Formada inicialmente
para tocar covers de Metallica e Slayer, a banda carioca No Remorse está na
ativa desde 2003. De lá pra cá, o agora power trio formado por Igor Rodrigues
(vocal/guitarra), Erick Mamede (bateria) e Pedro Pellacani (baixo), passou a
compor sons próprios e estabilizou seu line-up. No ano passado enfim, a banda
lançou seu primeiro registro oficial, o EP “DemoHATE”. Conversamos com o
divertido trio sobre tudo que envolve a banda, desde seu início até os planos
para o debut na entrevista a seguir.
Conte-nos
um pouco como a banda se formou e por que demoraram 10 anos para gravar o
primeiro registro?
Igor
Rodrigues: A banda se formou em meados de 2003, eu
sou o único remanescente da primeira formação, onde contava com o Henry
(bateria), Carlos Felipe (baixo) e Felipe Santos (guitarra solo), nenhum deles
hoje tocam em alguma banda. Todos moravam no mesmo condomínio e, como fanáticos
por Metallica, decidimos nos juntar para tocar algumas músicas apenas por
diversão e acabamos arranjando nosso primeiro show como Metallica cover no
início de 2004. No final do mesmo ano já estávamos fazendo shows como Metallica
e Slayer cover. Tivemos diversas mudanças na banda até chegarmos à formação de
hoje. O Erick (batera) já conhecia a banda desde 2004, quando começamos a tocar
em eventos juntos, ele tocava em duas bandas de Heavy Metal tradicional,
Corsarius e Rhamses, já éramos muito amigos, e ele entrou na No Remorse em
2006. O Pedro (baixo) entrou 2012, nos conhecemos na empresa que trabalhamos.
Logo após ele ter visto nosso primeiro show, em 2011, quando retornou de SP,
nosso baixista da época, Carlos Felipe, teve que sair da banda por problemas
pessoais. Então, o Pedro praticamente comprou sua vaga na banda quando
combinamos de tocar algumas músicas na casa dele e ele encheu a geladeira de
cerveja. Mas, além disso, ele toca muito bem e agita muito, então era o que
estávamos procurando. Já no primeiro ensaio foi excelente! Em 2013 também
ficamos sem o Paulo Curty (guitarra solo que gravou o “demoHATE”), devido a
problemas internos, e decidimos assumir a posição de Power Trio. E é como
estamos fazendo em todos os shows e está dando muito certo! Demoramos tanto
para lançar nosso primeiro registro, principalmente por causa da falta de
comprometimento com a banda mesmo, por diversos momentos paramos por um tempo,
não criamos nada novo e meio que era uma sensação geral, de simplesmente
arranjar shows, tocar e foda-se. Não tínhamos uma visão além ou clara do que
queríamos realmente, e muitos compromissos e problemas fora da banda
prejudicaram. Mas o “demoHATE” saiu no momento certo, com a banda muito mais
madura e com todos os músicos de fato comprometidos e com uma visão de onde
queremos chegar.
E
como foi o processo de composição do EP “DemoHATE”? As músicas foram compostas
antes do lançamento ou havia composições que datavam do inicio da carreira da
banda?
Igor
Rodrigues: A única música que não é do início da
banda é a Cannibal Assault, que compusemos
durante uma ‘jam’ na casa do Pedro, enquanto bebíamos vodka (eu acho). Também
mexemos na letra da Death Clock. Tirando
a Cannibal Assault, todas as outras
músicas foram criadas entre 2005 e 2008, algumas por mim e outras pelo Carlos
Felipe. Growing Hate inclusive, é o
primeiro riff que fiz na minha vida.
Pedro
Pellacani: Eu apenas refiz a letra de Death Clock, e o Igor juntou com uma letra dele e fez uma grande
salada com a letra original, que o Carlos Felipe tinha me pedido para mudar
durante uma bebedeira. Fora isso, compusemos Cannibal Assault bebendo vodka na minha casa enquanto esperávamos o
Paulo chegar pra ensaiar. Ele chegou depois inexplicavelmente mais bêbado que a
gente, e fazendo uns solos fodas! Aqueles dedos gordos dele realmente se moviam
rápido.
Apesar
de investir no Thrash Metal, noto uma diferença na banda em relação a avalanche
de nomes do estilo que vem surgindo não só aqui no Brasil. Afinal, as bandas se
influenciam mais pelo gênero direto da década de 80, enquanto o No Remorse
aposta num lado mais contemporâneo e técnico, com influências de Metal
tradicional. Vocês concordam?
Igor
Rodrigues: Sim, concordo, e isso é o que torna o som original.
Vejo também que essa nossa característica ajudou na aceitação e apreciação do
nosso som. Cansei de entregar CDs da No Remorse para pessoas que não são fãs de
Thrash Metal ou mesmo de qualquer estilo de música mais pesada e agressiva, e
receber o seguinte ‘feedback’: “Pô, eu não gosto de música pesada, mas adorei o
som de vocês!”, isso aconteceu diversas vezes. Acho que essa pitada de
originalidade no nosso som, não sendo um Thrash Metal oitentista crú, ajuda
muito também a atingir outros públicos.
Pedro
Pellacani: Eu não sei, cara, eu apenas tento tocar o baixo da
maneira mais forte e agressiva possível... Isso não tem nada de técnico. Mas
ultimamente eu não tenho quebrado o baixo ou arrebentado as cordas, então acho
que é uma evolução.
Erick
Mamede: Acho que devido às influências variadas que temos,
isso de certa forma fica nítido no nosso som, claro, a nossa base é o Thrash
Metal, mas naturalmente as músicas são levadas para um lado diferente, não
sendo tão oitentista, mas que de certa forma fica bem foda.
Desde
o início essa foi a proposta da banda?
Igor
Rodrigues: Na real, no início não tínhamos de fato uma
proposta de como seria exatamente nosso som, isso simplesmente aconteceu, então
é uma característica intrínseca minha e do Carlos (antigo baixista) com relação
ao processo criativo das nossas músicas. Eu acho que no próximo CD isso vai
ficar ainda mais evidente, pois hoje sim temos um direcionamento de como
queremos nosso som e amadurecemos muito, além de aparecerem criações tanto do
Erick quanto do Pedro. O Erick é um cara
que manja bastante de Black e Death Metal, o Pedro é um cara inteligentíssimo
para música e com uma influência muito forte de Heavy Metal tradicional e Hard
Rock dos anos 70, e eu sou alucinado por Thrash e Death. Então, para o próximo
CD vocês podem esperar algo ainda mais foda! Já tem algumas músicas que estamos
tocando ao vivo e a aceitação é simplesmente sensacional, não tem como estar
melhor, as rodas e a bateção de cabeça são sempre insanas!
Mesmo
lançando um EP vocês investiram forte na produção do disco, tanto gráfica (em
digipack) quanto na qualidade sonora.
Pedro
Pellacani: Nós devíamos isso aos nossos fãs. Nunca vamos
oferecer um trabalho inferior para eles, isso está fora de cogitação.
Igor
Rodrigues: Cara, eu sinceramente fiquei super orgulhoso da
gente com o material que foi lançado, pois ralamos MUITO para ter tudo pronto,
todas as ideias das artes e como seria o material físico foram nossas, e feitas
no photoshop pelo Pedro, que manja legal do programa. Com relação à qualidade
sonora do EP, devemos isso aos irmãos Pirozzi, o Romulo e o Murilo, eles são
sensacionais e graças a eles conseguimos esse resultado sonoro final. Pra quem
não sabe, na capa do EP tem umas mensagens subliminares, essa foi ideia do
Erick, ele mandou bem pra caralho! Cabe a vocês descobrirem.
O
título “DemoHATE” soa forte e impositivo. Por que escolheram esse nome?
Pedro
Pellacani: Isso foi uma brincadeira entre eu e o Erick. Nós
três trabalhamos na mesma fábrica, e uma vez eu encontrei com o Erick em algum
corredor fétido, começamos a falar algumas merdas e esse nome saiu. O Igor
gostou e virou o nome do disco.
Erick
Mamede: Nós antes pensamos em colocar o nome de alguma
música para o nome do álbum, mas quando eu encontrei o Pedro, chegamos nesse
nome. Não me pergunte como, mas acabou saindo perfeito.
Muitas
bandas atualmente lançam direto um trabalho completo, um full-lenght. Vocês
apostaram em um EP. Qual a importância, na opinião de vocês, em lançar um
trabalho neste formato antes de embarcar direto em um trabalho oficial?
Igor
Rodrigues: Na verdade lançamos primeiro esse EP pois sentimos
que precisávamos urgentemente lançar algo, se fez necessário pra dar uma
alavancada e como já tínhamos essas músicas no gatilho, optamos pelo EP. O bom
é que o EP serviu para nos adaptarmos a toda essa atmosfera e a mecânica de
funcionamento da gravação, adquirindo experiência para lançar um full com ainda
mais qualidade.
Pedro
Pellacani: “DemoHATE” é um trabalho oficial. O fato
de ter 6 músicas não quer dizer muita coisa. Melhor ter 6 músicas fodas que 10
ou 12 faixas merdas cheias de enrolação e riffs lixo. Nosso disco é 23 minutos
de Heavy Metal puro.
Aliás,
quais os planos para o debut? Podem adiantar algo?
Igor
Rodrigues: Bem, como já falei mais acima, podem esperar algo
ainda mais original, técnico e pesado do que vocês ouviram no “DemoHATE”,
estamos muito empolgados com esse full-lenght que pretendemos lançar ainda esse
ano, e até final de março pretendemos lançar um single. Provavelmente teremos
nesse debut de 8 a 10 músicas. A ansiedade já é grande, pois as músicas estão
muito boas!!
Erick Mamede: Se você
gosta de Judas Priest , ou de Behemoth, na certa você vai curtir muito.
Igor
Rodrigues: Isso sim é ser original (risos gerais).
E
como está a repercussão do “DemoHate”? Chegaram a lançar também no exterior?
Pedro
Pellacani: Minha mãe ficou orgulhosa...
Erick
Mamede: Eu tenho uma sobrinha de 6 anos que adorou.
Igor
Rodrigues: É, minha família gostou bastante também... (gargalhadas
gerais) Então, os feedbacks com relação ao “DemoHATE” estão excelentes, e isso
só nos motiva ainda mais para o próximo lançamento. Já tivemos resenhas
publicadas em diversos blogs e sites, inclusive em sites gringos, como o
metal-temple.com, que teve resenha assinada pelo Marcos Garcia. Saíram ainda
duas resenhas muito boas no site whiplash.net, essas assinadas por você e o
Junior Frascá. Tivemos também uma resenha na edição #178 de Novembro/2013 da
revista Roadie Crew feita pelo Criatiano KODA. Estamos também com a assessoria
do Renato Gimli, através da Heavy and Hell Press, a partir da qual esperamos
ter um alcance ainda maior do EP. Inclusive, com esse suporte, conseguimos uma
parceria com uma web radio americana, a DMM Company, onde nossas músicas estão
sendo transmitidas.
E
como anda a agenda da banda?
Igor
Rodrigues: Fizemos nosso primeiro show do ano no dia 01 de
fevereiro, aqui no Rio, com a banda Supresion, da Argentina e algumas bandas
locais. Temos já agendados shows para os dias 15 de fevereiro, também no Rio, e
três shows no Rio Grande do Sul, nos dias 01, 02 e 03 de março, em Charqueadas
e Porto Alegre. Quem está organizando tudo por lá é o Flávio Soares, do
Leviaethan, uma banda gaúcha de Thrash Metal que iniciou suas atividades na
década de 80. Em breve aparecerão mais datas para participações, fiquem ligados
na página da banda pelo Facebook (https://www.facebook.com/no.remorse.thrash)
e nos veículos de comunicação para mais informações.
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