Não há dúvidas de que
com o debut “Supreme Art of Renunciation” (2013), os gaúchos do Symphony
Draconis entraram para o seleto grupo das grandes bandas de Black Metal
nacional. Afinal, misturando o som de altíssima qualidade com uma proposta
estética bem desenvolvida, a banda vem ganhando espaço na cena. Conversamos com
os centrados, porém simpáticos, Aym (guitarra), Thiernox (guitarra) e Follmer
(baixo) que nos deixaram mais informados sobre a banda, o álbum e opinaram
sobre a cena. Completam o time Stiemm Nechard (vocal) e Helles Vogel (bateria).
Como
foi o processo de composição de “Supreme Art of Renunciation”? Por ser o debut
da banda, houve algum tipo de apreensão?
Aym:
Para
dar início, Symphony Draconis agradece ao Blog Arte Metal pelo apoio. A
Symphony Draconis teve seu início em meados de 2006 e em 2007 gravamos a Demo “Inside
The Horned Pentagram”. Após esta época, em meio a apresentações ao vivo,
iniciamos o processo de composição de novas músicas para gravação de um full
álbum. Em um processo de gravação, passamos por várias etapas, desde estarmos
com os sons bem ensaiados, gravação de cada instrumento, voz, acertos,
mixagem... Enfim. Para que tudo saísse da forma que queríamos. A respeito de
certa apreensão, isto é algo que acreditamos que deve existir com todas as
bandas quando se propõem a gravar algo maior que uma demo, e não poderia ser
diferente conosco. Queríamos terminar as gravações num período de tempo menor
do que realmente foi, mas eventualmente contratempos aconteceram, atrapalhando,
de alguma forma, a finalização. No final, “Supreme Art of Renunciation” foi
lançado e está se saindo muito satisfatório para nós.
A
sonoridade encontrada no trabalho alia agressividade com técnica, além de
possuir certa dose de melodia, mas sem perder o peso. Fale-nos um pouco a
respeito disso.
Aym:
Procuramos
compor de forma que todos os elementos da música soem coesos, que em sua
audição seja notada a presença destes elementos como agressividade, melodia,
harmonia, e, num todo, cada som seja não apenas ouvido, mas sentido, de certa
forma. Cada som para nós deve soar como uma peça de uma sinfonia.
Em
“Supreme Art Of Renunciation” a banda também se utiliza de belos arranjos e
passagens atmosféricas que se encaixam perfeitamente às composições.
Aym:
Todos temos diversas influências musicais, e, no momento da composição, isso
vem à tona, como algumas passagens mais atmosféricas e arranjos mais elaborados
e melódicos. Temos em mente que podemos explorar nosso potencial musical e
compor de forma que não precisemos nos limitar apenas a uma forma de fazer
música. Dentro de nosso estilo, isso é possível.
Outro
fator preponderante é a produção do álbum. Fale-nos um pouco sobre este
processo.
Aym:
Como citei anteriormente, estabelecemos um planejamento com metas a serem
alcançadas para chegarmos ao objetivo maior que foi o lançamento do “Supreme
Art Of Renunciation”. Inicialmente, pensamos nos sons a serem gravados, como e
onde seriam gravados, na capa, fotos, tema do álbum, quem faria a capa, bem
como estipulamos datas para cada um destes itens. Claro que, com o passar do
tempo, e mesmo em meio à gravação e pré-produção, houve alguns ajustes para
que, no final, obtivéssemos os melhores resultados.
A
arte gráfica também é primorosa. Como ela foi concebida?
Aym:
Quanto a esta etapa, Marcelo Vasco (capas de Dimmu Borgir, Soulfly...) foi quem
produziu. Por se tratar de um experiente profissional da área, passamos pra ele
todas as nossas ideias de como gostaríamos que ficasse, e então ele começou
este processo e foi também nos passando suas opiniões até chegarmos ao que
consideramos o ideal.
O
Black Metal praticado pela banda é muito bem aceito na Europa. Vocês chegaram a
lançar o álbum no exterior?
Follmer:
Antes do lançamento aqui no Brasil recebemos propostas de alguns selos para que
este álbum fosse lançado na Europa, mas a distribuição seria feita apenas por
lá. Julgamos ser mais interessante em um primeiro momento focarmos esse
lançamento no Brasil para solidificarmos nosso nome por aqui para só depois
focarmos na Europa ou outros lugares.
Aliás,
como tem sido a repercussão do trabalho até então?
Thiernox:
Tem sido ótima, tanto o público como a imprensa especializada tem nos dado um
excelente retorno, seja nos contatos através das mídias sociais, nas críticas
do álbum ou no retorno que recebemos do público nos shows, investindo no
material da banda e marcando presença em frente ao palco. Em muito breve
estaremos divulgando nosso clip para a música Transcending The Ways of Slavery o que certamente trará uma maior
visibilidade para Symphony Draconis, principalmente fora do país. Como o
Follmer disse acima, por enquanto o CD foi lançado apenas no Brasil, mas
esperamos em breve fechar o lançamento através de algum selo no exterior,
condição importante para que tenhamos uma boa divulgação e uma melhor estrutura
no agendamento de datas por lá.
É
interessante que além da sonoridade, o Symphony Draconis também se preocupa com
a parte estética, ou seja, visual. Qual a importância deste quesito para vocês?
Thiernox:
Quando você se dispõe a ter uma banda e pensa em levar isso a sério é preciso
que se leve em conta vários fatores extra-música, principalmente quando falamos
do Black Metal. A música nesse caso é apenas um dos elementos dentro de um
contexto que vai muito além. Para nós o Black Metal é filosofia, é levado a
sério na raiz de seu conceito, não escolhemos tocar esse estilo por nenhum
motivo que não seja identificação pessoal com todos esses conceitos. A imagem,
tanto da forma como a banda se expõe, quanto da concepção da arte do CD e das
mensagens (óbvias ou ocultas) lá inseridas é a exteriorização do que
acreditamos representar esse estilo. Uma real banda de Black Metal irá sempre
além de alguns acordes e um crucifixo invertido.
O
Brasil atualmente tem grandes nomes do Black Metal que abrangem as várias
facetas do estilo, tais como Patria, Imperium Infernale, Blackmass, além das
tradicionais que continuam na ativa como Amen Corner, Mystifier, Murder Rape.
Como vocês vêem a cena Black Metal brasileira hoje?
Thiernox:Vejo
a cena Black Metal Brasileira como uma das mais poderosas e “reais” do mundo
hoje. É claro que há muita escória infiltrada nesse meio, mas essas nunca duram
ou fazem história. Estou nesse meio há muitos anos e mantenho contato com
pessoas do mundo inteiro. Não tenho dúvida que a verdadeira cena do Black metal
brasileiro é hoje uma das poucas que mantém em sua essência a verdadeira
filosofia obscura. Está inserida na vida das pessoas que vivem isso, não como
hobbie, mas como uma escolha que as acompanhará para sempre. Musicalmente
falando também posso afirmar que o Black Metal Brasileiro é referência positiva
em qualquer lugar do mundo!
Muito
obrigado pela entrevista. Podem deixar uma mensagem aos leitores.
Symphony
Draconis: Mais uma vez queremos agradecer pela oportunidade e
apoio do Blog Arte Metal, e também aos seus seguidores e leitores. Estaremos
nos próximos meses divulgando o novo vídeo clipe oficial da banda. Estamos com
várias datas fechadas de shows até o fim do ano as quais vocês podem conferir
junto com as novidades ligadas a banda em nossa pagina no Facebook: fb.com/symphonydraconis
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