terça-feira, 14 de abril de 2020

In Lo(u)co: Black Sabbath – 04-12-2016 – São Paulo (Estádio do Morumbi)




Por Adalberto Belgamo

Apropriado para o momento pelo qual estamos passando, a “The End Tour” (O Fim) pode ter sido uma das últimas turnês com aglomeração maciça de pessoas. Até encontrarem uma vacina e/ou um tratamento eficaz contra o Covid-19, as “lives”, o YouTube e DVDs serão as únicas oportunidades para vermos nossos ídolos no palco. Fiquem em casa!

Não sou especialista em saúde e pandemia. Portanto, prefiro confiar em médicos, pesquisadores, farmacêuticos e epidemiologistas (sem viés político partidário) que em um “lunático psicopata e mau caráter” e seus seguidores. Não quer ficar em casa (sair sem necessidade ou obrigação) ou tomar medidas necessárias para enfrentar a pandemia? Não espere solidariedade e empatia de quem vos escreve. Tais sentimentos são uma via de mão dupla. Seguidores de um imbecil, assim como ele, não os praticam. Que se virem, caso sejam acometidos pela doença. Façam ‘arminhas’, gritem mito ou entreguem a cura a uma figura sobrenatural qualquer.

Voltando ao show. Excursãozinha básica. Saíram três catalocos (risos) da minha cidade. Só gente bonita, honesta, elegante e sincera! Ônibus devidamente e estrategicamente estacionados.  Grupos se formam para chegar ao Morumba. Tenho um carinho especial pelo estádio, pois foi nele que vi o Kiss (meu primeiro show gringo!) em 1983! Sim. Sobrevivi ao meteoro, que acabou com os dinossauros!

Eu e mais três amigos começamos a subir a Rua (Avenida, Via Expressa... sei lá - risos), que dá acesso ao estádio. Eis que, de repente, vejo o maior “capote” de alguém no meio da rua. Superou os meus! “Ninja style”! Não citarei o nome próprio do “jovem”, que se estatelou no chão. Para os curiosos o apelido e local de trabalho: “Nerso; Sistema S.” (risos).

As pessoas normais imprimem o ingresso e entram. Eu não. Acumulador de carteirinha sempre quer o original. Resultado, uma hora e meia na fila. Mas até que foi divertido. Fiz amizade com os cavalos dos “poliça” e fiquei brincando com eles. Demais!

Momento surreal. Depois de tanto tempo na fila com o joelhinho maroto (e sem meniscos) doendo, a mocinha do caixa me perguntou se era o do festival de março. Tolerância zero! Viajar cinco horas, ficar mais uma hora e meia na fila para pegar um ingresso, voltar para a minha cidade e ignorar o Tony ‘God’ Iommi. Se chover arreios, faltarão carroças. (risos)

Entrei e avistei meus amigos. Joelho matando (bate osso com osso - risos), resolvi comprar um refri para tomar um analgésico de derrubar os meus amiguinhos equinos, que estavam do lado de fora. Acumulador (sempre!), comprei a bebida junto com o “copo” alusivo ao show. Mais um aborrecimento. O “manolo”, que estava servindo, disse que não tinha mais o copo.  Mas eu vi vários lacrados ao lado do freezer.

O “bonito” teve a cara de pau de me chamar de lado e dizer que seu eu desse mais trinta dinheiros, ele me daria o copo. Fui direto à supervisora. Além do copo, ganhei uma breja, que dei para alguém na fila. Tomar analgésico forte com álcool não seria a combinação perfeita. Ah, a supervisora “sumiu” com o cara do atendimento.

Tentei achar meu lugarzinho para ficar sentadinho. Já estava no fim do Rival Sons. Nem lugar, nem show de abertura. Mais uma vez o “overbooking”. Havia mais pessoas que lugares. A minha sorte é que um segurança, o qual estava cuidando da entrada dos camarotes, percebeu que eu não conseguia ficar em pé o tempo todo e deixou o “alecrim do campo” sentar em uma das cadeiras, que ficam na parte externa dos camarotes.


Tranquilo. Finalmente, Black Sabbath!
A minha banda preferida de Heavy Metal é o Sabbath (em todas as fases). Tony Iommi é a minha referência (entre diversos estilos e músicos) para tentar fazer um “baruiu” com a guitarra. Tive de me segurar para não chorar! Tinha visto outros três shows da banda, mas aquele - talvez por ser o último - foi muito especial.

Como não se emocionar com o setlist! Black Sabbath, Fairies Wear Boots, After Forever, Into the Void, Snowblind, War Pigs, Behind The Wall Of Sleep, N.I.B., Rat Salad, Iron Man, Dirty Women, Children Of The Grave e Paranoid. Praticamente o mesmo do show anterior no Campo de Marte. Indecente! Pior espaço de shows que conheci. Mas fica para outra oportunidade.
Há várias teorias, mas quem (independente do gênero, inclusive alienígena - risos) não concordar que eles - principalmente o Tony Iommi - são os pais do Metal. De boa, vai beijar o Carluxo na boca e pegar o coronga!

E o timbre da guitarra! O peso da cozinha baixo e bateria! As maluquices do Ozzy! Sem mais comentários! HISTÓRICO! Depois da aula de Heavy Metal, esperar o público sair para não piorar o joelhinho e atrasar o ônibus para a volta. No entanto, lembrei-me do “manolo” do atendimento. “E se ele estiver me esperando para quebrar o outro joelho do X9?”

Encontrei o Fafa - brother de Jaboticabal - e um amigo dele, estilo porta de dois metros. Lógico que “colei” neles para achar o meu ônibus. Sobrou voltar para Araraquara, ciente de ter feito parte da história da música pesada. Ah, com o copo devidamente escondido no bolso da bermuda!

Inté!

*Adalberto Belgamo é professor, atuando no museu (sem ser peça... ainda - risos), colaborador do Arte Metal, além de ser Parmerista, devorador de música boa, livros, filmes e seriados. Um verdadeiro anarquista fanfarrão.

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