sexta-feira, 31 de julho de 2015

Entrevista: Mork



Sameh (baixo/guitarra/vocal) e Foizer (guitarra), após o lançamento do debut “Exemption” (2011), resolveram tocar o barco sozinho e começaram a trabalhar no álbum “Awake” (2014). A coisa deu tão certo que a crítica especializada caiu de joelhos pela banda e agora a dupla (que está analisando músicos para completar a formação do Mork) vem colhendo os frutos e se apresentando em excelentes eventos como o Roça ‘n’ Roll e se prepara para se apresentar no Agosto Negro. Conversamos com a dupla sobre a ascensão do grupo, o mais recente álbum e muito mais.

Não é comum começarmos falando do primeiro álbum, já que vocês estão divulgando o segundo trabalho. Mas, “Exemption” (2011) já mostrava que a sonoridade do Mork era diferenciada, mas fica aquela sensação de que falta algo. Vocês concordam? Se sim, o que é que realmente estava faltando?
Foizer: Primeiramente muito obrigado pelo espaço e pelo apoio! Sim, concordo que faltava algo, mas isso é normal na evolução de uma banda. Na época fizemos o melhor que podíamos e o resultado foi esse que você vê no “Exemption”. Amadurecemos muita coisa de lá pra cá, reformulamos a banda e decidimos seguir o que realmente queríamos. Antes o Mork era uma banda com 6 pessoas, o que interferia bastante no produto final das músicas por cada um querer colocar o que achava legal nas composições. As linhas dos antigos membros estavam saindo brutalmente do que eu e Samhen queríamos. Durante o processo de gravação do “Exemption” já houveram alguns atritos entre nós, o que já refletia que as coisas estavam andando pra uma direção que não queríamos. Antes de reformularmos a banda, houve mais uma chance para todos ali mostrarem o que realmente queriam, e se a linha individual de cada um estava de acordo com a proposta do Mork. Após algumas semanas o que obtivemos dos antigos membros em matéria de composições para um novo álbum estava fora de cogitação para a proposta que queríamos, o que ocasionou a reformulação do Mork.

Samhen: Com certeza, o som que a gente buscou era um pouco diferenciado, mas ainda faltava maturidade musical porque aquele foi o nosso primeiro CD “full”, nisso eu me refiro às composições, letras e postura profissional.

Até porque a essência da banda se mantém no segundo disco, mas o salto em termos de criatividade, qualidade sonora... enfim, uma evolução natural fica latente em “Awake” (2014). Quais foram as principais mudanças desde a concepção de ideias até a produção do novo disco?
Foizer: Essas mudanças vieram com a reformulação da banda e com a liberdade total para colocarmos o que realmente queríamos dentro das composições. No “Awake” optamos por fazer tudo sozinhos, desde o processo de gravação até a mixagem e masterização do álbum. Todo processo foi feito no home estúdio do Samhen. O que você escuta no “Awake” é a verdadeira essência que buscamos no Mork. 

Samhen: Exatamente como o Foizer falou, uma das principais mudanças foi quando tivemos a saída dos integrantes (bateria, baixo, teclado e guitarra). A banda virou um duo e isso nos forçou ter um compromisso muito maior com a parte profissional e intensificou muito mais o nosso foco em cada etapa de produção do álbum.



A sonoridade da banda é focada no Black Metal com arranjos sinfônicos. É um tipo de som em que se houver exagero pode-se perder tudo, até a credibilidade. Vocês pensaram nisso e sentiram alguma pressão na hora de gravar o disco?
Foizer: Concordo que existem alguns limites para que o trabalho todo não seja comprometido, mas quanto à pressão, na verdade não houve nenhuma, fizemos o álbum buscando satisfação própria, fizemos o melhor que podíamos para chegar a um resultado satisfatório.

Samhen: Realmente, não nos cobramos quanto a isso porque temos uma confiança no nosso bom senso. O seu ponto de vista é uma grande realidade nesse estilo musical porque algumas bandas se perdem na qualidade técnica, sonora ou performática e toda a proposta que a banda idealizou acaba virando uma grande confusão.

Outra característica que chama atenção em “Awake” é a melodia na medida certa. Isso é algo que vocês planejaram ou flui naturalmente?
Foizer: Muito obrigado! O processo flui naturalmente, sabemos exatamente o que buscamos. Se alguma ideia fica 50% apagamos na hora e nos esforçamos para achar algo que seja 100% do nosso agrado.

Samhen: Somos criteriosos nesse aspecto, e, de tanto exigirmos de nós mesmos, esse processo acaba fluindo naturalmente. É muito fácil perceber quando uma melodia é planejada, soa musicalmente incapaz.

