Por
Vitor
Franceschini
Foram seis anos de
estrada até chegar ao primeiro álbum “Involution”, lançado este ano. Uma espera
razoável mas que valeu à pena, afinal o primeiro trabalho dos paulistas do
Primator traz o encontro do Metal das antigas com o atual de forma equilibrada
e precisa. Conversamos com o guitarrista Márcio Dassié e o vocalista Rodrigo
Sinopoli que ao lado de Diego Lima (guitarra), André dos Anjos (baixo) e Lucas
Assunção (bateria) batalham no underground buscando o espaço que merecem.
Primeiramente
conte-nos um pouco da história do Primator, afinal a banda surgiu e lançou
somente “Involution” (2015)?
Márcio
Dassié: Eu e o
Rodrigo montamos o Primator
em um bar em 2009. Demos início à composição da
auto-intitulada Primator e iniciamos
ensaios com outro baterista e outro guitarrista à época. Com a primeira
formação estabilizada em 2012, e contando com cinco músicas compostas (Primator, Deadland, Praying For Nothing,
Erase the Rainbow e Let me live Again)
o Primator
participou do festival
“Ideia Rock Fest” no segundo semestre de 2012, festival
voltado a todas as vertentes do rock, ficando na 3 º colocação, sendo a banda de Heavy Metal melhor
colocada. O curioso é que até aquele momento não tínhamos nenhum feedback de
nossas músicas e ficamos extremamente felizes com a resposta do público.
E
como foi o processo de composição do debut? O disco foi composto recentemente
ou vocês vêm trabalhando neste lançamento há algum tempo?
Márcio
-
O processo de composição se deu em duas fases. Conforme dito antes, as músicas Primator, Deadland, Praying For Nothing,
Erase the Rainbow e Let me live Again
foram compostas entre final de
2009 e o primeiro semestre de 2012. As demais músicas (Caroline, Black Tormentor, Flames of Hades,
Face the Death e Involution)
foram músicas compostas do final de 2012 até o final de 2014. O processo de composição sempre
levou em conta as letras e as “melodias vocais” criadas pelo Rodrigo, seguida
dos riffs e bases criadas por mim. Aprimorada esta estrutura inicial da música
por toda a banda durante as “jams” até que o resultado final agrade a todos (ou
a maioria... risos).
O
Primator mostra um Heavy Metal tradicional que consegue soar atual, mesmo
carregando influências de nomes surgidos há 30 anos. Existe uma fórmula e/ou
receita para isso?
Márcio
-
A grandeza de uma música não reside na quantidade de notas dentro de um
compasso ou a rapidez na qual ela é executada.
Música boa tem que
ter alma. Música com
alma é aquela que transcende ao tempo, transborda emoções e
sensações, conta uma história e desperta um significado a quem a escuta, acho
que a fórmula é essa.
Soar
datado foi algo com que a banda se preocupou?
Márcio
-
No nosso processo de criação nunca nos preocupamos com “clichês” do Heavy
Metal, daí a alternância visível entre as músicas do “Involution”.
Aliás,
essa sonoridade atual tem o dedo do produtor Daniel Sá que trabalhou no Studio
GR. Como foi trabalhar com
Daniel e por que escolheram ele pra trabalhar em
“Involution”?
Márcio
-
Tivemos uma primeira experiência desagradável na primeira gravação em outro
estúdio. Procurando outro local para gravar, o Diego indicou o Daniel do
Estúdio GR. Após uma longa conversa, gravamos a música Primator e o resultado ficou fantástico. Trabalhar com o Daniel foi tranquilo
e divertido, cada vez mais após a gravação de cada faixa.
Claro
que guitarras são fundamentais no Heavy Metal. Mas no trabalho mostrado em
“Involution”, as guitarras de
Diego Lima e Márcio Dassié transpiram Metal, coisa que somente
nomes como Judas Priest e Accept atingiram em todo esse tempo. Como foi a busca
por esse resultado?
