Por Vitor Franceschin
“Die to Kill” (2015),
segundo álbum da banda cearense Encéfalo, veio em meio a turbulências que o
leitor poderá conferir na entrevista a seguir. De qualquer forma, o disco
trouxe a banda furiosa e mantendo sua essência. Para falar deste trabalho, da
turnê que a banda fez pela Europa e dos problemas de formação que enfrentaram,
conversamos com o agora power trio que é composto por Henrique Muniz (vocal/baixo),
Lailton Sousa (guitarra) e Rodrigo Falconeri (bateria)
Primeiramente
a pergunta que não quer calar. Por que a banda gravou o álbum em duas partes
(antes e depois da turnê europeia) e o que motivou a saída de Alex Maramaldo?
Rodrigo
Falconeri: A gravação já tinha sido terminada.
Porém, faltaram recursos para fazer a prensagem e como a turnê já estava
marcada não poderíamos adiar, fomos com o que tínhamos e assim que voltamos da
Europa conseguimos pegar os CDs.
Lailton
Souza: O real motivo da saída do ex-vocalista foi simples,
não estávamos mais entrosados há alguns meses depois da volta da Europa, ele
estava querendo dar um tempo na banda, as ideias não estavam mais se batendo.
Até porque já estávamos em processo de criação de um novo material e ele não
comparecia aos ensaios de criação. Estávamos no maior gás e ele estava querendo
dar um tempo na banda. Tanto que o novo material só tem composição dos outros 3,
ele ouviu e não curtiu, ai já vimos que as ideias estavam diferentes pra
continuarmos!
De
alguma forma, a turnê europeia influenciou em algo no novo trabalho “Die To
Kill”, mesmo vocês já tendo metade do álbum pronto?
Rodrigo:
Não chegou a influenciar, pois o “Die To Kill” já estava pronto apenas esperando
ser prensado. Mas as influências virão no nosso próximo material que já estamos
trabalhando, com mais agressividade, simplicidade e velocidade e também até na
nossa logo nova.
E
como foi esse tour pelo velho continente? O que puderam trazer como aprendizado
e qual a distância da cena de lá para a nossa?
Henrique
Monteiro: Essa turnê foi um marco para a banda, tivemos muita
dor de cabeça para poder organizar, mas mesmo assim com muita ansiedade de
conhecer e fazer o som em outros países deu tudo certo. A experiência é
magnífica, tanto para a banda quanto para o pessoal dos membros. Sofremos com
os extremos do clima, já que acostumados com 33, 35 graus do nosso Ceará,
pulamos para até 3 graus. As diferentes línguas e culturas que também nos
enriqueceram bastante. Junto com Xandão do Andralls, nosso brother, tivemos um
grande aprendizado além de um grande conhecedor das diversas culturas, que nos
deu um “UP” no quesito profissionalismo coisa que no Brasil ainda estamos um
pouco longe, tanto no nível do equipamento, quanto dos espaços, organizadores e
até do próprio headbanger. Uma das mais marcantes diferenças entre a “cena” era
a união, dos bangers indiferente de estilos e a ânsia dos mesmos por materiais
das bandas quando curtiam, queriam levar tudo de CDs, camisas, patches, tudo de
merchandising para ajudar a banda. Outra diferença eram os eventos que rolavam
tranquilos na maioria dos dias da semana.
E
como foi todo esse processo, desde o início na concepção do disco?
Rodrigo:
Desde que o “Die to Kill” chegou a nossas mãos, tivemos bastante críticas
positivas, bastante gente procurando o CD, vários shows surgiram, mesmo que ele
não tenha saído 100% do jeito que queríamos principalmente por que quando
começamos os shows de lançamento com o CD, já estávamos em outra formação,
totalmente em outra vibe do som.
Qual
a principal diferença que vocês destacariam entre o novo álbum e “Slave of
Pain” (2012)?
Rodrigo:
A maior diferença está nas linhagens e nas pegadas mais rápidas e ríspidas no
novo álbum, algo nada que mudasse nosso estilo, mas que caracterizasse uma
adaptação, uma nova visão sobre nós mesmos. Riffs mais rápidos, pesados, que
grudam na cabeça. Bastante ‘blast beats’ e vocais mais agressivos. A produção
não ficou do jeito que queríamos, mas as nossas ideias de som e letras estavam
perfeitas, isso compensou.
