Por Vitor Franceschini
These Dark Trails é a
nova viagem sombria e gélida de Bruno Cassoni, guitarrista da Songs of
Oblivion. Atendendo a chamados de seu próprio eu, o músico criou o projeto e trabalhou
no lançamento do novo EP, “Epiphany”, onde sua personalidade musical está
presente. Ele conversa com o ARTE METAL e fala sobre sua nova empreitada.
Bruno,
como você chegou à conclusão de que deveria criar o These Dark Trails e por que
optou em trabalhar sozinho?
Bruno
Cassoni: Criei o These Dark Trails após eu sair de outros
projetos do qual fazia parte, e também após anos em bandas da cidade e após
fazer parte de diversos outros projetos eu achei que estava na hora de ter algo
só meu. Eu já tinha algumas músicas em andamento que não seriam mais utilizadas,
então resolvi finalizá-las, fiz a composição de outras partes e então após a
sugestão do meu amigo Arthur (Denial of Light) do nome These Dark Trails
produzi e lancei o EP “Epiphany”.
E
quais vantagens e desvantagens de compor, executar as composições e produzir
tudo sozinho, além das desvantagens?
Bruno:
As
vantagens eu credito ao “modo alone”, quando se está sozinho, quando não se tem
a interferência de outros músicos ou mesmo produtores, você tem uma obra de uma
essência pessoal, você compõe, escuta, grava e sente como a música tem que ser,
mas como tudo tem seu preço, estando sozinho você também se limita apenas ao
próprio conhecimento.
Aliás,
como foi esse processo de composição. As músicas vêm de longa data ou você as
compôs exatamente para “Epiphany”?
Bruno: As
composições eu vou fazendo ao longo dos dias, meses e até mesmo anos, acordes
que foram criados e ainda estavam na minha cabeça, dentre alguns retalhos que
eu gravo quando tenho inspirações. Das cinco faixas, três já estavam em
andamento, que foram finalizadas para o EP “Epiphany”, outras duas foram
criadas para o mesmo. Originalmente eram sete faixas, mas duas eu removi, uma
por eu ter perdido o projeto ao longo dos meses e outra que era totalmente Post
Punk, na linha The Cure / She Past Away, que pretendo usar em algum outro lugar
futuramente.
As
composições de “Epiphany” mostra um lado mais frio e sombrio, característica
que esteve presente sempre nas bandas e projetos que você participou. Porém
neles, sempre esteve atrelada a outros elementos e influências. Queria que você
falasse um pouco sobre isso. Seria essa a sua principal característica?
Bruno: Acho
que as músicas do “Epiphany” realmente tiveram um lado mais sombrio do que em
outros projetos que fiz parte, acredito ter descoberto isso juntamente com a
finalização desse trabalho, pois nada é proposital, as músicas saem como devem
sair, sem ter algo diretamente programado inicialmente.
Mesmo
assim, o disco ainda traz um conceito musical abrangente. Há algo que você não
esperava que soasse de tal forma e notou depois de tudo pronto?
Bruno:
Sim,
durante o processo seu ouvido “vicia”, pois, demoram-se meses até estar tudo
finalizado, e quanto mais você escuta mais percebe que poderia ser de um jeito
ou de outro, após o lançamento parece que tudo “zera” e então uma nova
percepção surge e assim se consegue perceber a obra como um todo.
Falando
em conceito, qual temática lírica abordada nas letras? Que mensagem você passa
em “Epiphany”?
Bruno: Acredito
que a temática geral seja a tristeza e o pessimismo diante da vida, as faixas
são diferentes umas das outras assim como as letras abordam uma essência
diferente, são mais uma visão pessoal de como vejo e lido com alguns
sentimentos sobre a vida e o mundo, e acredito que o sentimento passado será
percebido por quem ouvir as músicas em um determinado estado de espírito, como
por exemplo a faixa dois (By Actions And
Concepts) “sentimentos sombrios todos os dias por ações e conceitos” abordo
nessa parte da letra a corrosão que temos dentro de nós o tempo todo, devido ao
desgaste do dia a dia, e ainda o trecho “a razão corroída pelas não virtudes de
uma existência comprometida” do qual me refiro a inevitável insanidade presente
em cada um de nós, que vem com o passar do tempo.
Tanto
musicalmente, quanto liricamente, trabalhos com as características existentes
em “Epiphany” trazem uma veia mais intimista. Ao que você acredita que se deve
isso? Seria o fato de ser um ‘one-man-band’ ou você acha que os elementos são
os responsáveis?
Bruno: Isso
se deve realmente por ser um trabalho realizado totalmente sozinho, pois a
interferência de outros músicos no projeto traria algo mais abrangente acredito
eu. As letras realmente abordam uma visão muito particular para expressar uma
visão sombria sobre tudo ao meu redor, os acordes, assim como a montagem das
músicas são todos criados de ouvido pois não tenho estudo teórico nos
instrumentos que toco, o que traz ainda mais particularidade ao projeto.
E
como tem sido o trabalho de divulgação de “Epiphany”? Qual o feedback você tem
tido? O disco chegou a receber respostas do exterior?
Bruno:
A
divulgação tem sido melhor que o esperado inicialmente, o trabalho realizado
pela VHPress
foi realmente muito bom conseguindo atingir os principais veículos de
comunicação da vertente. Tenho recebido suporte ao projeto através do Bandcamp,
o que motiva ainda mais a continuar. O álbum também foi publicado no canal
Atmospheric Black Metal Albums o que trouxe uma considerável visibilidade
principalmente em países da Europa o que também proporcionou que o These Dark
Trails entrasse no acervo mundial de bandas de metal, o site “Metal Archives”
(Encyclopaedia Metallum).
Você
pretende expandir o projeto aos palcos?
Bruno: Isso
ainda é algo obscuro, é muito difícil encontrar músicos que realmente queiram
estar compromissados com o projeto sem que tenhamos um desgaste devido a
discussões, ensaios, datas, composições etc, mas isso pra mim é algo que está
aberto, tudo depende das pessoas certas, pois é algo muito triste não poder se
apresentar ao vivo.
Por
fim, acredito que você já está trabalhando em algo novo. O que pode nos
adiantar sobre o futuro do These Dark Trails?
Bruno: As
composições nunca param, já estou seguindo com o projeto em meu home estúdio
(Obscure Room) e pretendo lançar um álbum ‘full’ até o final do ano e se tudo
der certo um vídeo de alguma música do EP até julho, se o cenário melhorar até
lá.
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