Márcio
-
Eu e o Diego tocamos guitarra há muito tempo e temos muita influência dos
grandes guitarristas de Heavy Metal. Por conta disso, creio que transpirar Metal
foi algo meio que natural e espontâneo nos sons do Primator, sem que houvesse
alguma busca para soar de um jeito ou de outro, ou mesmo como alguém. Comparar
com Judas Priest e Accept é um elogio absoluto, ficamos extremamente
lisonjeados.
A
variação rítmica do disco também é mais um ponto positivo. Muitas bandas do gênero
apostam sempre em velocidade, vocês resolveram alternar isso e faz com que o
disco fique ainda mais bacana. Esse foi um dos objetivos ou fluiu naturalmente?
Márcio
- Diante
da liberdade de composição que a banda possui creio que tenha fluído
naturalmente.
A
temática de “Involution” é inspirada na ‘Origem das Espécies” de Darwin. O
disco chega a ser conceitual? Conte-nos um pouco sobre a mensagem por trás do
debut.
Rodrigo
Sinopoli - O tema da involução é muito amplo e atual. Todas
as faixas do álbum se encaixam em algum ponto do conceito, mesmo que de forma sutil e , às
vezes, até subliminar. Quando tivemos a ideia, metade do “Involution’ já estava
pronto, e percebemos que as músicas conversavam entre si, com críticas
políticas, sociais e religiosas. Tudo isso, por si só, já denotava esta falha
no caminhar da humanidade. O que fiz para fechar o álbum foi justamente focar
mais ainda no tema e buscar os outros caminhos, até então inexplorados.
Como
“Involution” tem sido recebido pela crítica e pelo público? O álbum chegou a
ter repercussão no exterior?
Márcio
-
Desde o lançamento a grande maioria da crítica e público tem recebido bem o
álbum. Algumas cópias foram enviadas ao exterior e tem sido igualmente bem
recebida, o que poderá gerar em breve uma turnê à Europa ou aos Estados Unidos.
E
como anda o trabalho de divulgação? Enfim, a banda fará e tem feito vários shows?
Rodrigo
–
Shows para uma banda nova
de Heavy Metal no Brasil é um tanto quanto complicado. São
fechados em cima da hora, nos dando pouco tempo para divulgação e existe
uma “panela” para tocar em grandes festivais. Muitas vezes as bandas pagam para
se apresentar e isso o
Primator não faz. Hoje, estamos com uma média de um show por
mês e temos explorado o
interior de São Paulo, com planos para tocar no Paraná e em
algumas cidades do Norte/Nordeste, mas nada concreto ainda. A propósito, esta
espera por uma turnê e uma grande quantidade de shows no Brasil acabam por
deteriorar a disposição das bandas em lançarem novos trabalhos, quando se
deparam com a falta de
apoio e público. Independente disso, nós estamos usando nosso
tempo livre para trabalhar no próximo álbum, que pretendemos lançar já em 2016.
Em
entrevista com a banda carioca Syren eles afirmaram que o Heavy Metal
tradicional nunca saiu de cena. Acredito eu que o estilo teve uma reerguida
novamente, principalmente em nossa cena local. Qual a opinião de vocês a
respeito disso? O
Metal tradicional tem recebido mais atenção ultimamente?
Márcio
-
Concordo que o Metal tradicional nunca saiu de cena e também que
nunca sairá. Boa parte do público de Metal tradicional sente falta de bandas
novas do gênero. Inclusive fiquei sabendo recentemente que nos Estados Unidos
há um crescimento generoso do público de Metal tradicional, o que poderá
propiciar em 2016 uma turnê do Primator pelas terras do Tio Sam.
Muito
obrigado pela entrevista. Podem deixar uma mensagem e os planos do Primator
neste espaço.
Rodrigo
–
Primeiramente, agradecemos pela entrevista e parabéns pelo teor e conteúdo das
perguntas! Esperamos que todos recebam do “Involution” a mensagem que
pretendemos passar e busquem por coisas novas, apoiem a cena local e nacional e compareçam
aos shows, pois só assim conseguiremos garantir o futuro do Heavy Metal no
Brasil. Mais uma vez, agradeço à todos
os que nos incentivam e nos querem bem! Tenham a certeza de que ainda ouvirão
falar muito do Primator! Grande abraço a todos!
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Informações:
www.bandaprimator.com.br
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