terça-feira, 27 de julho de 2021

Sem Textão - MOONSPELL: “Wolfheart”, a afirmação do Metal português


 

Por Vitor Franceschini

 

O debut dos portugueses do Moonspell, “Wolfheart” (1995), tem uma peculiaridade onde ele é posto na rica discografia da banda. O disco foi lançado após um bem-sucedido EP (“Under The Moonspell” de 1993) e foi sucedido por “Irreligious” (1996), o primeiro grande sucesso comercial da banda, além do disco mais influente dos nossos patrícios até hoje.

Mas, não há aura original na já mencionada discografia do Moonspell que supere a de “Wolfheart”, um disco muito mais espontâneo que seus irmãos fonográficos e cheios de ideias autênticas. A se constatar, talvez seja o de sonoridade única, ficando em uma mescla entre o EP que o antecede e o clássico ‘gótico’ que o sucede, mas essa abrangência vai além. Destacando que em menos de três anos, a banda já deixou sua marca no cenário metálico mundial.

Capa alternativa do relançamento do Wolfheart

Além de nossos irmãos, os portugueses possuem uma característica semelhante às que bandas de Metal do Brasil possuem. Uma identidade única em sua música pesada que é difícil de identificar como e de onde vem, e isso transparece com clareza em “Wolfheart”.

Mesmo tendo em suas principais influências nomes como Bathory, Sodom, Metallica e Iron Maiden, o Moonspell trouxe muito mais que uma viagem Black Metal em seu debut. Muito de Gothic Metal, Dark Metal e Doom Metal transparecia em sua música, além de arranjos totalmente atmosféricos e grande influência da música Folk lusitana. O resultado foi encantador às mentes mais versáteis da época e inigualável para que quem pode ouvir a banda exatamente neste auge criativo.

Moonspell em 1995

O disco consiste em oito faixas que, apesar de distintas em sua maior parte e com temas diferentes, se interligam, soando exatamente como uma viagem musical onde diversos sentimentos são despertados. A fúria em Wolfshade (A Werewolf Masquerade), que abre o disco agressivamente após um dedilhado sútil, a alegria sombria em Trebaruna, o Folk lusitano, o ar gótico em Vampiria e por fim, a euforia em um dos maiores clássicos da banda, Alma Mater, são só para citar alguns exemplos.

Na ativa até os dias de hoje, o Moonspell trilhou bem o seu caminho e hoje é a maior banda portuguesa de Heavy Metal da história de Portugal, se consolidou de vez com o já citado segundo álbum, “Irreligious”, atingiu uma identidade, mas nunca mais fez uma música que atingisse certa originalidade. Claro, a banda continua excelente e seus mais recentes trabalhos só o tempo dirá no que se tornarão, fato é que para “Wolfheart” ele já disse.

 






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