terça-feira, 13 de julho de 2021

In Lo(u)co: Hoje é Dia do Rock!

Eu, celebrando minhas amizades no Rock num passado não muito distante

 

Por Adalberto Belgamo

 

Mas e daí?

Verdade. Não vai mudar alguma coisa no preço dos alimentos, gerar empregos ou qualquer outra coisa! Mas, no entanto, porém, contudo... o estilo musical faz parte da vida de muitas pessoas, inclusive de quem vos escreve.

Minha relação com a barulheira (em todos os níveis) começou um tempinho atrás, só uns quarenta anos. Sim, vim com o meteoro que dizimou os dinossauros (risos). Atualmente, trabalho em museu de paleontologia. Único dinossauro vivo no planeta!

O Rock ainda era “mato”, quando eu comecei a apreciá-lo. Começo dos anos 80. Pouca informação e “herança” dos irmãos (próprios e dos amigos) mais velhos. Basicamente Rock dos anos 60 e 70. Algum tempo depois, começaram (leia-se gravadoras e rádios) a dar mais atenção ao estilo. E desde então, são mais de 40 anos na “labuta”.

No começo a relação é de pertencimento a um grupo de pessoas. Não era o esportista, apesar de jogar voleibol razoavelmente e ter sido um bom goleiro (sim! não acreditem nos detratores e invejosos – risos). Bem apessoado? Não. Além de feio, era um “gigante” para a época. O que sobrava no ambiente educacional?

Os malucos cabeludos, que ficavam no bar da esquina ao lado da escola tomando “porradinha”. Pra quem não sabe, é uma mistura de cachaça e algum tipo de “sodinha”. Coloque tudo em um copo americano de bar ensebado (risos) e bata na perna. Na hora que estiver espumando, vire o copo. Faça com moderação, por favor! Ah, não usem copos descartáveis, nunca!

O problema do tal do Rock’n’Roll e vertentes é o vício. Uma vez fisgado, não tem como escapar. Ah, aquele papo de que melhora, quando estiver mais velho, é mentira. Piora, no bom sentido! Os que realmente gostam, fizeram da música um estilo de vida.

No começo, além da música, havia a questão “visual” que sem querer (ou sem saber) já era uma forma de afrontamento à sociedade. Estamos falando dos anos 80, que ainda eram os anos de chumbo da ditadura. Naquele momento, gostar de Rock era também uma forma de protesto, pois vivíamos ainda a ditadura militar. A sociedade conservadora aceitou os “cabelos compridos” dos anos 70, pois tinham muito mais a ver com “moda” que com busca de uma identidade diferente.

Felizmente (ou infelizmente para alguns) não tem como desvincular o Rock do comportamento contestador, independente de ideologias. Fica difícil entender como alguns, que viveram a repressão da ditadura – inclusive levando corretivos “violentos” simplesmente pela maneira de se vestir – conseguem, atualmente, apoiar políticas de exceção.

Voltando à música, diferentemente de outros estilos musicais, o Rock gera certo fanatismo sonoro e, consequentemente, uma busca desenfreada por bandas e, também, por estilos diversos dentro do mesmo espectro, se o indivíduo não for um “xiita” mal humorado arrogante.

Eu vivi o nascimento e o ápice de dois movimentos musicais. O primeiro foi o Thrash Metal e mais para o final dos anos 80, o movimento das bandas de Seattle (ou Grunge, como queiram). Vivi (e vivo) o Punk, o Pós Punk, Hardcore, a New Wave, o Stoner/Sludge, Metal, Folk e o que resolveram chamar de “alternativo”, que na época era denominado College Band ou Indie. Sim, sou eclético. Vou de Blues do Delta a Cannibal Corpse na sequência sem problema ou estranheza alguma. Há outros estilos, que também me agradam como Blues (a raiz de todo Mal, no bom sentido), Clássico e até umas EMPEBEs da vida.  E segue o jogo.

Respiro música, no mínimo, dezoito horas por dia. Tenho a sorte de trabalhar em um local, que me permite ficar com fones de ouvido (tiro-os para atendimento, claro – risos). Além de consumir o formato físico, ainda sou um “baixador” (risos) de MP3 e uso o streaming também, apesar de não gostar muito da qualidade sonora.

Muda algo do físico para o digital, além da qualidade? Não! O importante é ouvir o que gosta e, principalmente, explorar as milhares de possibilidades (independentemente do estilo) que a internet oferece. A declaração “música é vida”, para mim, soa quase como um pleonasmo. No entanto, a coisa mais gratificante é a amizade!

É “lindimais” os amigos (e amigas... ufa, no começo eram só os cuecas – risos) feitos no caminho! É uma família, cheia de diferenças (o que é saudável), mas que tem um estilo musical que as apara e faz com que todos comunguem de momentos e experiências divertidas e eternas, sejam elas em shows (undreground, principalmente), naquela cerveja no boteco, nas reuniões e nos churras da vida (carnívoros ou vegetarianos – risos).

Música é vida! Rock é vida! Amizade é vida!

E não se esqueça: não existe música ruim. O que pode ser ruim para você é bom para outra pessoa. Menos preconceito e arrogância e mais empatia, inclusive musical!

Não sou de comemorar data festiva alguma (Natal, Ano Novo, Páscoa, dia disso e/ou dia daquilo, inclusive meu próprio aniversário – risos – tradições de família), mas... FELIZ DIA DO ROCK! DA MÚSICA! DA VIDA! DAS AMIZADES!


Inté!

 

*Adalberto Belgamo é professor, atuando no museu (sem ser peça... ainda - risos), colaborador do Arte Metal, além de ser Parmerista, devorador de música boa, livros, filmes e seriados. Um verdadeiro anarquista fanfarrão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário