quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Heia: "Evolução sempre!"




Por Vitor Franceschini

A essência do Black Metal nacional talvez possa ser resumida através da banda Heia, grupo goiano que completa vinte anos de estrada em 2019. Liderado pelo guitarrista e vocalista Místico Culto – que nos concedeu essa entrevista -  a banda divulga no momento seu debut, que foi relançado no ano passado em parceria com diversos selos, novo projeto gráfico e sua sonoridade atemporal, tanto que parece um trabalho gravado nos dias de hoje. Trata-se de “Magia Negra”, que saiu originalmente em 2007, e é o foco inicial desta entrevista, que abordou também outros assuntos. Completam a formação Agaliarepth (baixo) e Chaos (bateria). Com vocês, direto de Goiânia/GO, a horda Heia!

Primeiramente gostaria de saber como surgiu a ideia de relançar “Magia Negra” e qual o motivo? Como chegaram até o selo Impaled Records e as outras distros, e como foi trabalhar nesta reedição?
Místico Cultos: Bom, obrigado pela oportunidade em participar desse grande artefato. Então, “Magia Negra” foi lançado originalmente em 2007 e ao meu ver não teve uma divulgação satisfatória, e após 10 anos de seu lançamento eu decidi fazer esse relançamento. Como eu tenho o selo Diabolic Records, eu comecei a convidar uns selos parceiros. A Impaled Records do ‘Formigão’, que já é um grande parceiro desde 2007, então a  nossa aliança já é selada, outro grande parceiro é o Luis Carlos Louzada de Santos/SP da Violent Records e o Ricardo Nadal da Brothers Of Metal. Então assim foram grandes parceiros que se uniram para lançar esse disco.

O trabalho ganhou uma reedição em digipack, com nova arte. Aliás, um trabalho muito interessante e bem feito. Como foi trabalhar nessa arte e o que ela representa além do disco?
Místico: Obrigado pelos elogios, quem ilustrou foi o irmão Emerson de Salvador/BA e eu mesmo fiz a pintura digital. E eu quis redirecionar os significados da capa, a primeira edição eu coloquei um pentagrama de destaque, foi em 2007. E agora em 2018 eu quis dar destaque ao Caduceu de mercúrio que significa uma evolução ideológica pessoal do ser, é uma iniciação que a pessoa passa para transcender no Oculto.

“Magia Negra” foi lançado originalmente há 11 anos, mas dentro de sua proposta soa muito atual, concorda? Você imaginava que o disco soaria de tal forma anos depois?
Místico: Adorei a Pergunta. E obrigado mesmo eu não tinha pensado nisso e nunca teria imaginado.

Aliás, como você o vê hoje em dia?
Místico: Olha eu vejo, que esse disco tem muitos erros (risos) muita coisa eu poderia ter melhorado, mas enfim são 10 anos né... e a gente evolui a cada dia, então é natural querermos melhorar tudo.

O disco traz também as bônus Ritual e Missa Negra, lançadas originalmente na demo “Oráculo”, primeiro registro da banda em 2002. Por que escolheram essas faixas como bônus?
Místico: Bom, essas duas faixas foram gravadas em 2004 num estúdio aqui em Goiânia, um estúdio de um amigo nosso que fez algo meio que experimental e nunca tínhamos divulgado esse resultado. Então quando gravamos todas as músicas do disco tinha ficado essas duas prontas e decidimos colocar essas duas músicas. E é possível ver claramente a diferença do timbre dessas duas músicas.

Foto: Leandro Cherutti

E como tem sido a repercussão de “Magia Negra” até então? A banda acredita que conseguiu angariar e ainda expor ainda mais o trabalho com este relançamento?
Místico: Com toda a certeza, em todos os shows da horda, esse CD é aclamado demais, e quanto a imprensa também, as críticas são muito positivas.

Sei que a maioria das bandas não gostam muito de falar sobre os ‘extras música”, mas acredito que é importante falar isso com um representante tão importante do estilo no país. A Héia é uma banda que só não carrega a essência do Black Metal e sua temática satânica afinco, mas sim ergue a bandeira do estilo com orgulho. Como vocês veem o atual cenário no Brasil?
Místico: A cena negra nacional é grandiosa muitas hordas muitos selos, muitas pessoas honestas e muito pilantra, o problema é saber diferenciar um do outro.

Aliás, em meio ao conturbado momento político, muitos do cenário não só Black Metal, mas com bandas de propostas satânicas e anticristãs, apoiando lideranças confessamente defensoras de tradições e costumes cristãos. Como vocês veem isso?
Místico: É lamentável isso, triste demais, mas vamos deixar assim, não vamos falar de política aqui.

Voltando ao principal, que é o trabalho de vocês. Há quatro anos, desde “Ritos Noturnos” (2014), a banda não solta um trabalho completo, mas lançou três splits. Por que optaram por estes lançamentos e o que pode falar sobre os mesmos?
Místico: Na verdade eu optei em fazer esses lançamentos em split vinil  - 7” EP e LP  - primeiro porque eu sou viciado em vinil e nunca tínhamos lançado nada em vinil. O primeiro foi o Nox Spiritus de Uberlândia do meu grande irmão Nocturnos Animus,  foi uma grande honra para gente fazer esse Split com eles, e o segundo com o Castifas do Rio de Janeiro e o vinil LP – esse foi um projeto em parceria com a Impaled Records,  eu fiz tudo desde a parte gráfica, a negociação com a Polyssom, mandar tudo para a fábrica, ir na gráfica acompanhar o processo de impressão, eu fiz tudo e pra foi um aprendizado muito grande. Hoje em dia eu sei fazer tudo, posso caminhar sozinho, então a gente só ganhou com essas parcerias.

Provavelmente a banda vem trabalhando em material inédito. O que podem adiantar sobre futuros lançamentos? Vocês pretendem manter a pegada de sempre ou adicionarão novos elementos a sonoridade do Héia?
Místico: Isso, já estamos trabalhando em músicas novas, evolução sempre, eu procuro estar sempre melhorando minha performance na guitarra e minha ideologia. Tudo em constante progressão.

E quanto ao tributo ao Bestymator, há quantas andas e como foi para vocês participar deste trabalho que homenageia uma cultuada banda brasileira?
Místico: Nossa, o tributo está sendo uma grande honra, porque o Bestymator é uma das hordas que eu mais admiro desde a década de 90 e nós já terminamos de gravar, já está tudo mixado e essa semana eu já envio para o selo e vamos aguardar vir da fábrica esse grande disco 

Por fim, em relação a shows. O Heia tem se mostrado ativo para uma banda de Black Metal em apresentações pelo país. Como está a agenda de vocês para este fim de ano e início de 2019?
Místico: Bom, eu gosto muito de estar na estrada e sempre estou negociando eventos aqui na cidade e fora dela. Eu já estou fechando algumas datas para o ano que vem, e já posso adiantar que dessa vez vamos sair do país e conseguir fazer uns shows no exterior. E eu só tenho a agradecer a todas as pessoas que apoiam a horda ao longo da nossa jornada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário