segunda-feira, 27 de abril de 2020

These Dark Trails: a tristeza e o pessimismo descritos através da beleza da música




Por Vitor Franceschini

These Dark Trails é a nova viagem sombria e gélida de Bruno Cassoni, guitarrista da Songs of Oblivion. Atendendo a chamados de seu próprio eu, o músico criou o projeto e trabalhou no lançamento do novo EP, “Epiphany”, onde sua personalidade musical está presente. Ele conversa com o ARTE METAL e fala sobre sua nova empreitada.

Bruno, como você chegou à conclusão de que deveria criar o These Dark Trails e por que optou em trabalhar sozinho?
Bruno Cassoni: Criei o These Dark Trails após eu sair de outros projetos do qual fazia parte, e também após anos em bandas da cidade e após fazer parte de diversos outros projetos eu achei que estava na hora de ter algo só meu. Eu já tinha algumas músicas em andamento que não seriam mais utilizadas, então resolvi finalizá-las, fiz a composição de outras partes e então após a sugestão do meu amigo Arthur (Denial of Light) do nome These Dark Trails produzi e lancei o EP “Epiphany”.

E quais vantagens e desvantagens de compor, executar as composições e produzir tudo sozinho, além das desvantagens?
Bruno: As vantagens eu credito ao “modo alone”, quando se está sozinho, quando não se tem a interferência de outros músicos ou mesmo produtores, você tem uma obra de uma essência pessoal, você compõe, escuta, grava e sente como a música tem que ser, mas como tudo tem seu preço, estando sozinho você também se limita apenas ao próprio conhecimento.

Aliás, como foi esse processo de composição. As músicas vêm de longa data ou você as compôs exatamente para “Epiphany”?
Bruno: As composições eu vou fazendo ao longo dos dias, meses e até mesmo anos, acordes que foram criados e ainda estavam na minha cabeça, dentre alguns retalhos que eu gravo quando tenho inspirações. Das cinco faixas, três já estavam em andamento, que foram finalizadas para o EP “Epiphany”, outras duas foram criadas para o mesmo. Originalmente eram sete faixas, mas duas eu removi, uma por eu ter perdido o projeto ao longo dos meses e outra que era totalmente Post Punk, na linha The Cure / She Past Away, que pretendo usar em algum outro lugar futuramente.

As composições de “Epiphany” mostra um lado mais frio e sombrio, característica que esteve presente sempre nas bandas e projetos que você participou. Porém neles, sempre esteve atrelada a outros elementos e influências. Queria que você falasse um pouco sobre isso. Seria essa a sua principal característica?
Bruno: Acho que as músicas do “Epiphany” realmente tiveram um lado mais sombrio do que em outros projetos que fiz parte, acredito ter descoberto isso juntamente com a finalização desse trabalho, pois nada é proposital, as músicas saem como devem sair, sem ter algo diretamente programado inicialmente.



Mesmo assim, o disco ainda traz um conceito musical abrangente. Há algo que você não esperava que soasse de tal forma e notou depois de tudo pronto?
Bruno: Sim, durante o processo seu ouvido “vicia”, pois, demoram-se meses até estar tudo finalizado, e quanto mais você escuta mais percebe que poderia ser de um jeito ou de outro, após o lançamento parece que tudo “zera” e então uma nova percepção surge e assim se consegue perceber a obra como um todo.

Falando em conceito, qual temática lírica abordada nas letras? Que mensagem você passa em “Epiphany”?
Bruno: Acredito que a temática geral seja a tristeza e o pessimismo diante da vida, as faixas são diferentes umas das outras assim como as letras abordam uma essência diferente, são mais uma visão pessoal de como vejo e lido com alguns sentimentos sobre a vida e o mundo, e acredito que o sentimento passado será percebido por quem ouvir as músicas em um determinado estado de espírito, como por exemplo a faixa dois (By Actions And Concepts) “sentimentos sombrios todos os dias por ações e conceitos” abordo nessa parte da letra a corrosão que temos dentro de nós o tempo todo, devido ao desgaste do dia a dia, e ainda o trecho “a razão corroída pelas não virtudes de uma existência comprometida” do qual me refiro a inevitável insanidade presente em cada um de nós, que vem com o passar do tempo.

Tanto musicalmente, quanto liricamente, trabalhos com as características existentes em “Epiphany” trazem uma veia mais intimista. Ao que você acredita que se deve isso? Seria o fato de ser um ‘one-man-band’ ou você acha que os elementos são os responsáveis?
Bruno: Isso se deve realmente por ser um trabalho realizado totalmente sozinho, pois a interferência de outros músicos no projeto traria algo mais abrangente acredito eu. As letras realmente abordam uma visão muito particular para expressar uma visão sombria sobre tudo ao meu redor, os acordes, assim como a montagem das músicas são todos criados de ouvido pois não tenho estudo teórico nos instrumentos que toco, o que traz ainda mais particularidade ao projeto.

E como tem sido o trabalho de divulgação de “Epiphany”? Qual o feedback você tem tido? O disco chegou a receber respostas do exterior?
Bruno: A divulgação tem sido melhor que o esperado inicialmente, o trabalho realizado pela VHPress foi realmente muito bom conseguindo atingir os principais veículos de comunicação da vertente. Tenho recebido suporte ao projeto através do Bandcamp, o que motiva ainda mais a continuar. O álbum também foi publicado no canal Atmospheric Black Metal Albums o que trouxe uma considerável visibilidade principalmente em países da Europa o que também proporcionou que o These Dark Trails entrasse no acervo mundial de bandas de metal, o site “Metal Archives” (Encyclopaedia Metallum).


Você pretende expandir o projeto aos palcos?
Bruno: Isso ainda é algo obscuro, é muito difícil encontrar músicos que realmente queiram estar compromissados com o projeto sem que tenhamos um desgaste devido a discussões, ensaios, datas, composições etc, mas isso pra mim é algo que está aberto, tudo depende das pessoas certas, pois é algo muito triste não poder se apresentar ao vivo.

Por fim, acredito que você já está trabalhando em algo novo. O que pode nos adiantar sobre o futuro do These Dark Trails?
Bruno: As composições nunca param, já estou seguindo com o projeto em meu home estúdio (Obscure Room) e pretendo lançar um álbum ‘full’ até o final do ano e se tudo der certo um vídeo de alguma música do EP até julho, se o cenário melhorar até lá.

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