Retornando como um trio
formado por War Feres (vocal/baixo), Marcelo Furlanetto (bateria) e Blasphemer
(guitarra), a banda Justabeli mostra um salto gigantesco de qualidade com seu
novo trabalho “Cause the War Never Ends...”, lançado este ano pela Mutilation
Records. Conversamos com War Feres, o mentor por trás do power trio, sobre o
novo trabalho, o hiato de sete anos que a banda ficou meio que adormecida, além
de outros assuntos a envolvendo nesta entrevista a seguir.
Primeiramente
o que aconteceu para a Justabeli ficar fora de cena durante praticamente 7
anos?
War
Feres: Tirando a falta de grana, estrutura e outros, o
principal motivo desse longo intervalo foram as inúmeras mudanças de formação.
Se dependesse se só de mim, este CD já tinha sido lançado há muito tempo(risos).
Pensando nisso eu resolvi tomar a frente em absolutamente tudo na banda e a
partir daí, em 2014, as coisas começaram a acontecer rapidamente, pois as atividades
de uma banda não consistem só em ensaiar, você tem que compor, gravar, fazer
contatos, divulgar, pensar em uma arte para o CD e etc... Como em toda
organização, ela precisa de um líder, em uma banda não é diferente. Hoje tenho
um ponto de vista totalmente profissional dentro do Justabeli, penso que um
soldado desmotivado pode contaminar os outros, antes que isso aconteça, este
deve seguir outro caminho...
A
banda voltou como um trio com dois novos integrantes, Marcelo Furlanetto
(bateria, ex-Centennial, Endless War) e Blasphemer (guitarra, Sardonic
Impious). Como foi o retorno e como se deu as entradas de Marcelo e Blasphemer?
War
Feres: Quando decidi retomar as atividades da banda, antes
do Blasphemer entrar no Justabeli, eu procurei o Victor Prospero e fiz o
convite, deixei bem claro qual era a minha ideia, terminar de compor e gravar.
E ele me passou suas condições, que seria um prazer me ajudar e que já sentia
vontade de tocar no Justabeli, porém não conseguiria conciliar uma rotina de
ensaios e shows. Sendo assim, eu já sabia que não poderia contar com ele para
essas atividades... Mesmo assim, fizemos três shows tocando ao lado de grandes
nomes como, Ocultan, Mystifier, Sardonic Impious, Morte Negra, Krisiun e
Rotting Christ. Fiz alguns testes com outros guitarristas, mas de todos, o que
mais tinha a cara da banda era o Blasphemer, além de ser um músico experiente,
é pontual, dedicado, tem um bom equipamento e postura, que pra mim é o mais
importante, aquele sangue nos olhos para tocar, pois isso não é só música, tem
que correr nas veias. O mesmo também gosta de compor e isso é muito bom para
uma banda. Antes disso, o Victor já tinha me apresentado o Furlanetto. Estou
muito feliz com esta formação, e espero que dure... (risos)
Quando
a banda começou a compor o segundo disco “Cause the War Never Ends...” (2015)?
Há músicas de longa data ou o trabalho de composição se iniciou após o retorno
do Justabeli?
War
Feres: Eu já tinha algumas coisas prontas quando juntei
minhas ideias com as do Victor (o mesmo tem uma bagagem musical muito boa
teoricamente falando e isso ajudou muito...), a Infected By Radiation, por exemplo, é uma música antiga, ela
deveria ter sido gravada no “Hell War” (debut de 2008), mas sairia mais caro e
nosso dinheiro tinha acabado, ficou de fora... (risos).
O
disco traz um salto de qualidade tanto na produção quanto nas composições
enorme. Isso se deve ao fato de terem ficado parados por algum tempo? Enfim,
esse hiato ajudou no amadurecimento?
War
Feres: Acho que a evolução de uma banda acontece de forma
natural, musicalmente falando... Mas este álbum foi tratado desde o inicio como
uma coisa muito especial, eu queria fazer de tudo para que ficasse com a melhor
qualidade possível em todos os sentidos e o Victor abraçou essa causa...
Lapidamos riff por riff, até que ficasse de um jeito que agradasse a todos,
tudo feito com a maior dedicação. Na produção o Victor se empenhou muito,
passando noites sem dormir trabalhando no disco, a produção final ficou por
conta do Marcos Cerutti e eu opinando sempre.
De
qualquer forma o primeiro disco “Hell War” (2008) traz composições de ótimo
nível. Quais as principais diferenças e similaridades você vê entre o debut e
“Cause the War Never Ends...”?
War
Feres: Tecnicamente falando, a diferença é notável, na época
que gravamos o “Hell War” não tínhamos nenhuma experiência, erros que foram
cometidos não se repetiram no “Cause The War Never Ends...”. Mas na a essência
continua a mesma, a fúria e o ódio na hora de tocar não mudou, só aumentou e
continuamos mais satânicos do que nunca, por isso o nome “A GERRA NUNCA
ACABA...”.
Uma
das coisas que chama atenção na sonoridade do novo álbum é como vocês conseguem
manter a rusticidade característica do som da banda com uma roupagem atual.
Fale-nos um pouco a respeito disso.
War
Feres: Como já disse a essência é a mesma, a diferença que
hoje somos profissionais e é claro que a experiência ajuda muito.
Um
pouco de melodia também é encontrada nas novas composições. De qualquer forma
isso não tira a brutalidade do trabalho. Isso é algo natural ou a banda se
policiou em relação a isso?
War
Feres: Foi natural, como eu sempre gostei de compor e o
Victor também já fazia isso em bandas que ele já tocou, não foi difícil, talvez
essa dupla com dois lideres natos, possa ter facilitado a coisa acontecer,
juntando a minha agressividade crua e criativa com a brutalidade técnica e teórica
do Victor.
As
músicas também mostram mais variação rítmica e versatilidade, você concorda?
War
Feres: Sim, depois que o Krisium estourou, muitas bandas
tentavam fazer a mesma coisa que eles, misturando velocidade com muitas notas
gerando o chamado “Brutal Death Metal”. Eu particularmente prefiro o Death/Black
old scool.
Como
foi o trabalho de produção com Marcos Cerutti? Por que o escolheram?
Foi muito satisfatório, além de ser um cara
gente boa é muito prestativo e competente. Eu já conhecia o trabalho dele com o
Terminal Illusion e Blaster Pain, o escolhemos porque queríamos alguém que
conhecesse e gostasse do tipo de som que agente queria para o álbum.
“Cause
the War Never Ends...” foi lançado pela Mutilation Records, selo renomado e
especialista em Metal extremo no Brasil. Como surgiu essa parceria e como vocês
vêem o trabalho da gravadora?
War
Feres: Depois que o CD ficou pronto, comecei a procurar
selos mandei o material para vários. Deu certo com a Mutilation, assim como os
parceiros distribuidores Violent Records - SP; Nyarlathotep Records - SP; UBD
Distro - AM; Rock Animal - RS; Blasphemic Art Distro - RS; Pictures From Hell
Distro - BA; Odicelaf Zine - BA. O trabalho vem sendo muito bom, você pode
adquirir o CD em qualquer parte do Brasil: Sudeste, Sul, Norte e Nordeste do
pais.
O
disco foi lançado recentemente, mas como está a repercussão de “Cause the War
Never Ends...” até então?
War
Feres: A Repercussão esta sendo muito boa, o CD também
será lançado na Europa pelo selo sueco Black Lion.
Quais
os planos agora? Enfim, como está a agenda da banda?
War
Feres: Os planos são dar continuação na divulgação do
disco e ver no que vai dar... Quanto á agenda, não vamos fazer muitos shows.
Fizemos apenas dois até o momento (Várzea Paulista/SP e Santo André/SP). Isso
não ocorre pela falta de convites e sim pela falta de apoio dos produtores.
Pois na verdade o que pedimos pra tocar nem pode ser considerado como um cachê
e sim como uma ajuda de custo, e mesmo assim quando o
pedimos, a maioria dos produtores não dá nem uma contra proposta, porque já sabe
que outra banda vai lá, e toca sem pedir nada... Entenda, não sou contra as
bandas que tocam de graça, pois já toquei muito e acho que cada um administra
do jeito que acha melhor e nem sou contra o produtor, porque na maioria das
vezes o público simplesmente não comparece. Mas a banda também se fode com
combustível, comida, bebida, ensaios, em fim, não dá pra ficar tirando dinheiro
do bolso para tocar. A meu ver, o público de hoje em dia só vai em shows de
bandas com um nome já consolidado, quando se trata de um show underground, só
quem comparece são aqueles mesmos fiéis guerreiros...
Muito
obrigado, este espaço é pra vocês deixarem uma mensagem aos leitores.
War
Feres: Quero agradecer primeiramente ao espaço e precioso
apoio, e a todos que de uma forma ou outra nos ajudam nessa batalha sem fim...
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