(2018
– Nacional)
Independente
Não bastasse ser o
terceiro disco do Arandu Arakuaa, “Mrã Waze” (respeito à natureza no idioma
indígena brasileiro Akwẽ Xerente) praticamente inicia uma nova fase da carreira
da banda. Isto pondo que o terceiro trabalho define se a banda é tudo aquilo
que propôs e ainda por cima, neste caso, algumas estreias permearam o trabalho.
Além da nova vocalista
Lís Carvalho (também pífano e apito), estrearam na banda o baterista e
percussionista João Mancha (Mofo) e o guitarrista Guilherme Cezario. Porém, o
multi-instrumentista Zândhio Aquino continua como mentor do grupo, que é
completado por Saulo Lucena (baixo).
Sonoramente falando o Arandu
apresenta uma evolução natural de sua música ‘Folk’, onde o Metal se reinventa
ao ser mesclado com a música folclórica indígena brasileira, do qual Zândhio é
exímio conhecedor, inclusive das línguas tradicionais do qual as músicas são
cantadas.
O trabalho é primoroso
desde a semi-introdução Sy-gûasu
(grande mãe, no idioma Tupi) que é maravilhosa, passando por riquezas imensas
de arranjos em faixas como Gûaîupîá
(espírito dos pajés bons, no idioma Tupi), Huku
Hêmba (espirito da onça, no idioma Akwẽ Xerente) e a pesada Îagûara Kûara (toca da onça, no idioma
Tupi).
Em “Mrã Waze”, apesar dos
momentos marcantes e intensos na linha Metal, com guitarras pesadas e levadas
agressivas, a música típica indígena se faz muito mais presente nos arranjos,
com a viola caipira aparecendo quase o tempo todo, a percussão rica e os
chocalhos, além de coros típicos de rituais indígenas, palmas e até batidas de
pés.
Lís parece que está na
banda há muito tempo, com seu vocal suave e interpretação branda, que traz a
parte da paz nas composições, sendo que Zândhio se responsabiliza pelas
vocalizações típicas e os raros guturais que aparecem nas músicas. Tudo com
climas variados, que vão do belo som ambiente da natureza, até levadas mais
melódicas e momentos mais rápidos e agressivos.
O disco é conceitual e
gira em torno da relação do homem com a natureza, o uso das medicinas de cura
nas quais os pajés trabalham com as forças da natureza e os espíritos dos
animais, além de toda a mística da lua e do sol. Por fim, a produção sonora
geral é acima da média, a cargo de Caio Duarte no Broadband Studio, e continua
soando orgânica, porém atinge uma atmosfera mais atual. O Arandu Arakuaa é uma
grata realidade e merece voar, voar muito, mas muito alto.
9,0
Vitor
Franceschini
SENSACIONAL! Mostrando as verdadeiras raízes e donos desse país! GENIAIS!!!
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