Por
Vitor
Franceschini
A banda Songs of Oblivion surpreendeu as almas mais
sombrias com seu primeiro EP “Nihilism” lançado no ano passado. Com uma
proposta difundida em todo o mundo, porém de forma discreta e não tão
assimilada em terras tropicais, Rodrigo Duarte (vocal/guitarra), Bruno Cassoni
(guitarra), Brenda Almeida (baixo) e Fernando Turi (bateria) arriscaram e
atingiram sua meta inicial. Conversamos com Rodrigo e Bruno que apresentaram a
banda aos que ainda não a conhecem, falaram do trabalho lançado e do que estar
por vir de uma forma bem detalhada. Confira.
Contando
que a banda é relativamente nova, conte-nos um pouco como foi formada a
SongsofOblivion e apresente-a aos leitores.
Rodrigo
Duarte: Songs of Oblivion é um projeto de Post Black Metal iniciado
em 2014 na cidade de Araraquara/SP. Em dezembro de 2015 lançamos nosso primeiro
EP “Nihilism”, o projeto dá ênfase a passagens tranquilas ligado do Shoegaze e Post
Rock interligadas com a agressividade e frieza do Black Metal, possuindo como influências
bandas como Alcest, Lantlôs, Agalloch, Sombres Forets entre outros nomes do
gênero. A banda foi formada depois que o Fernando Turi e eu nos encontraramos
no terminal de ônibus da cidade, depois de anos sem se falar, lembrando que eu,
Fernando e Bruno Cassoni já tivemos uma banda (Dark/Gothic) no passado. Depois
de colocarmos a conversa em dia percebemos que estávamos escutando o mesmo
estilo, o Post Black Metal e outras vertentes underground, e decidimos então
voltar a tocar. Eu já tinha algumas ideias e decidimos chamar o Bruno para a
formação, Bruno já fazia algumas composições instrumentais em casa que, por
coincidência, também seguiam a linha Post Rock/Post Black Metal, então surgiu a
Songs of Oblivion, que após alguns meses teve Brenda Almeida convidada para o
baixo. Com a formação fechada iniciamos os ensaios e a composição do nosso
primeiro EP, o “Nihilism”. Mesmo sendo uma banda relativamente nova é com uma
proposta sonora não tão comum no Brasil, temos recebido pela crítica e nossos
ouvintes um feedback até o momento bastante positivo.
Desde que surgiu o primeiro embrião
da banda a mescla de Shoegaze e Black Metal foi a proposta?
Bruno Cassoni: As
músicas inicialmente eram pra ser Post Black Metal, na verdade até mais pesado
do que acabou se tornando, mas devido às inúmeras influências e vertentes
escutadas pelos integrantes do projeto, as músicas acabaram por serem uma
mistura sem preocupações com estilo sonoro do resultado final, o que por
brincadeira chamamos de “blackgaze” dos trópicos. Mas sim, a proposta desde o
inicio era essa, unir Shoegaze e Black Metal, mas sem a preocupação de onde um
acaba e o outro começa, atualmente estamos nos aventurando com composições com
uma pitada a mais de Post Rock.
Aliás,
há mais do que apenas elementos destes estilos na música de vocês, concordam?
Fale um pouco mais sobre isso.
Rodrigo:
Sim, nossas músicas vão do experimental ao Dark Metal, e também ao Depressive
Black Metal, misturando guitarras e dedilhados limpos com riffs pesados e
sujos, vocais limpos e guturais às vezes na mesma música, e também alguma
referência Doom já foi dita por pessoas que escutaram e são desse segmento. Cada
membro da banda possui influências e gostos bastante distintos e dentro do
projeto todos tem liberdade total para criar aquilo que lhe soa melhor dentro
do contexto de cada música que fazemos. Então, como resultado final acabamos
por fazer uma mistura que achamos legal, que alguns gostam e outros nem um
pouco, mas se nos agradou batemos o martelo e fechamos a música.
Partindo
para o primeiro EP “Nihilism” (2015), como foi o processo de composição do
mesmo? Aliás, qual a metodologia a banda utiliza na hora de compor?
Rodrigo:
As bases e melodias foram criadas por Bruno, o processo utilizado foi apenas um
violão e nada mais, acústico e de corda de nylon, todas as músicas foram
criadas pela manhã entre às 6 e 7h. Conforme as bases eram criadas, eu
posteriormente escutava e ajudava na finalização, solos, distorções, dedilhados,
na verdade vamos complementando o trabalho um do outro, o que até o momento
vêem funcionando muito bem. Depois de composta a estrutura mínima para cada música
vamos para o estúdio e lá cada membro coloca o seu feeling, Brenda cria as
linhas de baixo e Fernando encaixa a rítmica e as viradas. No estúdio de ensaios
criamos os altos e baixos de cada uma das músicas até que estejam totalmente
polidas.
