Por
Vitor
Franceschini
Foto:
Andrez
Tuber
Lançado em 1986,
“Bloody Vegeance” é um marco não só na carreira do Vulcano como do Metal
extremo do Brasil e, por que não (?), do mundo. O disco marca o trajeto da
banda oriunda de Santos/SP que ousava mesclar elementos que iam desde o Thrash
Metal, passando pelo Death e batendo no Black Metal. Conversamos com Zhema
Rodero (baixista na época e hoje guitarrista), para falarmos deste disco que
comemora 30 anos em 2016. Hoje, completam a formação do Vulcano Luiz Carlos
Louzada (vocal), Carlos Diaz (baixo) e Arthur Von Barbarian (bateria), além do recém chegado Gerson
Fajardo (guitarra).
Primeiramente
vamos começar pelas perguntas básicas (risos). “Bloody Vegeance” (1986)
completa 30 anos neste mês. Qual a lembrança das gravações do disco e como foi
a sensação de gravar o primeiro disco em estúdio, já que “Live!” (1985), como o
nome denuncia, é um álbum ao vivo?
Zhema
Rodero: Foi nossa segunda experiência com estúdio porque o single
7” “Om Pushne Namah” saiu em 1983. Nos dias 12 e 13 de Abril de 1986 entramos
no estúdio para a gravação do “Bloody Vengeance”. Não tínhamos orçamento
suficiente e então era preciso fazer tudo muito rápido. O estúdio fornecia
apenas um amplificador e então levei meu Gianini Duo Vox 100 como apoio.
Gravamos todos de uma só vez, o que naquela época chamava-se de gravação ao
vivo. Naquela noite foram nos visitar no estúdio os caras da Banda Golpe de Estado,
Elcio Aguirra, Catalau e Pauo Zinner e como o álbum estava muito curto, eu e o
Carli Cooper arranjamos Voices from Hell
ali naquele momento no corredor do estúdio e aproveitamos os caras do Golpe
para gravar este “ritual” que aparece na introdução de “Bloody Vengeance”. No
dia seguinte, domingo, já estávamos com o álbum pronto.
O
fato de “Live!”, além de ser um álbum pioneiro no Metal extremo nacional, ter
tido uma ótima repercussão fez com que vocês se sentissem pressionados em
gravar o debut na época?
Zhema:
O “Live!” foi gravado ao vivo em 17 de agosto de 1985 e, portanto, oito meses
depois já estávamos gravando o “Bloody Vengeance”, isso explica que algumas
músicas do “Bloody” já estavam sendo executadas em 1985, porém não tocamos
naquele show que gerou o álbum “Live!”. Foi um fato natural, sem pressão, já
estávamos com o álbum pronto no inicio de 1986
O
Metal extremo no Brasil tinha como principais pólos Minas Gerais e São Paulo,
capital. O Vulcano sendo de Santos/SP tinha que provar algo maior do que os
grupos oriundos dessa época, pelo fato de sair fora deste eixo?
Zhema:
Provar
não, mas para nós, de Santos, era muito difícil entrar no circuito de São Paulo
capital não só porque morávamos longe dos acontecimentos, mas principalmente
por nosso estilo mais agressivo e gutural em uma época em que todos estavam na
N.W.O.B.H.M (New Wave of British Heavy Metal). Foi nessa época em que saímos
para conquistar o interior de São Paulo e foi lá que conquistamos nosso
público.
Quando
lançaram “Bloody Vegeance” esperavam que o disco se tornaria um dos mais
importantes discos do Metal, não só do Brasil mas no mundo inteiro?
Zhema:
Não!
Não tínhamos qualquer ideia sobre isso. Apenas estávamos fazendo aquilo que
gostávamos.
E
qual a sensação de saber que o disco influenciou uma geração toda, tendo como
exemplo a famigerada cena norueguesa de Black Metal do início dos anos 90?
Zhema:
Realmente só tomei consciencia disso quando estivemos pela primeira vez na
Europa e nos shows da Escandinávia apareceram músicos de muitas bandas falando
sobre isso principalmente. Me sinto orgulhoso por isso.
A
capa do debut é outra coisa que chama atenção, virou clássica e pode chocar até
os dias atuais. Como foi escolher essa capa e qual era a intenção da banda com
a mesma?
Zhema:
“Bloody Vengeance” foi escrito sob a extrema paixão pelo Black Metal na época.
Naqueles tempo que estávamos vindo do nosso álbum anterior "Live!",
Mas com muito mais raiva contra a situação política do país e igreja católica
dominadora, então a melhor maneira de mostrar isso, era uma capa com uma igreja
em chamas com o padre no chão. Nós pedimos a um amigo para fazer isso e ele e
seu irmão foram até uma igreja próxima a minha casa e fez uma fotografia com o
seu irmão caído no chão, a partir desta foto pintou a capa.
Como
você vê “Bloody Vegeance” hoje e quais os principais aspectos do disco você
apontaria?
Zhema:
Vejo como um álbum único! Impossível de ser reproduzido nos dias de hoje.
Se
tivesse que mudar algo em “Bloody Vegeance”, o que seria?
Zhema:
Nada! Foi um álbum de época. É como um quadro famoso, por exemplo, não se pinta
a Monalisa duas vezes.
A
discografia do Vulcano se divide basicamente em dois períodos que vão até
“Ratrace” (1990) e retoma a segunda parte com “Tales from the Black Book”
(2004). Desta segunda parte, qual disco você acredita que mais se aproxima de
“Bloody Vegeance”?
Zhema: “Tales from the Black Book”
Por
fim, falemos do futuro do Vulcano. Vocês pretendem fazer algo de especial em
relação aos 30 anos do disco? Além disso, no que a banda tem trabalhado e que
possa adiantar aqui?
Zhema:
A GreyHaze lançou o álbum “Bloody Vengeance” em duas versões CD contendo um DVD
com show de lançamento em Belo Horizonte e LP. São versões luxuosas
comemorativas. Para este ano ainda temos a 5ª turnê europeia, um documentário
que será exibido nos cinemas e canais de TV alternativos, o lançamento, finalmente
do EP “The Awakening of an Anciente and Wicked Soul” e dois álbuns para o
segundo semestre. No restante, esperamos fazer muitos shows, pois acreditamos
que é assim que uma banda conquista seus fãs, é ali no palco mostrando o que
realmente são capazes de fazer.
Muito
obrigado pela honra da entrevista. Se quiser deixar uma mensagem aos leitores,
fique à vontade.
Zhema:
Eu agradeço a você e Arte Metal pela oportunidade de levar um pouco das ideias
e informações sobre o VULCANO. Aos leitores pela paciência de ler até aqui e
pelo apoio de todos sempre! Aguardem muitos lançamentos do VULCANO para este
ano de 2016.
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