Sameh (baixo/guitarra/vocal)
e Foizer (guitarra), após o lançamento do debut “Exemption” (2011), resolveram
tocar o barco sozinho e começaram a trabalhar no álbum “Awake” (2014). A coisa
deu tão certo que a crítica especializada caiu de joelhos pela banda e agora a
dupla (que está analisando músicos para completar a formação do Mork) vem
colhendo os frutos e se apresentando em excelentes eventos como o Roça ‘n’ Roll
e se prepara para se apresentar no Agosto Negro. Conversamos com a dupla sobre
a ascensão do grupo, o mais recente álbum e muito mais.
Não
é comum começarmos falando do primeiro álbum, já que vocês estão divulgando o
segundo trabalho. Mas, “Exemption” (2011) já mostrava que a sonoridade do Mork
era diferenciada, mas fica aquela sensação de que falta algo. Vocês concordam?
Se sim, o que é que realmente estava faltando?
Foizer:
Primeiramente
muito obrigado pelo espaço e pelo apoio! Sim, concordo que faltava algo, mas
isso é normal na evolução de uma banda. Na época fizemos o melhor que podíamos
e o resultado foi esse que você vê no “Exemption”. Amadurecemos muita coisa de
lá pra cá, reformulamos a banda e decidimos seguir o que realmente queríamos. Antes
o Mork era uma banda com 6 pessoas, o que interferia bastante no produto final
das músicas por cada um querer colocar o que achava legal nas composições. As
linhas dos antigos membros estavam saindo brutalmente do que eu e Samhen
queríamos. Durante o processo de gravação do “Exemption” já houveram alguns
atritos entre nós, o que já refletia que as coisas estavam andando pra uma
direção que não queríamos. Antes de reformularmos a banda, houve mais uma
chance para todos ali mostrarem o que realmente queriam, e se a linha
individual de cada um estava de acordo com a proposta do Mork. Após algumas
semanas o que obtivemos dos antigos membros em matéria de composições para um
novo álbum estava fora de cogitação para a proposta que queríamos, o que
ocasionou a reformulação do Mork.
Samhen:
Com certeza, o som que a gente buscou era um pouco diferenciado, mas ainda
faltava maturidade musical porque aquele foi o nosso primeiro CD “full”, nisso
eu me refiro às composições, letras e postura profissional.
Até
porque a essência da banda se mantém no segundo disco, mas o salto em termos de
criatividade, qualidade sonora... enfim, uma evolução natural fica latente em
“Awake” (2014). Quais foram as principais mudanças desde a concepção de ideias
até a produção do novo disco?
Foizer:
Essas mudanças vieram com a reformulação da banda e com a liberdade total para
colocarmos o que realmente queríamos dentro das composições. No “Awake” optamos
por fazer tudo sozinhos, desde o processo de gravação até a mixagem e
masterização do álbum. Todo processo foi feito no home estúdio do Samhen. O que
você escuta no “Awake” é a verdadeira essência que buscamos no Mork.
Samhen:
Exatamente como o Foizer falou, uma das principais mudanças foi quando tivemos
a saída dos integrantes (bateria, baixo, teclado e guitarra). A banda virou um
duo e isso nos forçou ter um compromisso muito maior com a parte profissional e
intensificou muito mais o nosso foco em cada etapa de produção do álbum.
A
sonoridade da banda é focada no Black Metal com arranjos sinfônicos. É um tipo
de som em que se houver exagero pode-se perder tudo, até a credibilidade. Vocês
pensaram nisso e sentiram alguma pressão na hora de gravar o disco?
Foizer:
Concordo
que existem alguns limites para que o trabalho todo não seja comprometido, mas
quanto à pressão, na verdade não houve nenhuma, fizemos o álbum buscando
satisfação própria, fizemos o melhor que podíamos para chegar a um resultado
satisfatório.
Samhen:
Realmente,
não nos cobramos quanto a isso porque temos uma confiança no nosso bom senso. O
seu ponto de vista é uma grande realidade nesse estilo musical porque algumas
bandas se perdem na qualidade técnica, sonora ou performática e toda a proposta
que a banda idealizou acaba virando uma grande confusão.
Outra
característica que chama atenção em “Awake” é a melodia na medida certa. Isso é
algo que vocês planejaram ou flui naturalmente?
Foizer:
Muito obrigado! O processo flui naturalmente, sabemos exatamente o que
buscamos. Se alguma ideia fica 50% apagamos na hora e nos esforçamos para achar
algo que seja 100% do nosso agrado.
Samhen:
Somos criteriosos nesse aspecto, e, de tanto exigirmos de nós mesmos, esse processo
acaba fluindo naturalmente. É muito fácil perceber quando uma melodia é
planejada, soa musicalmente incapaz.
Por
que InfirmitaCarnis foi escolhida
para ser o videoclipe e como foi trabalhar neste vídeo?
Samhen:
Escolhemos essa música porque nós sentimos que ela é a mais fácil de ser
interpretada no nosso álbum, é o nosso cartão de visitas dessa nova proposta.
Foi muito interessante fazer esse clipe acontecer porque foi o primeiro da
nossa carreira e trabalhamos com uma equipe de primeira qualidade em um
matadouro desativado em Brasília, então todos nós estávamos tensos (risos)!
Qual
a importância a banda vê em lançar um clipe hoje em dia?
Foizer:
O clipe no meu ponto de vista é uma ferramenta muito importante, onde você pode
usa-lá para mostrar exatamente a ideia que você deseja transmitir. No clipe da
música Infirmita Carnis, por exemplo, pudemos mostrar o sentimento de uma
pessoa assumindo quem ela realmente é, no caso um canibal aceitando seus
sentimentos mais obscuros.
Samhen:
É simplesmente essencial, faz parte do negócio também ter uma divulgação
visual. Os tempos mudaram drasticamente, é tudo muito rápido e pouco absorvido,
então uma banda precisa ter muito mais do que apenas suas músicas gravadas se
quiser uma visualização maior e mais fácil do seu trabalho.
A
produção do disco soa atual, mas evita aquela ‘envernização’, aquela
plastificada tão comum hoje em dia no Metal. Esse era o resultado que vocês
buscavam?
Foizer:
Sim. Hoje em dia acaba que fica tudo igual em matéria de acabamento musical, o
que destrói a essência de algumas bandas. Usamos a tecnologia de áudio que
temos atualmente a nosso favor, sempre buscando usar os melhores recursos que
estão ao nosso alcance sem deixar que o resultado seja algo que não é real.
Samhen:
Com certeza. Nós buscamos fazer um trabalho com mais personalidade própria e
entregar algo diferenciado, ou não valeria a pena e seria como qualquer outra
banda no mercado.
E
por que optaram por trabalhar com um membro da banda, no caso Samhen
(vocalista/guitarrista)?
Foizer:
Quem melhor para confiar o trabalho do que um dos membros e fundadores do Mork?
Optamos por fazer tudo sozinhos, sem nenhuma interferência externa. Queríamos
chegar o mais próximo possível do que achamos ser a melhor sonoridade pra nós.
Mandar o material para qualquer outro produtor ia quebrar o que buscávamos pra
esse álbum. Samhen era sem dúvida a pessoa mais indicada e qualificada para
colocar a essência que queríamos no material, e em minha opinião ele fez um
trabalho incrível.
O
disco tem recebido excelentes críticas, muito acima da média mesmo. É óbvio que
a banda esperava algo positivo, mas vocês esperavam essa repercussão
praticamente unânime?
Foizer:
Estamos muito contentes com a recepção do material, achávamos sim que o álbum
ia ser bem recebido pelo público e pela mídia especializada, mas o resultado
foi muito acima do esperado! Estamos muito satisfeitos com o retorno positivo
que temos obtido. É muito legal ver que estamos trilhando o caminho certo.
Samhen:
A
gente torcia para ter uma recepção boa do álbum porque nos deu um trabalho
imenso em construí-lo, ainda mais porque ele foi fruto de uma reestruturação
profunda da banda.
Aliás,
o disco chegou a ser lançado ou obtido resposta do exterior?
Foizer:
Infelizmente ainda não conseguimos lançar o álbum no exterior, estamos
trabalhando nisso, mas de qualquer forma, mesmo sem termos um selo
internacional estamos recebendo respostas muito positivas de vários lugares mundo
a fora. Ficou mais fácil divulgar o trabalho com as várias ferramentas que
temos hoje em dia na internet.
O
que vocês estão preparando para o fest Agosto Negro que contará com a polêmica
banda Taake como headliner? Aliás, como anda a agenda de vocês?
Foizer:
Estamos trabalhando bastante para proporcionar ao público um show tão bom
quanto o CD. Estamos trabalhando bastante para agendar mais shows no Brasil e
mundo a fora, em breve teremos novidades!
Este
espaço é para vocês deixarem uma mensagem aos leitores. Muito obrigado.
Samhen:
Agradecemos imensamente a todos que estão buscando conhecer mais sobre a nossa
banda e nos ajudando a construir uma carreira no mercado nacional! Apenas com o
seu apoio e incentivo que a nossa banda e tantas outras poderão existir.
Foizer:
Muito obrigado pelo apoio e suporte de todos que acreditam no nosso trabalho!
Sem vocês não somos nada!
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