Por Vitor Franceschini
Imagina se nomes como
Stooges, MC5, Black Sabbath e Titãs se fundissem e resolvessem apostar em uma
sonoridade atual? Pois é mais ou menos isso no que o Stoneria aposta. Afinal,
encontramos em seu primeiro álbum auto-intitulado elementos que vão desde o
Pop/Rock Nacional, passando pelo Punk, Stoner Rock e até Metal. De uma forma
bem tocada e com peso, o grupo destila uma música diferente e interessante. O
guitarrista Pedro conversou com o Arte Metal e falou um pouco mais sobre a
banda, sua proposta e o álbum. Completam o time JJ Zen (vocal), Arthur
(bateria) e Jimi (baixo)
Primeiramente,
uma pergunta de cunho até particular (risos). Quando vi o nome da banda
imaginei que seria um autêntico grupo de Stoner Rock e/ou Metal. Mas a banda é
mais que apenas isso. Qual o sentido do nome Stoneria?
Pedro:
O nome da banda sempre gera essa confusão, a gente se acostumou com isso, no
decorrer do tempo. O nome veio de uma brincadeira, ainda antes de eu entrar na
banda, apenas o JJ Zen e o Art faziam parte, por uma influência do Stones, e pelo
fato de ocorrerem muitas confusões nos shows. Sempre apareciam pessoas
alteradas demais, tanto pelo álcool, como por outras substâncias, e geravam
situações inusitadas, e começaram a falar que "tava começando a
'stoneria!". Não que muita coisa tenha mudado de lá pra cá, entraram novos
integrantes, gravamos nosso material, mas ainda continuam ocorrendo situações
curiosas.
Como
eu disse, a banda não aposta apenas em um estilo e faz uma mescla interessante
que inclui elementos do Rock alternativo, Punk, Rock nacional e Classic Rock.
Como vocês se definiriam, mesmo a maioria das bandas não gostando de se
rotular? (risos)
Pedro:
Nós nos definimos como uma banda de Rock! Rock puro e simples. O estilo já
abrange muita coisa, e permite absorver elementos de outros estilos musicais, e
isso reflete no nosso som, na mistura que fizemos, mas nunca nos venderemos como
uma banda que seja outra coisa, a não ser o Rock.
Aliás,
esses elementos são as reais influências de vocês?
Pedro:
A gente sempre procura trazer algo que seja interessante, ou que pareça
interessante, pro nosso som. Como falado, nós tocamos e ouvimos rock, mas
estamos sempre abertos pra o que vem de fora, desde que acrescente algo
positivo.
A
sonoridade, aliás, passa uma aura de música inteligente, mas que ao mesmo tempo
apostam em algo mais ‘debochado e ‘escachado’ (incluindo nas letras). Falem-nos
um pouco a respeito disso.
Pedro:
Cara, ficamos felizes que passamos essa impressão! (risos) Acontece que o Rock
aqui no Brasil, já tá cheio de letras bonitinhas demais! Não nos achamos
arrumados o suficiente pra isso, e as músicas e letras refletem esse aspecto.
Além disso, as bandas que ouvimos, dão esse tratamento para os temas das suas
músicas, e naturalmente, a gente seguiu o mesmo caminho.
E
como foi trabalhar no primeiro disco? Como é o processo de composição da banda?
Pedro:
Foi um processo longo e cansativo, mas foi lindo! Meses antes de entrarmos em
estúdio, começamos a definir os arranjos, solos e BPM de cada música, e fizemos
uma série de ensaios com o metrônomo. Tivemos apoio do nosso amigo Flávio Gois,
que por motivos de agenda, não pôde
assumir a produção. Nesse meio tempo, entramos em contato com alguns estúdios,
que gravam artistas e bandas do mesmo estilo que o nosso, e o pessoal do El
Rocha nos apresentou a proposta mais interessante, tanto pela maneira como eles
trabalham, quanto pelo espaço e equipamentos disponíveis. Foi 1 semana de
gravação, e levamos 3 dias pra gravar todas as bases, que foram realizadas com
todo mundo tocando junto, o que garantiu
esse som mais natural e orgânico, e usamos o restante dos dias pra gravar
solos, guitarras adicionais e vozes. Foi um belo aprendizado, pois ao final do
processo, nós vimos que éramos uma banda muito mais consistente! Nosso processo
de composição é o mais simples, algum membro da banda apresenta alguma idéia de
riff, melodia ou levada, e vamos criando cada parte em conjunto, e o JJ Zen
apresenta as letras depois, pois ele quer sentir a pegada de cada música, pra
definir um tema ideal pra letra. Claro que há exceções, em que alguma música já
é apresentada praticamente pronta, faltando apenas a parte da voz, mas no
geral, é um processo em conjunto.
