Apesar
de ser formado em 2003, o Sky In Flames só foi lançar seu primeiro EP neste
ano. Oriundo de Esteio/RS, o grupo atualmente é formado por Wagner Santos
(vocal/guitarra), Fabiano Oliveira (guitarra), Jeverson Eberle (baixo) e Jeferson
Pereira (bateria), que praticam um Death Metal sem fechar o leque abrangendo
Thrash e Black Metal. Quem nos falou mais sobre o trabalho e a banda foi o
vocalista e guitarrista Wagner, confira nas linhas abaixo.
São mais de 10 anos de carreira,
mas até então o Sky In Flames não tinha lançado nenhum trabalho ‘oficial’. Qual
o motivo disso?
Wagner Santos:
Não tínhamos uma agência de assessoria e imprensa para nos direcionar às
gravadoras o que torna muito difícil gravar algo. Tendo esta ferramenta agora
ao nosso lado tudo fica menos difícil, precisávamos deste trabalho em mãos para
poder seguir em frente com shows e ter nossa própria banca de marketing para
fazer a banda viver dela mesma ao invés de ficarmos injetando dinheiro nela o
tempo todo, o que torna tudo mais desgastante.
Dado isso, como foi o processo de
criação e produção de “In Cailleach Winter Veil”?
Wagner:
As músicas que estamos lançando como inéditas neste trabalho são composições
antigas e a muito aguardavam o momento de serem lançadas, particularmente eu
não aguento mais ouvir elas (risos). As músicas bônus foram adicionadas ao CD,
pois elas não tiveram lançamento físico por uma gravadora, a demo “Blinded by
Hate” (2007) teve uma tiragem que não atingiu 50 cópias pois foi feita por nós
mesmos e o single “Carnal Putrefaction” (2007) foi duplicado da mesma forma
para que pudéssemos apresentá-lo em um show que fizemos em São Paulo na época.
O disco traz uma sonoridade focada
no Death Metal, mas com uma boa dose de melodia. Poderíamos considerar o Sky In
Flames uma banda de Melodic Death Metal?
Wagner:
As últimas resenhas que tenho lido sobre este lançamento eu já li dizerem que a
banda é de Death Metal Melódico outras de Brutal Death Metal, Algumas de Old
School, Black Death Metal, então baseado nisso eu prefiro não intervir, deixo que cada um faça seu próprio critério. Se você
escutar a música Nights Of Sacrifice vai
perceber que ela é uma música que soa como Death Metal mas ela não é melodiosa,
agora se escutarmos a Into The Light ela
se torna um Death Metal Melódico autentico. Shadows
tem um ambiente tão sombrio na intro e termina de forma extrema, sem falar que
a letra é totalmente atípica do que estamos escutando nas bandas que estão
surgindo de 10 anos para cá. Temos a Subliminal
Neurologic Destruction que questiona a própria existência e a música já
inicia sendo de forma brutal, então eu acredito que o melhor que temos a fazer
é deixar a banda sendo conhecida pelo gênero Death Metal e dentro disso
deixarmos que os ouvintes decidam o que estão escutando.
Aliás, ainda há elementos típicos
do Black Metal que se consagrou na década de 90...
Wagner: Sou
um grande fã de Black Metal e recebo material de muitos lugares do mundo e hoje
graças às grandes produções de estúdio o gênero vem consagrando bandas de
países de fora da Europa. No início de tudo era terrível, pois as gravadoras
não entendiam a proposta das bandas e acabavam por não lapidar melhor a
produção dos álbuns na época, e hoje as bandas que estão surgindo já não se
guiam mais por aqueles materiais, hoje as bandas estão prezando pela produção
do trabalho que estão para lançar, e isso não é diferente de nossa proposta
pois as letras da banda possuem um enraizamento muito forte dentro do Black
Metal e temos muito orgulho disso.
Falando sobre a produção do
trabalho, ela é de qualidade e soa mais orgânica e fiel do que o que nos
acostumamos a encontrar hoje em dia. Esse foi o objetivo da banda? Como foi
esse processo?
Wagner:
Se eu te contar que este álbum não foi finalizado você vai acreditar? E se eu
te contar que o que você está escutando é apenas o material capitado dentro de
estúdio e apenas foi alinhado os volumes você acreditaria? Pois bem, isso foi o
que aconteceu, gravamos os instrumentos e a voz em um único final de semana e
não tivemos tempo para mixar ou masterizar, quando começamos a gravar tínhamos
fechado contrato com uma gravadora que pagaria gravação deste trabalho, mas aí
os meses foram se passando e o valor negociado não veio. Então decidimos
cancelar a agência de assessoria e imprensa que havia fechado o contrato e
estamos à espera da resposta desta gravadora até hoje sendo que esperamos que
ela não tenha esquecido que temos um contrato assinado e gravado em vídeo
disponível para todos verem no Youtube. Como não tínhamos a verba para fechar o
pacote e recolher o material decidimos correr atrás de outra agencia de
assessoria e imprensa e eis que surge a Heavy And Hell Press que passa a
administrar a banda, colocamos o Renato Gimli Sanson a par de toda a história e
prontamente ele começou a fazer contato com as gravadoras do Brasil, em 7 dias
ele tinha 5 propostas de contrato para nossa análise e acabamos por fechar com
a Cripta Discos. Mas como toda a gravadora tem seus prazos limites, com esta
não foi diferente e em uma semana tinha que ser decidido lançar desta forma ou
abortar a missão de vez e imagine você qual decisão tomamos? (muitos risos)
Um dos fatores importantes na
música do Sky In Flames é que mesmo se utilizando de uma boa dose de melodia em
suas composições, a banda consegue manter a aura maléfica em seu som, sem soar ‘água
com açúcar’. Qual seria a fórmula disso?
