Por Vitor Franceschini
A essência do Black Metal
nacional talvez possa ser resumida através da banda Heia, grupo goiano que
completa vinte anos de estrada em 2019. Liderado pelo guitarrista e vocalista
Místico Culto – que nos concedeu essa entrevista - a banda divulga no momento seu debut, que foi
relançado no ano passado em parceria com diversos selos, novo projeto gráfico e
sua sonoridade atemporal, tanto que parece um trabalho gravado nos dias de
hoje. Trata-se de “Magia Negra”, que saiu originalmente em 2007, e é o foco
inicial desta entrevista, que abordou também outros assuntos. Completam a
formação Agaliarepth (baixo) e Chaos (bateria). Com vocês, direto de
Goiânia/GO, a horda Heia!
Primeiramente
gostaria de saber como surgiu a ideia de relançar “Magia Negra” e qual o
motivo? Como chegaram até o selo Impaled Records e as outras distros, e como
foi trabalhar nesta reedição?
Místico
Cultos: Bom, obrigado pela oportunidade em participar desse
grande artefato. Então, “Magia Negra” foi lançado originalmente em 2007 e ao
meu ver não teve uma divulgação satisfatória, e após 10 anos de seu lançamento
eu decidi fazer esse relançamento. Como eu tenho o selo Diabolic Records, eu
comecei a convidar uns selos parceiros. A Impaled Records do ‘Formigão’, que já
é um grande parceiro desde 2007, então a
nossa aliança já é selada, outro grande parceiro é o Luis Carlos Louzada
de Santos/SP da Violent Records e o Ricardo Nadal da Brothers Of Metal. Então
assim foram grandes parceiros que se uniram para lançar esse disco.
O
trabalho ganhou uma reedição em digipack, com nova arte. Aliás, um trabalho
muito interessante e bem feito. Como foi trabalhar nessa arte e o que ela
representa além do disco?
Místico:
Obrigado pelos elogios, quem ilustrou foi o irmão Emerson de Salvador/BA e eu
mesmo fiz a pintura digital. E eu quis redirecionar os significados da capa, a
primeira edição eu coloquei um pentagrama de destaque, foi em 2007. E agora em
2018 eu quis dar destaque ao Caduceu de mercúrio que significa uma evolução
ideológica pessoal do ser, é uma iniciação que a pessoa passa para transcender
no Oculto.
“Magia
Negra” foi lançado originalmente há 11 anos, mas dentro de sua proposta soa
muito atual, concorda? Você imaginava que o disco soaria de tal forma anos
depois?
Místico:
Adorei a Pergunta. E obrigado mesmo eu não tinha pensado nisso e nunca teria
imaginado.
Aliás,
como você o vê hoje em dia?
Místico:
Olha eu vejo, que esse disco tem muitos erros (risos) muita coisa eu poderia
ter melhorado, mas enfim são 10 anos né... e a gente evolui a cada dia, então é
natural querermos melhorar tudo.
O
disco traz também as bônus Ritual e Missa Negra, lançadas originalmente na
demo “Oráculo”, primeiro registro da banda em 2002. Por que escolheram essas
faixas como bônus?
Místico:
Bom, essas duas faixas foram gravadas em 2004 num estúdio aqui em Goiânia, um
estúdio de um amigo nosso que fez algo meio que experimental e nunca tínhamos
divulgado esse resultado. Então quando gravamos todas as músicas do disco tinha
ficado essas duas prontas e decidimos colocar essas duas músicas. E é possível
ver claramente a diferença do timbre dessas duas músicas.
Foto: Leandro Cherutti |
E
como tem sido a repercussão de “Magia Negra” até então? A banda acredita que
conseguiu angariar e ainda expor ainda mais o trabalho com este relançamento?
Místico:
Com toda a certeza, em todos os shows da horda, esse CD é aclamado demais, e
quanto a imprensa também, as críticas são muito positivas.
Sei
que a maioria das bandas não gostam muito de falar sobre os ‘extras música”,
mas acredito que é importante falar isso com um representante tão importante do
estilo no país. A Héia é uma banda que só não carrega a essência do Black Metal
e sua temática satânica afinco, mas sim ergue a bandeira do estilo com orgulho.
Como vocês veem o atual cenário no Brasil?
Místico:
A cena negra nacional é grandiosa muitas hordas muitos selos, muitas pessoas
honestas e muito pilantra, o problema é saber diferenciar um do outro.
Aliás,
em meio ao conturbado momento político, muitos do cenário não só Black Metal,
mas com bandas de propostas satânicas e anticristãs, apoiando lideranças
confessamente defensoras de tradições e costumes cristãos. Como vocês veem
isso?
Místico:
É lamentável isso, triste demais, mas vamos deixar assim, não vamos falar de
política aqui.
Voltando
ao principal, que é o trabalho de vocês. Há quatro anos, desde “Ritos Noturnos”
(2014), a banda não solta um trabalho completo, mas lançou três splits. Por que
optaram por estes lançamentos e o que pode falar sobre os mesmos?
Místico:
Na
verdade eu optei em fazer esses lançamentos em split vinil - 7” EP e LP - primeiro porque eu sou viciado em vinil e
nunca tínhamos lançado nada em vinil. O primeiro foi o Nox Spiritus de
Uberlândia do meu grande irmão Nocturnos Animus, foi uma grande honra para gente fazer esse
Split com eles, e o segundo com o Castifas do Rio de Janeiro e o vinil LP –
esse foi um projeto em parceria com a Impaled Records, eu fiz tudo desde a parte gráfica, a
negociação com a Polyssom, mandar tudo para a fábrica, ir na gráfica acompanhar
o processo de impressão, eu fiz tudo e pra foi um aprendizado muito grande. Hoje
em dia eu sei fazer tudo, posso caminhar sozinho, então a gente só ganhou com
essas parcerias.
Provavelmente
a banda vem trabalhando em material inédito. O que podem adiantar sobre futuros
lançamentos? Vocês pretendem manter a pegada de sempre ou adicionarão novos
elementos a sonoridade do Héia?
Místico:
Isso, já estamos trabalhando em músicas novas, evolução sempre, eu procuro
estar sempre melhorando minha performance na guitarra e minha ideologia. Tudo
em constante progressão.
E
quanto ao tributo ao Bestymator, há quantas andas e como foi para vocês
participar deste trabalho que homenageia uma cultuada banda brasileira?
Místico:
Nossa, o tributo está sendo uma grande honra, porque o Bestymator é uma das
hordas que eu mais admiro desde a década de 90 e nós já terminamos de gravar,
já está tudo mixado e essa semana eu já envio para o selo e vamos aguardar vir
da fábrica esse grande disco
Por
fim, em relação a shows. O Heia tem se mostrado ativo para uma banda de Black
Metal em apresentações pelo país. Como está a agenda de vocês para este fim de
ano e início de 2019?
Místico:
Bom, eu gosto muito de estar na estrada e sempre estou negociando eventos aqui
na cidade e fora dela. Eu já estou fechando algumas datas para o ano que vem, e
já posso adiantar que dessa vez vamos sair do país e conseguir fazer uns shows
no exterior. E eu só tenho a agradecer a todas as pessoas que apoiam a horda ao
longo da nossa jornada.
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