Por Leandro Fernandes
A Shadows Legacy vem
crescendo com seu Heavy tradicional, sendo bastante fiel ao estilo. Uma banda
que passou por seus altos e baixos, hoje se encontra em uma bela ascensão,
mostrando sempre que um grupo unido consegue vencer os mais árduos caminhos. Em
um papo bastante agradável e descontraído, Max Batista (guitarrista) nos fala
um pouco sobre os projetos, a participação de Blaze Bayley (Ex – Iron Maiden) e
um fato muito marcante que foi a perda de um dos membros da banda. Confiram!
Primeiramente
gostaria de parabenizar a banda pelo excelente trabalho, pela qualidade e pela
fidelidade ao estilo. Bom, gostaríamos de saber como foi a participação de
BLAZE BAYLEY na música “Hate Whitin”.
Max
Batista: Olá amigos da Arte Metal, ficamos honrados pelo espaço e pela
oportunidade dessa entrevista. Enfim acho que a participação do Blaze Bayley em
nosso álbum foi algo extraordinário, nunca imaginávamos que poderíamos ter a
voz desse cara em nossas músicas. Até que um dia o Leandro disse que tinha
entrado em contato com o empresário do Blaze e a resposta foi positiva, “sim
ele vai cantar a música de vocês”. Quando ouvimos a gravação a emoção foi
grande, e a única coisa que eu pensava era: “sempre fui fã do Iron, sempre curti
o Blaze no Iron, e hoje nós temos a participação dele em nossa música”. Isso é
fantástico. No dia do lançamento do álbum, estávamos preparados para fazer um
grande show, e confesso, senti um leve frio na barriga. A passagem de som foi a
melhor parte, foi o momento onde tivemos um contato maior com ele e faltava
pouco para concretizar nosso objetivo. O que mais me impressionou nesse dia foi
a simplicidade e humildade do Blaze, ele se apresentou primeiro que nós, e
depois disso eu achei que ele iria ficar no camarim até chegar a hora de cantar
com a gente, mas não, foi ao contrário do que imaginava, ele ficou próximo ao
palco dando autógrafos e assistindo um pouco do nosso show. E mesmo depois de
ter cantado ele ficou até a nossa última música. Eu já tinha uma admiração pelo
Blaze e depois desse dia passei admirar ainda mais, tanto como pessoa quanto
como musico, “o cara é foda”, e acho que é isso que torna ele um grande ícone
do Heavy Metal, essa proximidade que ele tem com os fãs, não só por isso, suas
músicas, seus álbuns e a forma como canta. Blaze é uma influência direta para o
Shadows Legacy.
Vocês
estrearam com um excelente EP. Até que ponto a boa aceitação de “Rage And Hate”
influenciou na concepção de “You’re Going Straight To Hell”?
Max
Batista: Na verdade, quando lançamos o EP, as músicas do CD
já estavam praticamente prontas, se as criticas do EP fossem negativas, nós não
iríamos ter tempo hábil para mudar isso. Mas o resultado foi muito positivo e
isso nos trouxe a certeza de que estávamos no caminho certo.
E
como foi o processo de composição do debut?
Max
Batista: Pra mim o processo de composição das músicas é
parte mais legal disso tudo. É onde você coloca suas ideias, expões seus
pensamentos, às vezes rola um leve atrito nas composições, mas nada de anormal
que possa contrariar os integrantes. O que é mais legal na banda é que todos
têm mente aberta, ninguém diz não antes de tentar colocar as ideias em prática.
Bruno é um cara com ótimas melodias, Leandro sempre aparece com uns riffs fodidos
escondido na manga, Luciano tem uma técnica impressionante no baixo, ele coloca
as notas nas músicas onde a gente nunca imaginava que poderia encaixar, o
Augusto praticamente chegou agora, mas já percebemos que ele tem ideias e
técnicas que vão ajudar nas próximas composições, e eu acho que vou no embalo
desses caras (risos). As músicas do álbum demoraram um ano e meio pra ficar
prontas, cada musica demora de 2 a 3 meses pra terminar, e ainda assim elas
nunca saem do jeito que esperávamos, sempre sai um pouco diferente e as vezes
muito melhor (risos).
Com
relação à mídia especializada, como está sendo a aceitação de “You’re Going Straight
To Hell”?
Max
Batista: O que estamos vendo ultimamente são resenhas
extremamente positivas, as pessoas estão curtindo nossas músicas, estão
querendo ver nosso show, algumas resenhas dizem que estamos construindo um
legado, e nós acreditamos nisso. Acreditamos no que fazemos, nossas musicas são
boas, até eu escuto de vez em quando (risos).
Shadows Legacy com Blaze Bayley |
Sabemos
que em 2007, a banda perdeu o guitarrista Gilberto Bandeira, em um acidente. A
música I Remember My Friend feita em
homenagem a ele com certeza remete a lembranças. Vocês pensaram em desistir
depois desse triste fato ou tiraram forças extras para seguir em frente?
Max
Batista: Essas lembranças ainda machucam, já se passaram
quase sete anos, mas parece que foi ontem. O ano de 2007 foi pesado pra mim, no
mês de maio eu perdi meu irmão também em um acidente de moto, “’pouts’ como
esse cara faz falta na minha vida”, é algo irreparável perder uma pessoa que
você tanto ama. Alguns meses mais tarde recebi a triste notícia de que um
grande amigo faleceu em um acidente de moto, pronto, lá estava eu a reviver
toda aquela dor novamente. Não conseguia imaginar que Gilbertinho não estava
mais aqui, lembro que uma semana antes eu tinha encontrado com ele no hospital
em que eu trabalhava, e ele estava muito animado com os projetos da banda que
na época se chamava apenas “Legacy”. Falou-me sobre um show que eles iriam
fazer em um encontro de motos e iriam ganhar uma grana legal, iriam investir
essa grana para fazer um CD demo. Estava feliz pelos caras do Legacy, por toda a
correria que eles faziam. Na época eu tocava em uma banda chamada Thrashed, e
quase sempre nós dividíamos palco com eles. Não sabia exatamente qual seriam os
planos do Legacy a partir daquele momento triste, até que um dia o Leandro e
Luciano chegaram a mim e disseram: “Gilberto tinha planos de ir pra Portugal, e
teria que sair da banda por causa disso, e o único cara que ele queria no lugar
dele era você, e ai, quer entrar para o Legacy?” Quanta honra e quanta
responsabilidade senti naquele momento, foi ai que percebi que as coisas não
parariam por ali. Tiramos força pra conquistar um sonho do nosso grande amigo,
e acho que conseguimos, ainda tem muito por fazer, e sei que se ele estivesse
aqui também faria o mesmo. Quando toco I
Remember my Friend me vem as lembranças do meu Irmão e do Gilberto.
Como
está a agenda da banda com o lançamento do debut? Previsão para algo maior no
exterior ou ainda é cedo pensar nessa possibilidade?
Max
Batista: Acho que é cedo pensar em algo pra fora, nós
queremos conquistar o Brasil primeiro, embora isso seja um pouco difícil, mas
nada é impossível para o Shadows Legacy. Estamos na correria para programar
shows em nosso país, qualquer lugar que aparecer nós estamos indo. Os headbangers
do Brasil tem muita energia pra gastar, e estamos dispostos a fazer isso.
É
perceptível que os fãs tem um contato direto com a banda. Essa proximidade, uma
relação de amizade com os fãs enriquece o trabalho da banda?
Max
Batista: Com certeza, acho que acima de tudo, nós somos
iguais a todo mundo. Temos nossos empregos, ralamos normalmente todos os dias
da semana, batalhamos duro para fazer o melhor pra banda. E quando um fã se
aproxima e diz que curte as musicas, isso se torna gratificante. Não somos
rockstars, somos simples, temos humildade, a única coisa que queremos é fazer
shows e beber cerveja gelada com a galera.
