sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Entrevista


Marcos Cardoso pode se considerar um ícone da mídia especializada em Metal e sem dúvidas é um grande incentivador da cultura underground no Brasil. Redator da revista Rock Brigade, que reinou durante anos como a principal publicação no país, Cardoso tomou seus próprios rumos criando a revista Slammin’ na segunda metade da década de 90. Depois, o jornalista criou a revista Planet Metal que vinha com um CD encartado e que acabou apresentando bandas de todo mundo no cenário metálico nacional, além de alavancar muitas bandas nacionais. No final de 2013, Cardoso resolveu unir o útil e o agradável e retornou com a Slammin’ trazendo um CD junto com diversas bandas, relembrando os tempos de Planet Metal. Conversamos com ele que, muito solícito, falou a respeito de todo seu trabalho desenvolvido até hoje, além das mudanças tanto no mercado fonográfico até nas mídias especializadas.

Marcos, como surgiu a ideia da Slammin’ lá na segunda metade da década de 90?
Marcos Cardoso: Eu era redator da Rock Brigade e queria fazer algo meu de verdade. Foi uma ótima experiência, acabei conhecendo muita gente de gravadora e vários músicos. Mas foi algo completamente amador, sem grandes pretensões.

E como ela se transformou na Planet Metal? Como surgiu a ideia de inserir um CD junto com a publicação?
 Marcos: Na época eu bati na porta de algumas editoras e levei a Slammin' como um "cartão de visita". O lance do CD foi meio sem querer. A editora HMP gostou da ideia de fazer uma revista de Metal mas eles só trabalhavam com publicações que viessem com brindes. Eles tinham revistas que vinham com DVDs eróticos, a Planet Sex, e me perguntaram se eu conseguiria colocar um CD na revista. Eu quase enfartei e disse que sim, mas não tinha muita certeza de como fazer. Fui então conversar com o pessoal da Rock Brigade já que eles eram também gravadora. Eles liberaram algumas faixas de artistas deles e do Angra e fui em outros selos pedir a mesma coisa. Acabou sendo fácil porque a divulgação das bandas naquela época através do CD da revista era muito poderosa. Todas as gravadoras tinham interesse em liberar as faixas.

A Planet Metal fez um grande sucesso na época e, através dos CD´s que vinham encartados com a revista, revelou diversas bandas do cenário mundial para o Brasil. Por que a revista acabou?
Marcos: Lá pela edição 8 a cotação do dólar explodiu, meio que dobrou o valor. Com isso as fábricas queriam aumentar muito o preço da fabricação dos CDs já que a matéria prima é toda importada. Teríamos que aumentar o preço da revista e o pessoal da editora ficou com medo de fazer um investimento tão grande. Ainda tentamos contornar diminuindo o número de páginas, mas com esse formato as vendas caíram. Então resolvemos parar. Melhor que fazer mal feito.

E como surgiu a ideia de retornar com a Slammin’?
Marcos: Eu estava com muita saudade de escrever e de conviver mais de perto com pessoal de banda e com os leitores. Adoro esse papo com o pessoal que lê a revista e que debate com a gente, que manda sugestões. Aí liguei para velhos amigos que me ajudaram na Slammin' e na Planet Metal e todos toparam recomeçar.

Exemplar e CD da Planet Metal
O mercado da música mudou em relação aos anos da Planet Metal. Qual a diferença em se lançar uma publicação com um CD na época da Planet Metal e atualmente?
Marcos: É inegável que hoje o CD tem menos apelo, com certeza. Mas em todo o mundo as revistas têm um CD encartado. Por que no Brasil não pode ter? E olha que nesses países 100% das pessoas têm internet banda larga e tecnologia de ponta disponível pra qualquer um. E mesmo assim as revistas têm um CD encartado. A Terrorizer, a Rock Hard, a Legacy, etc. A Decibel vai além e tem um flexi disc (N.E.: disco flexível, também conhecido como um phonosheet ou soundsheet, é um registro fonográfico feito de um fino e flexível vinil).

Aliás, atualmente a indústria fonográfica sofre com a concorrência dos downloads ilegais na internet. Qual o papel de uma publicação como a Slammin’ em relação a isso? Digo devido ao CD para divulgar as bandas.
Marcos: Sinceramente não sei dizer se uma revista com CD tem alguma importância nesse aspecto. A revista é feita pra quem gosta das coisas mais "old fashion". Acho que quem compra CD vai continuar comprando, quem não compra mais vai continuar sem comprar. Também acho que o download ilegal foi uma espécie de modinha e deu até uma diminuída. E felizmente o público de Metal gosta de ter o CD físico.

Você chegou a pensar em lançar uma versão virtual da Slammin’ com direito a um download da coletânea?
 Marcos: Talvez uma versão virtual conjunta com a versão física sim, mas apenas a virtual não. Acho que o mercado já está bem abastecido de sites, blogs, etc.

Vulcano com a Slammin'
Qual a linha editorial da Slammin’? No que a revista pretende inovar?
Marcos: Não temos uma linha editorial muito rígida, mas não vou falar de Black Metal cara pintada da Noruega ou Splatter, por exemplo. Essa linha mais extrema nunca foi minha praia e já existe gente mais competente falando disso como a Lucifer´s Rising. Acho que a maior inovação da revista é a diagramação que é bem moderna e modéstia a parte é linda. O tamanho também é diferente do usual, mas é o mesmo formato de quinze anos atrás.

Como você tem visto a mídia especializada atual no cenário do Metal brasileiro?
Marcos: Eu particularmente gosto das outras revistas do mercado, você nunca vai me ouvir falar mal do trabalho de outra revista porque eu acho que eles fazem um trabalho muito bem feito. Tenho saudade também da Rock Brigade, que faz muita falta. Sinceramente não acompanho muito a mídia digital, sou ‘old school’ demais, mas o pouco que eu acompanho acho de muito bom nível.

Você acredita que com o avanço da internet, o surgimento de blogs e sites especializados tem prejudicado o trabalho de publicações impressas?
Marcos: Claro que sim, muita gente não quer mais pagar pra ler uma revista ou um livro. Algumas revistas espetaculares como a Metal Maniacs morreram, mas eu acredito que há lugar pra todo mundo que faça algo bem feito e honesto.


3 comentários:

  1. Só tenho que agradecer ao grande Marcos Cardoso graças a ele e a excelente revista Planet Metal tive o prazer de conhecer bandas como Ragnarok, Rhapsody, Necromancia, Zero Vison, Korzus e muitas outras. Tenho tenho todos 14 cds. Abraços

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  2. Queria agradecer ao Marcos Cardoso pela excelente Revista Planet Metal, na qual conheci muitas bandas e me deu um grande prazer pois sou fã de coletâneas

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  3. Alguém sabe me informar se ainda consigo comprar a coletânea? A que eu tinha não tenho mais devido a um assalto na casa de um amigo. O bandido FDP levou a sacola com vários cds inclusive toda minha coleção da Plantet Metal. Tenh vontade de ter novamente, visto que esses cds marcaram minha adolescência.
    Qualquer informação: caiohora@gmail.com

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