Por Vitor Franceschini
Nome estranho,
sonoridade peculiar. Os franceses do Maïeutiste conseguem fazer o que poucos
fazem, praticar dois estilos paralelamente sem perder suas características.
Afinal, ouvindo a auto-intitulado primeiro álbum da banda lançado no ano
passado, nota-se referências ao Black Metal e ao Doom Metal, mas em momentos
distintos no disco. Para falar mais sobre este trabalho e a forma de compor do
grupo, além de outros assuntos, Keithan (guitarrista/vocalista) conversou com o
Arte Metal. Completam o time Eheuje
(vocal), Жертва e Grey (guitarras), Temüdjin (baixo) e JF (bateria).
Em
primeiro lugar, por que o primeiro disco demorou nove anos para ser lançado?
Keithan:
Oi! Apesar de a gente ter soltado uma demo espontaneamente em 2007, sabíamos
que teríamos de tomar nosso tempo para que nosso primeiro full-lengh atingisse
nossas expectativas. Tivemos que trabalhar nossas habilidades de gravação e,
como queríamos experimentar, tivemos de ir mais longe com nossas ideias. Outros
fatores externos também motivaram isso, mas ninguém esperava e acabou tomando
nosso tempo.
O
processo de composição começou logo antes das gravações ou há composições mais
antigas no disco?
Keithan:
As músicas e letras estão intimamente ligadas e foram escritas em correlação
uma com a outra. Escrever para a Maïeutiste geralmente não é com uma guitarra
em mãos, mas sim através de um longo processo de imaginar uma estrutura, um
tema, letras que então são trazidas para nossos instrumentos.
E
como foi compor o disco? O resultado final foi o que vocês esperavam?
Keithan:
As letras e composições são desenvolvidas por mim mesmo, sendo que os arranjos
contam com participação dos outros membros da banda. É importante mencionar que
nós trabalhamos de forma colaborativa e por isso não é impossível que os papéis
na hora de compor mudem no futuro, vamos ver como as coisas evoluem
naturalmente.
O
Maïeutiste investe no Black e Doom Metal, mas não mescla esses estilos e sim os
distinguem conforme as composições, enfim os relacionam paralelamente. Esse
seria o grande diferencial da banda?
Keithan:
Não posso dizer que é um diferencial, mas sim que é uma forma diferente de
mesclarmos os elementos, trabalhando mais em alterná-los do que os fundindo.
Nós vemos música como linguagem e a semelhança da poesia, emoções e variações,
por exemplo, como a diferença entre versos e prosa.
O
lado Black Metal soa mais progressivo, enquanto as partes Doom Metal soam mais
melancólicas e variadas mudando o sentimento das composições. Vocês concordam?
Keithan:
Estamos de acordo, embora seja possível encontrar outras interpretações.
Preferimos que os ouvintes ouçam o trabalho e encontrem um significado pessoal.
Acreditamos que a metade do que é encontrado no álbum é de interpretação feita
pelo ouvinte.
Há
também passagens acústicas que nos remetem a Dark/Ambient music. Como essas
passagens foram incluídas?
Keithan:
Elas foram incluídas naturalmente em nosso processo e isso é algo que nós
apreciamos muito. O Ulver, por exemplo, é uma grande inspiração para nós,
incluindo todas as suas diferentes obras, “Kveldssanger” (1996) sendo um dos
nossos discos favoritos, acústico na natureza, mas ainda considerado como Black
Metal.
A
Maïeutiste possui três guitarras. Como são desenvolvidas as linhas de guitarras
e no que elas acrescentam?
Keithan:
Tecnicamente há três guitarras quando tocamos ao vivo, mas o som é mais denso
no álbum, utilizando seis faixas de guitarras na maior parte do tempo. O
objetivo não é torná-las facilmente audível, é fundi-las em uma massa
concentrada, o que requer certo esforço de escuta para fazer cada elemento
individual.
O
álbum requer muita atenção em sua audição, sendo que a cada uma se descobre um
novo elemento. Vocês concordam com isso? Isso foi algo pensando pela banda ou
fluiu naturalmente?
Keithan:
Na
verdade, nós gostamos de álbuns que exigem certo esforço de escuta, que às vezes
são ainda demasiado longos ou densos para serem apreciados na primeira escuta,
e que sejam desvendados durante um longo período de tempo. Nós pensamos que
este tipo de trabalho pode, por causa desse esforço, trazer algo mais, pois
cada ouvida faz com que a experiência fique mais rica. Tool ou Mournful
Congregation possuem álbuns que são modelos que aspiramos: sempre difíceis de
compreender totalmente, mas ainda mais significativos a longo prazo.
The Fall foi a música escolhida para o
videoclipe. Por que ela?
Keithan:
Foram feitos vídeos para a faixa Absolution,
The Fall e Lifeless Visions.
Queríamos um material que pudéssemos trabalhar de uma forma que reforce e
complemente nosso som. Usamos Murnau’s Faust, uma vez que é um tema
inspirador para nós.
Aliás,
o vídeo nos leva de volta aos tempos do cinema mudo. Como foi trabalhar no
clipe e por que optaram por esse estilo?
Keithan:
A
maldição de Fausto foi um conto influente para o nosso álbum e parecia difícil
de oferecer qualquer coisa mais relevante em um nível cinematográfico. O fato
de que é um filme antigo realmente não entrou em consideração, já que a peça
ainda é muito contemporânea. A fim de "adaptar" o filme à nossa
música que editamos de uma forma de transgressão: da narração inicial, dos
personagens e da própria imagem.
Como
está a repercussão do álbum até agora? Quais os países que deram mais retorno
para o lançamento?
Keithan:
A Les Acteurs de l'Ombre (gravadora) oferece um excelente meio de promoção de
um projeto como o nosso e nós temos tido um excelente feedback de todo o mundo:
Polônia, Ucrânia, Austrália, EUA, Reino Unido, etc. Dito isto, alguns dos melhores feedbacks que tivemos foi da No Clean
Singing de Seattle e da revista alemã
Legacy.
Quais
os planos para 2016?
Keithan:
Estamos
trabalhando em um novo álbum. Na verdade as composições começaram a ser feitas
em 2008. Não queremos revelar muito neste momento, mas notícias virão em breve.
Muito
obrigado pela entrevista. Pode deixar uma mensagem aos fãs brasileiros.
Keithan:
Obrigado pela entrevista e esperamos ter feedback dos brasileiros!
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