Eu, celebrando minhas amizades no Rock num passado não muito distante |
Por Adalberto Belgamo
Mas e daí?
Verdade. Não vai mudar
alguma coisa no preço dos alimentos, gerar empregos ou qualquer outra coisa!
Mas, no entanto, porém, contudo... o estilo musical faz parte da vida de muitas
pessoas, inclusive de quem vos escreve.
Minha relação com a
barulheira (em todos os níveis) começou um tempinho atrás, só uns quarenta anos.
Sim, vim com o meteoro que dizimou os dinossauros (risos). Atualmente, trabalho
em museu de paleontologia. Único dinossauro vivo no planeta!
O Rock ainda era “mato”,
quando eu comecei a apreciá-lo. Começo dos anos 80. Pouca informação e
“herança” dos irmãos (próprios e dos amigos) mais velhos. Basicamente Rock dos
anos 60 e 70. Algum tempo depois, começaram (leia-se gravadoras e rádios) a dar
mais atenção ao estilo. E desde então, são mais de 40 anos na “labuta”.
No começo a relação é de
pertencimento a um grupo de pessoas. Não era o esportista, apesar de jogar
voleibol razoavelmente e ter sido um bom goleiro (sim! não acreditem nos
detratores e invejosos – risos). Bem apessoado? Não. Além de feio, era um
“gigante” para a época. O que sobrava no ambiente educacional?
Os malucos cabeludos, que
ficavam no bar da esquina ao lado da escola tomando “porradinha”. Pra quem não
sabe, é uma mistura de cachaça e algum tipo de “sodinha”. Coloque tudo em um
copo americano de bar ensebado (risos) e bata na perna. Na hora que estiver
espumando, vire o copo. Faça com moderação, por favor! Ah, não usem copos
descartáveis, nunca!
O problema do tal do
Rock’n’Roll e vertentes é o vício. Uma vez fisgado, não tem como escapar. Ah,
aquele papo de que melhora, quando estiver mais velho, é mentira. Piora, no bom
sentido! Os que realmente gostam, fizeram da música um estilo de vida.
No começo, além da
música, havia a questão “visual” que sem querer (ou sem saber) já era uma forma
de afrontamento à sociedade. Estamos falando dos anos 80, que ainda eram os
anos de chumbo da ditadura. Naquele momento, gostar de Rock era também uma
forma de protesto, pois vivíamos ainda a ditadura militar. A sociedade
conservadora aceitou os “cabelos compridos” dos anos 70, pois tinham muito mais
a ver com “moda” que com busca de uma identidade diferente.
Felizmente (ou
infelizmente para alguns) não tem como desvincular o Rock do comportamento
contestador, independente de ideologias. Fica difícil entender como alguns, que
viveram a repressão da ditadura – inclusive levando corretivos “violentos”
simplesmente pela maneira de se vestir – conseguem, atualmente, apoiar
políticas de exceção.
Voltando à música,
diferentemente de outros estilos musicais, o Rock gera certo fanatismo sonoro
e, consequentemente, uma busca desenfreada por bandas e, também, por estilos
diversos dentro do mesmo espectro, se o indivíduo não for um “xiita” mal
humorado arrogante.
Eu vivi o nascimento e o
ápice de dois movimentos musicais. O primeiro foi o Thrash Metal e mais para o
final dos anos 80, o movimento das bandas de Seattle (ou Grunge, como queiram).
Vivi (e vivo) o Punk, o Pós Punk, Hardcore, a New Wave, o Stoner/Sludge, Metal,
Folk e o que resolveram chamar de “alternativo”, que na época era denominado
College Band ou Indie. Sim, sou eclético. Vou de Blues do Delta a Cannibal
Corpse na sequência sem problema ou estranheza alguma. Há outros estilos,
que também me agradam como Blues (a raiz de todo Mal, no bom sentido), Clássico
e até umas EMPEBEs da vida. E segue o
jogo.
Respiro música, no
mínimo, dezoito horas por dia. Tenho a sorte de trabalhar em um local, que me
permite ficar com fones de ouvido (tiro-os para atendimento, claro – risos).
Além de consumir o formato físico, ainda sou um “baixador” (risos) de MP3 e uso
o streaming também, apesar de não gostar muito da qualidade sonora.
Muda algo do físico para
o digital, além da qualidade? Não! O importante é ouvir o que gosta e,
principalmente, explorar as milhares de possibilidades (independentemente do
estilo) que a internet oferece. A declaração “música é vida”, para mim, soa
quase como um pleonasmo. No entanto, a coisa mais gratificante é a amizade!
É “lindimais” os amigos
(e amigas... ufa, no começo eram só os cuecas – risos) feitos no caminho! É uma
família, cheia de diferenças (o que é saudável), mas que tem um estilo musical
que as apara e faz com que todos comunguem de momentos e experiências
divertidas e eternas, sejam elas em shows (undreground, principalmente),
naquela cerveja no boteco, nas reuniões e nos churras da vida (carnívoros ou
vegetarianos – risos).
Música é vida! Rock é
vida! Amizade é vida!
E não se esqueça: não
existe música ruim. O que pode ser ruim para você é bom para outra pessoa.
Menos preconceito e arrogância e mais empatia, inclusive musical!
Não sou de comemorar data
festiva alguma (Natal, Ano Novo, Páscoa, dia disso e/ou dia daquilo, inclusive
meu próprio aniversário – risos – tradições de família), mas... FELIZ DIA DO
ROCK! DA MÚSICA! DA VIDA! DAS AMIZADES!
Inté!
*Adalberto Belgamo é
professor, atuando no museu (sem ser peça... ainda - risos), colaborador do
Arte Metal, além de ser Parmerista, devorador de música boa, livros, filmes e
seriados. Um verdadeiro anarquista fanfarrão.
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