Sei
que os músicos nunca ficam completamente satisfeitos com o resultado final (o
que é, de certa forma, positivo). Mas vocês conseguiram atingir o nível
desejado no disco?
Pedro:
Isso
é normal pra todo músico, ninguém fica totalmente satisfeito com o resultado
final do disco, sempre acha que podia ter feito algo a mais ou diferente.
Sempre que ouço o disco, tenho essa sensação que alguns trechos, eu podia ter
tocado melhor, ou ter feito outro solo, mas a gente convive com isso e tenta
fazer melhor no próximo trabalho. Apesar disso, o resultado do disco ficou
dentro das nossas expectativas, e o mais importante, é que as pessoas estão
ouvindo e gostando, e isso já é um sucesso! Queremos agora, é mais.
Outra
coisa que chama atenção é o fato de vocês serem músicos de alto nível, mas
seguirem um caminho mais simples. Porém, a banda está longe de soar comum. O
que podem falar a respeito?
Pedro:
As músicas foram escritas em momentos diferentes, e já tinham essa proposta da
simplicidade intrínseca ao Rock. O que fizemos ao longo do tempo, e com a
entrada de novos integrantes, foi trabalhar em cada música pra chegar no melhor
resultado que conseguíssemos. Como cada um tem uma vivência diferente, os
arranjos finais soaram simples, mas com um "Q" a mais.
A
música A Cela foi escolhida para o
videoclipe. Por que a escolheram? Como foi trabalhar no vídeo e qual
importância vocês vêem em lançar algo neste formato?
Pedro:
Antes de lançarmos o disco físico, lançamos o material primeiro na internet e
logo após, decidimos fazer um clipe pra dar uma "pré-impulsionada"
nele, digamos assim. Fizemos um levantamento de quais eram as músicas com mais
acesso, e das 3 que estavam no
topo, começamos a pensar num roteiro para o vídeo. Como rolaram inúmeras
divergências, decidimos chamar nosso amigo Leo Ronqui, do Nuestro Odio, pra
produzir nosso clipe, pois ele já tem um trabalho nessa área. Apresentamos as 3
músicas escolhidas, e no prazo de uma semana, ele entregou pra gente o roteiro
pra A Cela, e a gente abraçou na
hora. Foram 2 dias de gravação, o primeiro pra filmar a banda tocando, e o
segundo, pra filmar as pessoas interagindo, usando apenas 2 câmeras. O vídeo
tem ganhado uma importância cada vez maior, é a porta de entrada pro artista,
pras pessoas conhecerem o trabalho do mesmo. A imagem tem tomada uma relevância
muito grande no meio, e o vídeo mistura isso, a imagem do artista, com o
trabalho dele. É cada vez mais comum a
banda soltar pelo menos um videoclipe, antes de lançar o disco.
E
como tem sido a repercussão de “Stoneria” até então? O trabalho de divulgação
tem permitido mais shows, enfim, qual espaço vocês têm conquistado?
Pedro:
Até
o momento, tivemos uma repercussão bem positiva, tanto do público, quanto em
resenhas que fizeram do nosso trabalho. De lá pra cá, surgiram cada vez mais
oportunidades melhores, tocando em eventos de prefeitura, festivais
independentes, fechando parcerias com bandas de amigos, conseguimos também
colocar nossa música na Kiss FM, com a ajuda do locutor e amigo Rodrigo Branco.
Mas a música autoral ainda tem um espaço muito limitado. É uma batalha
constante, mas cada pequeno passo que damos pra frente, a gente se sente mais
animado pra dar o próximo
Muito
obrigado pela entrevista. Podem deixar uma mensagem aos leitores.
Pedro:
Eu que agradeço a oportunidade! Para quem está lendo, ouçam o nosso trabalho,
Stoneria com S mudo! E pra quem está lendo, e também quer ter uma banda,
mostrar o seu trabalho, saiba que é difícil, mas jamais deve desanimar. Sem
dificuldades, a vida não teria graça. E claro, não deixem de acessar o portal
Blog Arte Metal!
Nenhum comentário:
Postar um comentário