As letras da banda atingem um
universo bem particular e são compostas por Rodrigo Duarte. Fale-nos um pouco
sobre como é escrever letras que represente a sonoridade da banda e a mensagem
que tenta passar com elas.
Rodrigo:
As letras são feitas em cima do que estou sentindo, são bem intimistas porque
acabo expondo, de certa forma até abstrata, aquilo que estou pensando. Desde adolescência eu tinha o costume de escrever pequenos
poemas no fundo dos cadernos e com a música não foi diferente, às vezes já
tenho a letra escrita e apenas encaixo no som e esse é o caso de Silence, por exemplo. Às vezes criamos a
música e posteriormente eu escrevo algo que o som me passa que é o caso de Limbo. E toda a carga de negatividade e
tormenta emocional que as letras contêm é esse reflexo do universo que estou
imerso todos os dias. O que esse encaixa bem na proposta da banda, angústias,
reflexões sobre acontecimentos cotidiano, críticas sobre a vida moderna, tudo
isso visto sob uma ótica bastante sombria e profundamente influenciada por poesia
clássica.
E como foi o trabalho com Luciano
Matuck que produziu o disco no Matuck Studio. Por que optaram por trabalhar com
ele?
Bruno:
O Luciano é muito profissional, entende do assunto, disponibilizou equipamentos
de boa qualidade e entregou um trabalho excelente em todos os aspectos dentro
do prazo e tudo conforme o combinado. E foi uma experiência única, pois com
exceção do Fernando, nunca havíamos gravado em estúdio com certo grau de
profissionalismo.
E
como foi a repercussão de “Nihilism” até então?
Bruno:
O EP foi bem aceito nos meios underground, tivemos por hora boas críticas e
muitos elogios, o disco até o memento vem sendo bem aceito inclusive fora do
circuito de Metal o que nos deixa bastante felizes. Para nossa surpresa,
segundo a lista da revista October Doom Magazine, ficamos na posição dezessete
dos melhores lançamentos nacionais de 2015, isso nos deu uma grande motivação
para continuarmos. Embora, saibamos que podemos fazer melhor, inclusive nas
passagens Shoegaze mais suaves podemos incrementar com efeitos e adição de
outros instrumentos, mas como somos quatro integrantes apenas e gravamos aquilo
que executamos no palco ficamos receosos de usar mais elementos do que
posteriormente será reprodutível ao vivo.
A banda opta por uma sonoridade que
possui um público fiel, mas que sofre com poucos espaços para show. Como tem
sido e está em termos de shows?
Rodrigo: Em
termos de show é complicado, até o momento fizemos apenas 3 apresentações em público,
nossa banda é de uma vertente difícil de encaixar com qualquer estilo o que
dificulta mais ainda as apresentações ao vivo. No momento estamos buscando
parcerias para entrar no circuito de shows e fest, mas ainda estamos com
dificuldades para fecharmos uma agenda de shows.
Vocês
já estão trabalhando em músicas novas. Tem algo que possam adiantar a respeito
do que está por vir?
Bruno:
Estamos preparando 2 músicas para serem lançadas no meio do ano de 2016, uma é
da linha Depressive Black Metal e outra é mais Post Rock, são bem diferentes
uma da outra, mas apresentam uma sonoridade bem característica e vai valer a
pena conferir, as musicas são: The Cold
Rain On My Face (Depressiveblack Metal) e December Gray (Post Rock). No mês de abril retomamos nossa rotina
de ensaios para compor as outras músicas do disco, ao todo serão 8 músicas
completas mais a introdução e fechamento do disco que serão instrumentais. Adiantamos
que o disco ficará mais denso e mais agressivo que “Nihilism”, mas haverá, como
sempre, aquela serenidade perturbadora que permeia o universo da Songs of
Oblivion.
Muito
obrigado. Podem deixar uma mensagem aos leitores.
Rodrigo:
Gostaríamos de agradecer a oportunidade, reconhecemos a importância feita no
trabalho do blog Arte Metal, são espaços como esse que permitem o underground
manter-se vivo, sem esse canal muitas bandas não teriam oportunidade de se
apresentar e mostrar sua música.
Bruno:
Para os leitores agradecemos muito por fazerem parte do underground e não vamos
deixar isso morrer, vocês que mantêm o motor funcionando indo nos shows,
ouvindo e compartilhando as bandas. Para aqueles que gostarem da nossa música,
confira nosso material na internet, o EP está disponível em nosso site sem
custo algum e gostaríamos de deixar nosso muito obrigado a todos vocês.
Nenhum comentário:
Postar um comentário