Por Vitor Franceschini
Só resgatando meu breve
início de carreira como jornalista, aliás, o embrião disso tudo, meu interesse
pela área surgiu quando, lá pelos idos dos anos 2000, eu resolvi editar um zine
chamado GoreDeath Zine. Era feito de textos escritos num PC 486 (computador),
com uma mistura de colagens e xerox. Fazia na raça e de uma forma extremamente
amadora e precária, mas até que tinha um bom texto.
O zine deve ter durado
umas três ou quatro edições, e com ele cheguei a conhecer diversas bandas que
enviaram material na época. A maioria deste material possuo até hoje (inclusive
continuo guardando tudo que recebo para o blog) e, durante minhas férias
oficiais (e uma quarentena obrigatória devido ao Covid-19) fucei em meus
arquivos e encontrei algumas demos.
Foi aí que surgiu a ideia
de criar uma série dentro desta seção, da qual resolvi denominar “Parou na Demo”,
que serão cinco textos. O motivo foi pelo fato de eu estar analisando algumas
demos-tapes (fita cassete com gravações demonstrativas de uma banda) e chegar à
conclusão que algumas bandas, mesmo acima da média, nunca lançaram um material
oficial, ou seja, um álbum sequer. Algumas, aliás, lançaram apenas uma fitinha.
Este é o caso do Imperial
Doom, banda oriunda de São José do Rio Preto/SP. Muito cultuada no underground
no final dos anos 90, os caras faziam um Death Metal único, típico das bandas
brasileiras, maléfico e sombrio. Mas o principal fato, era que o quinteto
estava muito à frente de seu tempo.
Sua primeira e única
demo, “Forest of Blood”, lançada em 1998, demonstrava que a banda sabia e muito
o território que pisava, unia técnica, variação rítmica e contava com uma
produção muito boa para as condições e padrões de mais de 20 anos atrás. O
profissionalismo dos caras também impressionava. Tanto que a demo vinha com um
encarte em papel couche, com uma capa toda trabalhada e as informações técnicas
gerais. Coisa que algumas bandas não fazem em pleno 2020 num CD oficial!
E, não tem como não
questionar. Como com todo esse talento e profissionalismo, o Imperial Doom não
conseguiu pelo menos gravar um único álbum? Sim, nem sempre oportunidade
significa qualidade, e o cenário underground metálico foi e é mais cruel do que
se imagina. Ao menos, aos que viveram a época e conheceram o Imperial Doom, a
banda eternizou um clássico cult e duas músicas sensacionais do Death Metal: Death Ritual e Crucified Children.
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