Por que InfirmitaCarnis foi escolhida para ser o videoclipe e como foi trabalhar neste vídeo?
Samhen: Escolhemos essa música porque nós sentimos que ela é a mais fácil de ser interpretada no nosso álbum, é o nosso cartão de visitas dessa nova proposta. Foi muito interessante fazer esse clipe acontecer porque foi o primeiro da nossa carreira e trabalhamos com uma equipe de primeira qualidade em um matadouro desativado em Brasília, então todos nós estávamos tensos (risos)!

Qual a importância a banda vê em lançar um clipe hoje em dia?
Foizer: O clipe no meu ponto de vista é uma ferramenta muito importante, onde você pode usa-lá para mostrar exatamente a ideia que você deseja transmitir. No clipe da música Infirmita Carnis, por exemplo, pudemos mostrar o sentimento de uma pessoa assumindo quem ela realmente é, no caso um canibal aceitando seus sentimentos mais obscuros.

Samhen: É simplesmente essencial, faz parte do negócio também ter uma divulgação visual. Os tempos mudaram drasticamente, é tudo muito rápido e pouco absorvido, então uma banda precisa ter muito mais do que apenas suas músicas gravadas se quiser uma visualização maior e mais fácil do seu trabalho.



A produção do disco soa atual, mas evita aquela ‘envernização’, aquela plastificada tão comum hoje em dia no Metal. Esse era o resultado que vocês buscavam?
Foizer: Sim. Hoje em dia acaba que fica tudo igual em matéria de acabamento musical, o que destrói a essência de algumas bandas. Usamos a tecnologia de áudio que temos atualmente a nosso favor, sempre buscando usar os melhores recursos que estão ao nosso alcance sem deixar que o resultado seja algo que não é real.

Samhen: Com certeza. Nós buscamos fazer um trabalho com mais personalidade própria e entregar algo diferenciado, ou não valeria a pena e seria como qualquer outra banda no mercado.

E por que optaram por trabalhar com um membro da banda, no caso Samhen (vocalista/guitarrista)?
Foizer: Quem melhor para confiar o trabalho do que um dos membros e fundadores do Mork? Optamos por fazer tudo sozinhos, sem nenhuma interferência externa. Queríamos chegar o mais próximo possível do que achamos ser a melhor sonoridade pra nós. Mandar o material para qualquer outro produtor ia quebrar o que buscávamos pra esse álbum. Samhen era sem dúvida a pessoa mais indicada e qualificada para colocar a essência que queríamos no material, e em minha opinião ele fez um trabalho incrível.

O disco tem recebido excelentes críticas, muito acima da média mesmo. É óbvio que a banda esperava algo positivo, mas vocês esperavam essa repercussão praticamente unânime?
Foizer: Estamos muito contentes com a recepção do material, achávamos sim que o álbum ia ser bem recebido pelo público e pela mídia especializada, mas o resultado foi muito acima do esperado! Estamos muito satisfeitos com o retorno positivo que temos obtido. É muito legal ver que estamos trilhando o caminho certo.

Samhen: A gente torcia para ter uma recepção boa do álbum porque nos deu um trabalho imenso em construí-lo, ainda mais porque ele foi fruto de uma reestruturação profunda da banda.

Aliás, o disco chegou a ser lançado ou obtido resposta do exterior?
Foizer: Infelizmente ainda não conseguimos lançar o álbum no exterior, estamos trabalhando nisso, mas de qualquer forma, mesmo sem termos um selo internacional estamos recebendo respostas muito positivas de vários lugares mundo a fora. Ficou mais fácil divulgar o trabalho com as várias ferramentas que temos hoje em dia na internet.

O que vocês estão preparando para o fest Agosto Negro que contará com a polêmica banda Taake como headliner? Aliás, como anda a agenda de vocês?
Foizer: Estamos trabalhando bastante para proporcionar ao público um show tão bom quanto o CD. Estamos trabalhando bastante para agendar mais shows no Brasil e mundo a fora, em breve teremos novidades!


Este espaço é para vocês deixarem uma mensagem aos leitores. Muito obrigado.
Samhen: Agradecemos imensamente a todos que estão buscando conhecer mais sobre a nossa banda e nos ajudando a construir uma carreira no mercado nacional! Apenas com o seu apoio e incentivo que a nossa banda e tantas outras poderão existir.

Foizer: Muito obrigado pelo apoio e suporte de todos que acreditam no nosso trabalho! Sem vocês não somos nada!


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