Quase trinta anos à
frente de uma banda de Thrash Metal já é uma peripécia, imagina trinta anos
fazendo isso no Brasil. Pois é, é nesta pegada que André Meyer, vocalista da
Distraught, vem caminhando desde 1990. O resultado é que hoje a banda é um dos
pilares do Thrash Metal do Rio Grande do Sul e um dos nomes mais sólidos em
atividade no Brasil. O vocalista é o nosso convidado da vez!
“Ultimate
Encore” – Distraught – (Split – 1994): Na época tínhamos
planejado primeiramente outra coisa, creio que em 1992 entramos em estúdio e
gravamos 9 sons, a ideia era lançar um álbum em vinil ainda, mas as
dificuldades eram grandes na época, então pintou essa proposta feita pelo
Marcos Cardoso ( Encore Records ), dividir em um Split com mais duas bandas (Scars
e Zero Vision). Achamos melhor, mesmo que utilizando quatro músicas apenas das
nove gravadas, pensamos que teria uma divulgação muito melhor já que era nosso
primeiro registro além de nossa demo “To Live Better” (1990), e realmente foi. Éramos
muito verdes ainda para entender como
funciona um processo de gravação, mas foi divertido, gravamos em um bom estúdio
na época (EGER, Porto Alegre/RS).
“Nervous
System” – Distraught – (1998): Outro álbum onde
enfrentamos diversos problemas para um lançamento independente. Gravamos no
estúdio Live, onde ensaiamos e gravamos muitos álbuns durante muito tempo. Este
álbum foi gravado por Felipe Haider, dono do estúdio e Fabiano Penna
(Rebaellium) como auxiliar das gravações. Acho que para a época ficou um belo
trabalho com o que se tinha. “Nervous System” tem 9 sons + 2 bônus de gravações
antigas. Sendo o carro chefe da época a sétima faixa intitulada FootxViolencexBall, esse som falava
sobre a guerra das torcidas organizadas no futebol. Era também cortina de um
programa de Metal na rádio Ipanema FM em Porto Alegre. O lançamento é que
tivemos problemas, adiantamos toda grana que tínhamos na época com uma empresa,
a CD Press, que sumiu com nosso dinheiro e com a de outras bandas e não
recuperamos mais, o cara foi preso inclusive na época, então partimos do zero $
de novo e lançamos independente 1500 copias.
“Infinite
Abyssal” – Distraught – (2001): No “Infinite Abyssal” pensávamos
em algumas mudanças em nosso som, uma grande mudança de formação dentro do
grupo acho que ocasionou nisso tudo. Ricardo Silveira e Marcos Machado nas
guitarras, antes o Distraught sempre foi uma guitarra, enfim, queríamos fazer
algo mais complexo e ao mesmo tempo mais agressivo. Na minha opinião esse CD tem muitos elementos de Death Metal, mas
se tratando da produção e mixagem eu não curto muito, já para muitos, acham um
ótimo álbum (risos). Foi uma época que tocamos muito com bandas do underground
extremo e foi muito gratificante isso, de fato. Gravação toda analógica ainda e
sem o uso do metrônomo também. O lançamento também foi pela Encore Records.
“Behind
the Veil” – Distraught – (2004): Gosto muito desse
trabalho, a questão do tema conceitual que fala da idade média, de coisas que
aconteceram e de uma história que criamos com personagens deu um clima
empolgante de escrever. Sempre costumo dizer que a partir deste disco achamos
nosso caminho, criamos nossa identidade e nos tornamos mais profissionais em
nossas composições aprendendo a dosar melhor nosso direcionamento musical. Gravamos nosso primeiro vídeo clip com a
música The Order, A produção das
gravações toda foi feita por Fabiano Penna, fator ainda desconhecido para nós
que nunca tínhamos gravado com um produtor, na época já não era mais analógico,
foi utilizado o pro-tools, tudo no metrônomo, então foi realmente tudo muito
novo e bastante puxado pra nós, mas gratificante por tudo isso. Foi lançado
pela Marquee Records do Rio de Naneiro.
“Unnatural
Display of Art” – Distraught – (2009): O “Unnatural...”
gravamos no estúdio Live e mixamos no Mr. Som em SP, estúdio do Korzus, As
letras falam das inúmeras formas de praticar violência, esse era o tema do
álbum. Diego Kasper, ex-guitarrista do Hibria, ajudou muito na produção dando
muitos toques nos arranjos etc... Gravou e compôs junto com a banda a faixa Hellucinations, música que logo virou
outro videoclipe e hit nos shows devido a um refrão bem marcante. Esse álbum
foi lançado no Brasil pela Voice e no Japão pela Spiritual Beast. Lembro que a
revista Japonesa Burrn fez uma entrevista com a gente, foi muito animal. A capa
ficou a cargo de Marcelo Vasco, grande artista que só cresce no mercado mundial
com bandas top.
“The
Human Negligence Is Repugnant” – Distraught – (2012): Um
álbum cuja temática se trata da revolta que sentimos por parte da justiça e de
nossos governantes, creio que sempre será atual esse tema, infelizmente. A
faixa Justice Done By Betrayers virou
clipe. Gravamos no estúdio Navarro em Canoas/RS e mixamos no Mr. Som com o
Heros (Korzus) como no trabalho anterior. Neste, percebemos uma forma mais
prática e mais funcional de compormos nossas músicas, fazendo uma pré-produção
com programas, em casa mesmo antes de chegar ao estúdio e gravar valendo. Uma
forma de economizar tempo e dinheiro também. Começamos a nos preocupar ainda
mais com a montagem das composições, a importância do refrão nas músicas, e
sempre imaginando como cada faixa seria ouvida pelos nossos fãs, como cada som
funcionaria ao vivo. Lançamento da Voice e arte por Marcelo Vasco.
“Locked
Forever” – Distraught – (2015): Nosso mais recente
álbum. Me inspirei no livro “Holocausto Brasileiro” de Daniela Arbex. Todos
deveriam ler esse livro, saber um pouco das barbáries que tivemos em nosso
Brasil. Durante décadas, milhares de pacientes foram internados a força,
torturados, violentados e mortos sem que ninguém se importasse com seu destino.
Então decidimos ir em busca de algo para nosso videoclipe principal da Locked Forever. Precisávamos de uma locação
aos moldes do hospício de Barbacena/MG. Conseguimos
o local ideal para gravar as imagens para o clipe, no IPF (Instituto
Psiquiátrico Forense). Foi uma experiência única para nós, junto com os
internos e no ambiente que eles vivem. Gravamos tomadas de voz, baixo e
guitarras nesse lugar, loucura total literalmente. Além desse clipe também gravamos
a Shortcut
To Escape. Na minha opinião, o nível máximo que conseguimos em vários
aspectos, produção, capa, e musicalmente acho que era tudo que sempre
desejávamos. Renato Osorio (ex-Hibria) fez um ótimo trabalho como produtor,
Benhur Lima (ex-Hibria) cuidou da mixagem, e a masterização ficou por conta de
Adair Daufembach, alé da arte por Marcelo Vasco, time de peso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário