unir o útil e o agradável e retornou com a Slammin’ trazendo um CD junto com
diversas bandas, relembrando os tempos de Planet Metal. Conversamos com ele
que, muito solícito, falou a respeito de todo seu trabalho desenvolvido até
hoje, além das mudanças tanto no mercado fonográfico até nas mídias
especializadas.
Marcos,
como surgiu a ideia da Slammin’ lá na segunda metade da década de 90?
Marcos
Cardoso: Eu era redator da Rock Brigade e queria fazer algo
meu de verdade. Foi uma ótima experiência, acabei conhecendo muita gente de
gravadora e vários músicos. Mas foi algo completamente amador, sem grandes
pretensões.
E
como ela se transformou na Planet Metal? Como surgiu a ideia de inserir um CD
junto com a publicação?
Marcos: Na época eu bati na
porta de algumas editoras e levei a Slammin' como um "cartão de visita".
O lance do CD foi meio sem querer. A editora HMP gostou da ideia de fazer uma
revista de Metal mas eles só trabalhavam com publicações que viessem com
brindes. Eles tinham revistas que vinham com DVDs eróticos, a Planet Sex, e me
perguntaram se eu conseguiria colocar um CD na revista. Eu quase enfartei e
disse que sim, mas não tinha muita certeza de como fazer. Fui então conversar
com o pessoal da Rock Brigade já que eles eram também gravadora. Eles liberaram
algumas faixas de artistas deles e do Angra e fui em outros selos pedir a mesma
coisa. Acabou sendo fácil porque a divulgação das bandas naquela época através
do CD da revista era muito poderosa. Todas as gravadoras tinham interesse em
liberar as faixas.
A
Planet Metal fez um grande sucesso na época e, através dos CD´s que vinham
encartados com a revista, revelou diversas bandas do cenário mundial para o
Brasil. Por que a revista acabou?
Marcos:
Lá
pela edição 8 a cotação do dólar explodiu, meio que dobrou o valor. Com isso as
fábricas queriam aumentar muito o preço da fabricação dos CDs já que a matéria
prima é toda importada. Teríamos que aumentar o preço da revista e o pessoal da
editora ficou com medo de fazer um investimento tão grande. Ainda tentamos
contornar diminuindo o número de páginas, mas com esse formato as vendas
caíram. Então resolvemos parar. Melhor que fazer mal feito.
E
como surgiu a ideia de retornar com a Slammin’?
Marcos:
Eu estava com muita saudade de escrever e de conviver mais de perto com pessoal
de banda e com os leitores. Adoro esse papo com o pessoal que lê a revista e
que debate com a gente, que manda sugestões. Aí liguei para velhos amigos que
me ajudaram na Slammin' e na Planet Metal e todos toparam recomeçar.
Exemplar e CD da Planet Metal |
O
mercado da música mudou em relação aos anos da Planet Metal. Qual a diferença
em se lançar uma publicação com um CD na época da Planet Metal e atualmente?
Marcos:
É
inegável que hoje o CD tem menos apelo, com certeza. Mas em todo o mundo as
revistas têm um CD encartado. Por que no Brasil não pode ter? E olha que nesses
países 100% das pessoas têm internet banda larga e tecnologia de ponta
disponível pra qualquer um. E mesmo assim as revistas têm um CD encartado. A
Terrorizer, a Rock Hard, a Legacy, etc. A Decibel vai além e tem um flexi disc
(N.E.: disco flexível, também conhecido como um phonosheet ou soundsheet, é um
registro fonográfico feito de um fino e flexível vinil).
Aliás,
atualmente a indústria fonográfica sofre com a concorrência dos downloads
ilegais na internet. Qual o papel de uma publicação como a Slammin’ em relação
a isso? Digo devido ao CD para divulgar as bandas.
Marcos:
Sinceramente não sei dizer se uma revista com CD tem alguma importância nesse
aspecto. A revista é feita pra quem gosta das coisas mais "old
fashion". Acho que quem compra CD vai continuar comprando, quem não compra
mais vai continuar sem comprar. Também acho que o download ilegal foi uma espécie
de modinha e deu até uma diminuída. E felizmente o público de Metal gosta de
ter o CD físico.
Você chegou a pensar em
lançar uma versão virtual da Slammin’ com direito a um download da coletânea?
Marcos: Talvez uma versão virtual conjunta com
a versão física sim, mas apenas a virtual não. Acho que o mercado já está bem
abastecido de sites, blogs, etc.
Vulcano com a Slammin' |
Qual
a linha editorial da Slammin’? No que a revista pretende inovar?
Marcos:
Não temos uma linha editorial muito rígida, mas não vou falar de Black Metal cara
pintada da Noruega ou Splatter, por exemplo. Essa linha mais extrema nunca foi
minha praia e já existe gente mais competente falando disso como a Lucifer´s
Rising. Acho que a maior inovação da revista é a diagramação que é bem moderna
e modéstia a parte é linda. O tamanho também é diferente do usual, mas é o
mesmo formato de quinze anos atrás.
Como
você tem visto a mídia especializada atual no cenário do Metal brasileiro?
Marcos:
Eu particularmente gosto das outras revistas do mercado, você nunca vai me
ouvir falar mal do trabalho de outra revista porque eu acho que eles fazem um
trabalho muito bem feito. Tenho saudade também da Rock Brigade, que faz muita
falta. Sinceramente não acompanho muito a mídia digital, sou ‘old school’
demais, mas o pouco que eu acompanho acho de muito bom nível.
Você
acredita que com o avanço da internet, o surgimento de blogs e sites
especializados tem prejudicado o trabalho de publicações impressas?
Marcos:
Claro que sim, muita gente não quer mais pagar pra ler uma revista ou um livro.
Algumas revistas espetaculares como a Metal Maniacs morreram, mas eu acredito
que há lugar pra todo mundo que faça algo bem feito e honesto.
Só tenho que agradecer ao grande Marcos Cardoso graças a ele e a excelente revista Planet Metal tive o prazer de conhecer bandas como Ragnarok, Rhapsody, Necromancia, Zero Vison, Korzus e muitas outras. Tenho tenho todos 14 cds. Abraços
ResponderExcluirQueria agradecer ao Marcos Cardoso pela excelente Revista Planet Metal, na qual conheci muitas bandas e me deu um grande prazer pois sou fã de coletâneas
ResponderExcluirAlguém sabe me informar se ainda consigo comprar a coletânea? A que eu tinha não tenho mais devido a um assalto na casa de um amigo. O bandido FDP levou a sacola com vários cds inclusive toda minha coleção da Plantet Metal. Tenh vontade de ter novamente, visto que esses cds marcaram minha adolescência.
ResponderExcluirQualquer informação: caiohora@gmail.com