terça-feira, 25 de maio de 2021

Sem Textão: “Svartalvheim”, o primogênito do ANCIENT


 

Por Vitor Franceschini

 

O Ancient pode parecer um tanto quanto deslocado do Black Metal norueguês, e realmente o é. Iniciado como um projeto solo de Aphazel (guitarra, baixo, vocal, bateria), pseudônimo de Magnus Garvik, a forma de abordagem e divulgação de seu trabalho realmente é diferente daquilo que se apresentou na segunda onda do estilo na Escandinávia. No entanto, musicalmente a banda carrega muitas características ali moldadas, mas sempre com uma impressionante identidade própria e discrição.

Aphazel

O marco do grupo é o segundo álbum “The Cainian Chronicle” (1996), lançado quando Aphazel já estava radicado no EUA e lançado pela famigerada Metal Blade Records. Mas, em seu primeiro disco, este “Svartalvheim” (1994), e quando o músico já tinha o baterista e vocalista Grimm (Henrik Endresen) ao seu lado, já notava-se certo diferencial no Ancient.

A guitarra ríspida, com timbres rasgados e bases secas dava a indicar ser um grupo norueguês. Porém, além da melodia imposta, a banda de Bergen mostravam riqueza nos arranjos, sem se preocupar muito com o que os ‘die hards’ iriam achar de incursões de teclados e dedilhados acústicos em meio ao caos agressivo de sua música. Isso já era evidente, além da variação de ritmos e mudanças de andamentos, nem sempre apostando em velocidade pura e simples.

Até por isso, a banda ganhou a alcunha de Melodic Black Metal, angariando pra si o pioneirismo, mesmo passando a soar mais sinfônica em seus lançamentos posteriores e incluir bastante de música erudita e até gótica (inclusive com vocais líricos femininos).

Grimm
Os que nunca ouviram “Svartalvheim” podem confundir as palavras acima com acessibilidade. Mas o
álbum não tem nada disso. Não é de fácil digestão, precisa ser ouvido intimamente, pois tem uma produção nada comum, e pode causar até certo desconforto incialmente. O grande ‘problema’ (no bom sentido) é que assim que assimilado, passa a ser único, incomparável e difícil de descrever até para os maiores fãs de Black Metal.

No EP posterior, “Trolltaar” (1995), o Ancient manteve bastante da característica do álbum, mas o amadurecimento e evolução naturais elevaram a banda a um patamar mais acima, mas também mais comum nos discos que viriam depois. Isto é, o trabalho se tornou não só algo único na carreira da banda, como também singular no cenário Black Metal mundial.

Uma das várias capas do álbum. Essa do relançamento de 1997

“Svartalheim” ganhou várias edições e com muitas capas diferentes. Inclusive um relançamento mais recente em LP de 12” e cassete pela Soulseller Records. A versão original foi lançada pela gravadora francesa Listenable Records. O curioso é que de 1995 a 1999 o brasileiro Lord Kaiaphas (Valério Costa) foi baterista e vocalista da banda gravando os dois discos mais emblemáticos do Ancinet, o já mencionado “The Cainian Chronicle” e seu sucessor “Mad Grandiose Bloodfiends” (1997).

 

*Vitor Franceschini é editor do ARTE METAL, jornalista graduado, palmeirense e headbanger que ama música em geral, principalmente a boa. O Ancient foi uma de suas primeiras bandas preferidas de Black Metal e é até hoje.

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