Por Vitor Franceschini
Seguindo com a saga de
textos mais ‘emotivos’ que ‘técnicos’ que iniciamos lá com o “Dance Of December Souls” (1993) do Katatonia (leia aqui),
agora falaremos de um disco que é odiado por alguns e amado por muitos: “Wildhoney” (1994), de outra banda
sueca, o Tiamat.
Classificado por muitos
como um divisor de águas na carreira da banda, particularmente não o vejo
assim, acredito que essa função cabe a “Skeleton
Skeletron” (1999), sexto disco da banda que os colocou de vez na rota do
Gothic Rock. Após o controverso e mal produzido álbum “Clouds” (1992), onde o Tiamat
adentrara mais no Gothic Metal, depois de dois álbuns iniciais de Death/Doom
Metal, apenas seu líder e mentor Johan
Edlund (vocal/guitarra) e Johnny
Hagel (baixo) permaneceram na banda.
Mas, os músicos de apoio,
principalmente o tecladista Waldemar
Sorychta, que produziu e foi fundamental na concepção de “Wildhoney”, se sobressaíram e elevaram
a banda a outro patamar. Completaram o time o baterista Lars Sköld e Magnus Sahlgren
(guitarra).
Mantendo vários elementos
do Death / Doom Metal que apresentou a banda ao mundo, principalmente nas duas
faixas iniciais do disco, Whatever That
Hurts e The Ar, o Tiamat incorporou muito do Atmospheric
e Ambient Music nas novas composições, reinventando sua música sem sair de suas
características.
Uma das melhores
composições da banda, Gaia deixa os
riffs de guitarras de lado para dar espaço para um teclado viajante, totalmente
atmosférico que leva o ouvinte a uma viagem espacial lisérgica, musicalmente
falando. Com a ajuda de solos de guitarra fenomenais, a composição parece
revelar até hoje novos elementos ao mais atento ouvinte.
Formação da turnê do álbum na época |
Visionaire
retorna às origens da banda, mostrando que uma boa lapidação na produção
colaborou muito com o Tiamat,
mostrando que, além de bom instrumentista e compositor, Edlund se revelava um
excelente vocalista com guturais, drives e solfejos se revezando em seu timbre
característico.
Do
You Dream Of Me?, a faixa introspectiva de “Wildhoney”, mostra influência de
música Folk e é mais uma surpresa, junto com a viajante e intimista A Pocket Size Sun, que fecha o disco com
seus pouco mais de oito minutos.
Além da intro que dá nome
ao disco, há outros dois interlúdios e uma instrumental totalmente atmosférica,
que atende pelo nome de Planets e nos
brinda com um solo de guitarra bem futurista, além de camadas de teclados
totalmente viajantes. Legal que ela eleva o clima de uma natureza futurística
que permeia o disco todo.
Lembro-me perfeitamente,
não exatamente qual ano (creio ser por volta de 1999), quando gravei de fita
pra fita (K7) este trabalho, nunca tendo ouvido nada igual antes e logo estar
encantado por este disco que consegui adquirir no formato em CD quando foi
lançado nacionalmente tendo como bônus o EP “Gaia” alguns anos depois (2001 se
não me falha a memória).
A sensação de fúria
inicial, mesclada à melancolia e psicodelia que o disco me causou inicialmente,
porém que eu não sabia distinguir, é a mesma quando o ouço até hoje. E não são
poucas as vezes que faço isso ao menos todo mês, durante os últimos 20 anos.
Que disco!
https://www.youtube.com/watch?v=oWfEH-83rxo
https://www.youtube.com/watch?v=mOnn6qqR9y4
https://www.youtube.com/watch?v=uTgZJm7WiY4
*Vitor
Franceschini é editor do ARTE METAL, jornalista graduado, palmeirense e
headbanger que ama música em geral, principalmente a boa. Curte todas as fases
do Tiamat.
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