Por Vitor Franceschini
Há cerca de quinze dias
ou menos, um ‘artista’ brasileiro, conhecido como MC Gui protagonizou uma cena
constrangedora enquanto passeava pela Disney, nos Estados Unidos. Em suas redes
sociais, postou um ‘storie’ onde ele ria de uma garotinha fantasiada de Agnes,
aquela garota fofinha da animação “Meu Malvado Favorito”, supostamente
cometendo bullying com a menina.
Sim, supostamente porque
não sabemos exatamente o que veio ao caso, mas ficou realmente parecendo que o
cantor estava rindo da garota, que muitos diziam estar se recuperando de uma
doença grave, inclusive. No vídeo, dá pra ver o deboche do MC e o olhar da
menina constrangida. Enfim, virou polêmica, o MC perdeu seguidores (mesmo assim
ainda tem 7,8 milhões só no Instagram), além de ter datas de shows desmarcadas.
Isso sem contar que a garota foi exposta diversas vezes, até seu nome foi
divulgado, o que, pra esse que vos escreve, foi o mais grave.
Mas, quero chegar num
ponto crucial. Na bolha do Rock e Heavy Metal, que é a que minhas redes sociais
particulares mais convivem, o que eu mais li foi: “só poderia ser funkeiro”.
Nada mais oportuno para fãs de um estilo que tem fiéis seguidores e um auto
índice de radicalismo, usar como prerrogativa de que a atitude só poderia ter
vindo de um estilo de música tão depreciado por roqueiros e headbangers.
Porém, na mesma época,
nesta bolha ‘da música pesada’, uma banda que admiro muito e passei admirar
mais ainda, chamada Laboratori, demitiu um de seus integrantes porque o mesmo
havia agredido sua namorada. Justificando sua posição ideológica e princípios,
os integrantes não pensaram duas vezes, apuraram os fatos e mandou o músico
embora. Melhor (ou pior), horas depois,
após denúncia de fãs e amigos, a banda demitiu outro integrante que tinha em
seu histórico agressão contra mulher.
Não estou sendo específico
porque o texto não tem como finalidade julgar ninguém e também não obtenho
comprovação de tais fatos, mas onde há fumaça, há fogo, mas quero levantar uma
questão. O estilo da música define realmente caráter?
Diante destes dois casos,
obviamente pelo fato de a banda ser underground e de Metal, não houve uma
exposição na grande mídia, mas onde estavam os paladinos da justiça do Metal (e
do Rock) para dizer que os agressores só poderiam ‘ser roqueiros’? Aliás, será
que se preocuparam com o caso?
Pois é, se o leitor
chegou à conclusão que julgar dessa forma cheira a oportunismo e do barato,
está corretíssimo. Afinal, é óbvio que a diversidade cultural e ideológica de
estilos de músicas é diferente, relativizando algumas atitudes. Mas mal caratismo,
covardia e escrotice não é exclusividade de ninguém, independentemente da
música que se ouça ou que se faça. Engraçado que nessa hora não existe roqueiro de esquerda ou direita.
Obs.: parabéns à banda Laboratori pela atitude imediata, louvável e corajosa, que mostra que ideais devem ser preservados, afinal, música feita em conjunto devem carregar princípios em comum entre seus músicos.
*Vitor
Franceschini é editor do ARTE METAL, jornalista graduado, palmeirense e
headbanger que ama música em geral, principalmente a boa. Nunca ouviu falar do
MC Gui antes dessa polêmica.
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