(2018
– EP – Nacional)
Independente
Nada como o amor à sua
terra para que seu senso criativo se expanda e soe cheio de gana. Isso fez com
que o Hate Embrance, banda oriunda de Camaragibe/PE, marcasse seu território no
underground nacional com o excelente disco “Sertão Saga” de 2014, onde contava
a história do herói/vilão Lampião.
Quatro anos após o seu
segundo disco, a banda retorna com este EP e inicia as celebrações de seus 10
anos de carreira com uma baita de uma entrada saborosa. Trata-se deste lindo EP
que narra passagens conturbadas do cenário histórico político nacional e que
ganha em sua trilha um Death Metal com melodias na medida certa.
Narrando as batalhas
que aconteceram no Monte Guararapes, Guerra
no Nordeste do Brasil abre o trabalho de forma soberba, pois consegue de
imediato passar a proposta da banda. Guitarras densas, cozinha precisa e
versátil, além de um teclado perceptível e que se torna fundamental durante o
trabalho dão à tônica, tendo os vocais guturais de George Queiroz inteligíveis e
que narra a história com ótima interpretação.
A fórmula se repete nas
outras composições, mas não que isso faça do disco homogêneo. Á Coroa Tudo, Ao Povo Nada se mostra
mais veloz e com uma quebra de ritmo mais intensa, afinal, aborda em suas
letras a crise econômica brasileira gerada pela vinda da família real ao país
(será que isso aqui nunca deu certo? Risos).
Por fim a intimista Setembrizada traz influências do Black
Metal, principalmente nos arranjos e mostra-se versátil comprovando o uso dos
teclados fundamentais com ótimas linhas impostas. A faixa traz em suas letras a
revolta “Setembrizada” que aconteceu em setembro de 1831, antes de Dom Pedro I
renunciar.
Vale destacar que a
banda não traz nenhum flerte com a música brasileira em seu instrumental (como
aconteceu no último trabalho) e isso não faz muita falta, apesar de sempre ser bem
vindo. Aliás, fica aí a prova que nossa cultura pode ser narrada pelo Heavy
Metal e seus subgêneros da maneira mais direta e simples, pois trata-se de um
estilo universal. Com uma produção bem natural e orgânica, a cargo da própria
banda, “Revoluções” já pode ser considerado um dos melhores EP’s de 2018.
9,0
Vitor
Franceschini
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