Por Vitor Franceschini
Os paulistanos do Espera
XIII lançaram um dos melhores discos nacional de 2015, o magistral “Unexpected
Austral Lights”. Não é exagero. Basta ouvi-lo (várias vezes) e captar sua
essência. Colhendo os frutos disso, a principal mente por trás da banda – o
vocalista e guitarrista Ereon – conversou com o Arte Metal para falar mais do
recente trabalho, do nome da banda e outros fatos que a envolvem.
O
debut da banda “Thy Great Expedition” (2013) é um grande álbum, mas “Unexpected
Austral Lights” é algo magistral. Isto é, superou e muito seu antecessor. Você
concorda com isso? Quais principais diferenças apontaria entre os dois discos?
Ereon:
Concordo, o “...Austral Lights” supera em todos os aspectos possíveis. Além da
evolução na forma de compor, a seriedade, comprometimento e investimento na
produção de cada um deles foram absolutamente diferentes. Hoje temos para nós
que o “...Austral Lights” é nosso primeiro álbum, dele para trás são demos.
E
como foi compor o novo trabalho, qual foi a principal mudança e inovação que
usaram tanto na metodologia, quanto no processo de gravação?
Ereon:
A
composição foi mais lenta e cautelosa durante aproximadamente um ano, diferente
do “Thy Great Expedition” que foi composto inteiro em uma semana. O
perfeccionismo foi extremo e doentio durante as gravações do “...Austral Lights”,
literalmente foi parido um filho em essência sonora. Fora isso, teve-se
experiências muito mais sérias como captar guitarras com engenheiro de som e
mixar o material na Alemanha.
Apesar
do foco no Black Metal, a banda não fecha o leque e abrange outros estilos como
Death Metal e até Gothic/Doom Metal em sua sonoridade, tudo com certa dose de
melodia. Como você definira o som do Espera XIII?
Ereon:
Tenho definido como Blackened Death Metal, pois é um subgênero que se aproxima
e as pessoas entendem. Mas, em particular, para mim hoje o som seria algo do
tipo Etheral Atmospheric Transcendental Blackened Death Metal. (risos)
Aliás,
“Unexpected Austral Lights” traz esses elementos, além de uma dose extra de
peso e alternância de ritmos. O quão importante você acha que é essa variação
na sonoridade de uma banda? Isso é algo que a banda se preocupou ou fluiu
naturalmente?
Ereon:
Esta alternância acontece naturalmente. O ESPERA XIII foi criado já com esta
intenção de ser um projeto livre sonoramente. Acho bastante importante existir
diferentes dinâmicas no som de uma banda, deveria ser natural, afinal nosso
estado de espírito está sempre variando. E claro, é muito mais interessante
escutar um disco com variações rítmicas e harmônicas do que 10 faixas idênticas
umas as outras.
O
trabalho vocal também é um ponto forte, já que guturais e rasgados se revezam
sendo acompanhados por ‘backings’ limpos e sussurrados, dando um grande
diferencial às músicas. Fale-nos um pouco a respeito disso?
Ereon:
Os vocais limpos ganharam um espaço maior neste álbum e a tendência é usarmos
cada vez mais. É um artifício essencial para criar camadas de atmosfera e para
o estilo de som que estamos caminhando será natural sua maior utilização.
Os
arranjos de teclados são soberbos no trabalho, se encaixando quase que
perfeitamente. Teclados sofrem resistência dentro do Metal extremo, mas vocês
provam a importância do instrumento. O que pode nos falar a respeito disso?
Ereon:
Crescemos ouvindo bandas da Finlândia e Suécia, isso influenciou muito em nosso
som. Frequentemente adicionamos camadas de cordas, vozes, metais e também
passagens de piano, em geral mais atrás para dar uma camada background,
pincelando uma harmonização ou melodia. Quanto à resistência de teclado no som
extremo, é uma questão de gosto e deve-se respeitar o de todos.
“Unexpected
Austral Lights” é um disco que merece atenção redobrada, porém depois de
assimilá-lo é difícil parar de ouvi-lo e ele até se torna acessível de certa
forma. Qual seria a fórmula disso? (risos)
Ereon:
É muito legal saber isso, fico muito realizado com estes efeitos. Os resultados
positivos são fruto de muito trabalho feito por excelentes profissionais. Mesmo
que sendo um projeto solo durante a produção, existiu um time inteiro de
altíssima qualidade por trás, auxiliando, co-produzindo, incentivando. A fórmula foi perfeccionismo, superação,
perseverança e fé que um dia o álbum estaria finalizado.
E
como tem sido a repercussão do trabalho até então?
Ereon:
Excelente, podemos dizer. Com gratidão temos recebido ótimas resenhas, elogios,
mensagens de apoio ao nosso trabalho. Até onde chegou o som deste álbum a
repercussão foi positiva. Esperamos conseguir mostrá-lo para mais pessoas
ainda, saber mais opiniões.
A
banda sofreu com mudanças de formação, como anda o line-up do Espera XIII
atualmente? E quais os planos para o ano que de 2016?
Ereon:
O ESPERA XIII é um projeto solo que hoje possui um “live team”, um grupo de
músicos para interpretação do som ao vivo. Em 2013, quando foi decidido que o
projeto seria executado ao vivo, comecei a recrutar os membros. Logo no início
o Edu Ayres tomou seu lugar no baixo. No decorrer dos anos tivemos formações
experimentais com outros membros. Hoje estamos no auge de todas estas
experiências com Pietro Bernal na guitarra, Fernando H. na bateria e eu no
vocal e guitarra.
Antes
de deixar uma mensagem, qual o significado por trás do nome Espera XIII?
Ereon:
Temos 2 significados:
- “Espera”, o nome de
uma das 13 embarcações da frota de Pedro Alvarez Cabral. Abordamos a história
do Brasil desde a época de seu descobrimento.
- Extra Sensory Perception Era XIII. Traduzindo
ao nosso português, “Era da Percepção Extrassensorial”. Este é o lado mais
profundo e sutil em nosso trabalho.
Este
espaço é para a banda deixar as considerações finais. Obrigado pela entrevista.
Ereon:
Vitor Franceschini e Arte Metal, nós que agradecemos imensamente por este
espaço em sua página, podem contar conosco sempre. Convocamos todos a conhecer
e entrar em nossa esquadra:
Bem vindos a bordo da
barca.
Continuaremos com nosso
trabalho, aprimorando e compondo músicas cada vez melhores. O “Unexpected
Austral Lights” é só o início.
Nenhum comentário:
Postar um comentário