Wagner:
Trabalhamos com melodias que não são convencionais, é terrível escutar uma
música em que se sabe em que momento vai entrar o refrão, ou em que momento vai
entrar o solo, isso é muito chato... Então quando estamos compondo, primeiro
alinhamos a música e depois mudamos a cara dela desagregando os padrões
notáveis da linha musical. Hoje em dia é um saco escutar uma música de 6
minutos, mas se você escutar a Shadows
nem vai sentir que se passou todo este tempo. A forma em que compomos as
músicas vai dar o que falar quando lançarmos o próximo material e aí sim
poderemos mostrar do que a banda é capaz. Todos nós estamos preparados para
lançar um material que certamente irá mudar o cenário rítmico do Death Metal
sem tornar o gênero mais um clichê esporádico no underground. Na mudança de
formação em 2012 com a entrada de Fabiano Oliveira (guitarra), o entendimento
de melodias e construção musical foi mudado em 75%, eu não tenho como explicar
em palavras como isto tudo está sendo de grande valor à banda, mas posso afirmar
que o próximo material não será convencional mas será aquele trabalho que será
escutado várias vezes e não será igual a nada já escutado antes.
Aliás, as letras fortes
anti-religião podem ser um dos fatores que mantém essa aura. Fale-nos um pouco
do contexto das letras de “In Cailleach Winter Veil”?
Wagner:
É sempre um desafio criar uma letra sem parecer com algo hoje em dia e quando o
assunto é religião isso parece que piora ainda mais por que não teve banda que
não tirou uma parte controversa da bíblia, ou do corão ou da tora, então tento
mesclar isso com a política, ou aos costumes antigos. Já estou em processo de
finalização das letras do próximo trabalho e sempre tem uma coisa aqui e outra
ali para mudar, eu sempre mostro as letras para a banda quando termino de
escrever, mas acredito que tudo que mostrei já foi mudado tantas vezes que nem
me lembro da matriz inicial (risos). Mas sempre visando a melhoria do
entendimento de tudo como um todo, de nada adianta eu falar de um Deus Sumério
que só eu e a banda leu ou ouviu falar, quando isso acontecer deve ser de forma
contada sem ser fatídico. A letra da Nights
Of Sacrifice é direcionada ao Black Metal e ao War Metal, e quando se lê
uma letra daquelas adicionada a um padrão rítmico tão intenso como o dela você
sente realmente que tem algo ali que te passa o sentimento de raiva na guerra.
E como tem sido a repercussão de
“In Cailleach Winter Veil”?
Wagner:
O show de lançamento será dia 12 de setembro e estamos ansiosos para saber das
pessoas o que elas acharam do que estão escutando, e pelo que tenho acompanhado
em nossa página no Facebook os nossos seguidores, fãs e amigos estão felizes
por nós, mas nem todos usam as redes sociais para isso, então nada melhor do
que poder ver isso em um show; Sempre fomos bem recebidos por todos os lugares
que passamos e esperamos que este novo trabalho possa trazer mais contatos para
shows. Em 2014 tocamos no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná e este ano
temos este lançamento, parece que tudo está se encaminhando para nós.
Enfim, falem-nos dos planos da
banda para este resto de ano.
Wagner:
Por enquanto estamos focados apenas no lançamento deste trabalho e em finalizar
o as músicas novas. Sobre shows isso fica a cargo da nossa assessoria, pois são
eles que mantêm a nossa agenda em dia; Este ano foi muito puxado para nós mesmo
estando mais tempo em estúdio do que tocando em festivais, estamos dando o
máximo de nós para poder trazer um material mais extremo e bem mais coeso, sem
tanta melodia também (risos).
Muito obrigado pela entrevista.
Podem deixar uma mensagem
Wagner:
Agradeço ao Blog Arte Metal pela oportunidade de estar falando sobre a banda,
ao Estúdio Audiocore que é o local onde ensaiamos a TENENT que é meu patrocinador;
a Heavy and Hell Press por estar conosco nesta caminhada e a todos os nossos
amigos e seguidores. Horns
up \m/.
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