“Die
To Kill” mostra um trabalho de guitarras bem focado nos riffs, demonstrando
mais feeling do que a técnica em si. Isso foi algo natural ou vocês projetaram
isso?
Henrique:
Acho que um pouco dos dois, nem 100% natural e nem 100% projetado, quando
estamos criando deixamos o som fluir, depois de criado vemos se precisa deixar
mais técnico ou mesmo “cru” depende da intensidade do riff. Se for pesado e a
nossa cara, isso é o que importa.
Além
de um bom equilíbrio entre as músicas, “Die To Kill” tem como destaque a
variação rítmica, o que não deixa que o álbum soe cansativo. Esse foi mais um
dos objetivos da banda?
Henrique:
Sim, queríamos algo que não deixasse o ouvinte clicar no stop sem antes ouvir
todas as músicas do CD. Até a ordem das músicas foram escolhidas a dedo, como
num show que não deixa o headbanger parar de bater cabeça até na hora de pegar
uma cerveja!
Fale-nos
um pouco sobre o conceito lírico abordado em “Die To Kill”?
Henrique:
Buscamos abordar conceitos do nosso cotidiano. Falamos de conflitos internos e
conflitos sociais, guerras, política, críticas aos podres da religião e do
próprio ser humano.
E
como foi a repercussão do trabalho até então? Vocês obtiveram respostas do
exterior?
Rodrigo:
Recebemos grandes elogios no Brasil sobre esse álbum. A galera falando que
ficou mais pesado, do jeito que havíamos projetado, com pegadas mais Death
Metal, riffs mais marcantes, com mais ‘blast beats’. E na Europa não foi
diferente, todo show a galera pirava e vinha até nós pessoalmente dizer que
gostaram muito do nosso som, e já vinham com grana na mão querendo o CD, blusa
e tudo mais que a banda tivesse (risos). Com tudo isso vale ressaltar que o que
levamos de merchandising se esgotaram faltando 6 shows na Espanha e em
Portugal.
Voltando
ao assunto ‘formação da banda’, por que decidiram manter-se como um trio e como
tem sido tocar dessa forma?
Henrique:
Desde a nossa turnê pela Europa nossos laços e entrosamento já estavam maiores,
e com a saída do ex-vocalista só aumentou. Além disso, mesmo depois de ficarmos
como um trio os shows continuaram a aparecer, um novo membro seria difícil de
se adaptar, pegar as músicas, ter aquele entrosamento no palco e no estúdio, e
não podíamos parar! Decidimos ficar os três mesmo. Eu como fazia os backing
vocals, e fiz grande parte das letras do “Die to Kill”, decidi assumir a
responsabilidade, muito, mas muito ensaio para se adaptar com o vocal, adaptar
as linhas das cordas por muitos riffs com duas guitarras. Mas deu mais certo do
que acreditávamos. Os primeiros shows foram estranhos, sobrava espaço no palco,
mas a cada show fomos nos acostumando e hoje acho que foi uma das melhores
decisões que tomamos.
Aliás,
como está a agenda da banda e o que planejam? Já estão trabalhando em algo
novo?
Rodrigo:
A agenda está tranquila, em 2016 estamos com algo em vista para norte e
nordeste continuando a divulgação do “Die to Kill”, enquanto já preparamos algo
novo! No segundo semestre já entraremos em estúdio com mais 10 faixas da nova
fase do Encéfalo, junto com elas mais um videoclipe, e quem sabe mais na frente
outra turnê internacional. Algo bem mais pesado, rápido e agressivo vem por ai!
Muito
obrigado pela entrevista. Podem deixar uma mensagem.
Encéfalo:
Bom, a ENCÉFALO agradece a todos os amigos que de alguma forma nos ajudam,
comprando CDs, blusas, comparecendo aos shows, agradecer também aos nossos
parceiros do Arquivo Underground que sempre estão nos shows tirando fotos ‘profissionalíssimas’
e sempre vindo com ideias fodas para ajudar a banda. Também agradecer ao Studio
Bee Tattoo por nos manter riscados! E preparem os ouvidos que um próximo
material já está a caminho! Abração!
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