A
banda passou por um fato desagradável, que foi um roubo bem às vésperas do
lançamento do disco. Claro que nunca estamos preparados para isso, vocês tinham
um plano B ou foi refeito tudo na “unha” mesmo?
Max
Batista: Cara, isso foi foda, foi um banho de água fria...
Todo aquele tesão de ver o CD pronto foi pro saco (risos). Ficamos uns três
meses sem ação, desanimados mesmo com aquilo. Eu mal falava com os caras, acho
que chegamos a um ponto de desistir de tudo. Eu e o Luciano tivemos um
desentendimento por causa disso, mas foi mais uma fase que tivemos que superar.
Começamos do zero novamente e as coisas foram fluindo e o nível das músicas
foram ficando bem melhores que a gravação perdida. Acho que tudo tem o tempo
certo, e aquele não era o tempo certo para lançar o nosso CD. Foi por esse
motivo que conseguimos ter a ideia de colocar o Blaze Bayley na nossa música.
O
convite para participar de uma coletânea chamada de “Imperative Music”,
surpreendeu ou foi encarado de forma natural? Como aconteceu a participação
neste projeto.
Max
Batista: Com certeza surpreendeu, na verdade um grande amigo
fã da banda que fez isso por nós, Eládio. Devemos muito a esse cara, ele entrou
em contato com o Gilson da Imperative que rapidamente curtiu a ideia de colocar
a gente pra participar. Isso nos rendeu bons frutos, várias pessoas de outros
países entraram em contato por e-mail querendo saber mais sobre nós, sobre CDs,
sobre datas, querem conhecer a banda. Outras bandas já entraram em contato
também para saber qual a nossa experiência sobre a Imperative Music e sempre
digo que esses caras são extremamente profissionais e de muita confiança. Pode
ter certeza de que o CD da Imperative Music vai passar por lugares onde você
nunca possa imaginar.
Falando
um pouco da cena do Heavy Metal no Brasil. Como está hoje o movimento pelo Centro-Oeste
e Norte do Brasil com relação à aceitação e surgimento de bandas?
Max
Batista: Tudo é questão de tempo, você tem que conquistar o
seu espaço, trabalhar para atrair o publico. A cena por aqui ainda não é uma
das melhores, mas cada dia que passa surge mais pessoas querendo fazer o melhor
pelo Heavy Metal no Brasil, seja ele produtor ou banda. Fizemos um show em
Rondonópolis no dia 12 de abril, e aquilo foi loucura... A galera tinha uma
energia violenta, fiquei impressionado, cantaram, pularam, gritaram, agitaram
pra caramba. Isso é sinal de que público para Heavy Metal não falta, mas ainda assim
temos um pouco de dificuldade para arrumar shows em outros estados brasileiros.
Como havia dito “você tem que conquistar seu espaço”.
Alguma
previsão para um registro de um DVD ou disco ao vivo da banda?
Max
Batista: Bom, já pensamos nisso sim... Mas acredito que
ainda precisamos rodar os quatros cantos do país, digamos “dar uma leve
amaciada no terreno”. Temos que fazer o público brasileiro conhecer o Shadows
Legacy. No dia que estivermos ao nível do Hibria, grande banda brasileira que
vem destruindo tudo por onde passa ai sim poderemos fazer algo como um DVD ou
um disco ao vivo. Só espero que não demore muito, mas isso não quer dizer que
não vamos apresentar novidades em breve.
Agora
um recado para os fãs e sobre os projetos futuros pra este ano e os outros
vindouros.
Max
Batista: E aí fãs do Shadows Legacy! Estamos na correria de
divulgar nosso trabalho, e esperamos em breve pisar nas terras de cada um de
vocês para fazer shows e sentir a energia do público. Fazer shows é o nosso
principal objetivo agora, e sempre vamos contar com o apoio e a força de todos.
Grande Abraço a todos vocês. E valeu galera da Arte Metal por nos abrir esse
espaço.
Esses caras são verdadeiros "operários" do heavy metal aqui de MS, batalham muito pela cena local e merecem muito sucesso... vida longa à Shadows Legacy!!!
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