Por Vitor Franceschini
Fotos/Colaboração: Junior Moreira
Uma lenda do Thrash
Metal mundial, um ícone do Death Metal mundial e uma das mais importantes
bandas do Metal extremo nacional. O último dia 21 de novembro foi um dia em que
nenhum headbanger de origem tupiniquim, principalmente os paulistas e
paulistanos fãs de Metal extremo poderiam reclamar. Afinal, não é sempre que
Testament, Cannibal Corpse e Genocídio sobem no mesmo palco e destilam o que de
melhor sabem fazer.
Em um dia típico da
capital paulista, o Carioca Club (casa que ainda sofre com o calor excessivo no
caso de lotação, que foi o caso) recebeu headbangers de todo país. Mas, ainda
com o público chegando, o grande Genocídio subiu ao palco que lhe é tão
familiar. Mesmo com menos tempo e divulgando seu mais recente trabalho, “In
Love With Hatred” (2013), além de comemorar o relançamento do clássico “Posthumous”
(1996), a banda ousadamente conseguiu passar por boa parte de sua carreira
destilando sons de seus principais álbuns como Encephalic Disturbance do
“Depression” (1990), Up Roar de
“Hoctaedrom” (1993) e Cloister do
“Posthumous”, por exemplo. Chamou atenção como a mais recente Kill Brazil de “In Love...” já virou um
clássico. O ponto alto foi para o cover de Come
To The Sabbath (Mercyful Fate) que deveria fechar o set list, o que não
aconteceu. Nem precisa comentar a performance do ‘Genoca’, que tem em seus
integrantes segurança e experiência necessárias.
Apesar de ser a
primeira vez deste que vos esceve acompanhando ‘in loco’ o Cannibal Corpse,
quem conhece um show da banda sabe que os caras são praticamente os ‘Ramones’
do Death Metal. Não, esse não é um comentário pejorativo, pelo contrário. A
banda sabe bem onde pisa, não ousa e os movimentos são ‘quase’ que calculados. Quem
conhece sabe que, mesmo com disco recente na praça, o Cannibal Corpse
dificilmente dispensa os clássicos e foi a mescla que vimos. Com a banda sendo
direta e mostrando sua técnica e precisão de sempre, Sentenced To Burn, I Cum Blood, Unleashing The Bloodthirsty, Make Them
Suffer, A Skull Full Of Maggots, Hammer Smashed Face, Devoured By Vermin
tiveram como aliadas as mais recentes Evisceration
Plague, Kill Or Become e Sadistic
Embodiment em um set list também abrangente e que conta um pouco mais da
história dessa que, talvez seja o maior nome do Death Metal mundial em
atividade. Como atração, George ‘Corpsegrinder’ Fisher e seu pescoço avantajado
sempre fazendo um ‘headbanging’ que ajudou a ventilar no calor escaldante do
Carioca Club.
Público nada cansado,
casa abarrotada e a ansiedade para ver um dos maiores nomes do Thrash Metal
mundial. Após o ‘tolerável’ tempo pra se ajeitar tudo no palco, as cortinas se
abrem e o Testament surge com a sua linha de frente clássica: os guitarristas
Alex Skolnick e Erick Peterson, e o ‘homem-montanha’ Chuck Billy rindo à toa e
executando um dos maiores clássicos, Over
The Wall. Como se não fosse o suficiente a cozinha mais técnica da história
do grupo – com Steve Digiorgio (baixo, Sadus, ex-Death e vários outros) e Gene
Hoglan (bateria, ex-Dark Angel, Death, Fear Factory, etc) – mostrou sua pegada,
ali, diante de todos, no palco. Impressiona como a banda consegue transformar
sua fase mais clássica em atual e sua fase atual em clássicos. Exemplo disso é
a execução de sons como More Than Meet
The Eye, The Formation of Damnation, Rise Up, Native Blood que soam como
verdadeiros hinos, sendo cantadas por todos, mesmo sendo composições dos dois
últimos álbuns. De qualquer forma, o ápice ficou bem evidente em composições
como The Preacher, True Believer (que
peso absurdo essa música ao vivo) e Disciples
Of The Watch. A grande surpresa foi para Dog Faced Gods, do ótimo e injustiçado “Low” (1994). Aliás,
injustiça mesmo é o Testament não poder tocar por umas três horas e incluir em
seu setlist faixas dos clássicos “Practice What Your Preach” (1989), “Souls of
Black” (1990) e “The Ritual” (1992), o que é compreensível (eu não disse
aceitável, risos) para uma banda de uma
discografia tão rica. Enfim, presença de palco matadora, carisma acima do
normal e um show impecável provaram a força do Testament no Brasil. Como se
isso precisasse ser provado. Infelizmente tudo acaba, e esse dia memorável já
ficou pra história.
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