terça-feira, 3 de agosto de 2021

In Lo(u)co: MIKE HOWE, JOEY JORDISON e DUSTY HILL: Mortes no Metal arrasam última semana de julho

 


Por Adalberto Belgamo

 

A morte é inevitável. Alguns dizem que devemos estar preparados para ela. Por mais que nos esforcemos, é muito difícil aceitá-la. Só quem já fechou e carregou um caixão com alguém querido (pais, família, amigos, etc.) sabe da dor e do mundo sem chão. Guardada a devida proporção, logicamente, os animais de estimação também nos fazem sentir um vazio tremendo.

Não há comparação, mas por que nos sentimos triste, quando ídolos musicais nos deixam, mesmo sem conhecê-los?

Muitas vezes, eles se tornam o lugar de refúgio, principalmente na adolescência ou, ainda, oferecem uma realidade, na qual muitos gostariam de estar inseridos.

Uma reflexão: imagine o tempo “gasto” ouvindo as músicas ou lendo sobre artistas/bandas.

Em alguns casos, o “convívio” ultrapassa décadas. Sou fã do Black Sabbath desde os 13 anos. Quatro décadas! No entanto, pelo caminho, mais bandas, estilos e ídolos foram surgindo. Na realidade, surgem, pois ainda não me encaixei no famoso bordão: “É só uma fase...”.

Membros de bandas dos anos 60 e 70, inevitavelmente, segundo a ordem natural das coisas, partirão antes dos fãs, inclusive dos mais novos. Há um sentimento de perda, mas esse mesmo estado de espírito parece ser mais profundo, ao ver alguém da própria geração dizendo adeus.

Conheci o tal movimento “Grunge” antes de ser Grunge (risos). Duas figuras icônicas - não apenas musicalmente, mas liricamente também – foram o Kurt Cobain e mais recentemente o Chris Cornell.

A morte do líder do Nirvana foi um choque. Estava ainda na faculdade. Segundo umas amigas, fiquei um mês “borocochô”. Difícil, pois segundo um “amigo da onça” (o Vivi da Moto de uma cidade próxima – risos), saio falando até em fotografias (risos). Tínhamos praticamente a mesma idade e víamos (eu ainda vejo) o mundo da mesma maneira.

O caso do Cornell foi mais surpreendente ainda, porque, apesar de indícios líricos, não se imaginava o mesmo caminho de tantos outros da minha geração. Seria um tipo de maldição? Triste.

Na última semana, tivemos a “baixa” de mais três importantes figuras do meio musical roqueiro/metálico. Gerações diferentes, mas sentimentos muito próximos.

Não sou profundo conhecedor de Slipknot, mas sei da importância da banda e da bateria do Joey Jordison para os fãs e, indo além, para a própria música pesada. Gostar ou não do estilo é uma coisa, negar a importância é algo de “síndrome” de banda velha, apesar de eles não serem tão novos assim (risos).

O que falar sobre a passagem do Dusty Hill do ZZ Top?

É impossível para quem conheceu o Rock nos anos 80 não conhecer pelo menos um “hit” da banda. O Som Pop (programa da TV Cultura) passava algum clip deles um final de semana sim e o outro também (risos). No meu caso, foi mais interessante ainda, pois foi o ponto de partida - de frente para trás (risos) – para conhecer a discografia da banda. O ZZ Top é icônico. Criou um estilo, inclusive visual. Uma perda enorme para a história da música, não apenas do Rock ou do Blues texano.

Mike Howe (Metal Church). Praticamente somos da mesma geração e, mais uma vez, o suicídio leva um dos destaques da banda, pelo menos a partir do final dos anos 80, e da cena como um todo. Duas semanas antes, eu estava revisitando a discografia da banda, principalmente os álbuns com o Mike. Surreal, pois aproveitei para ver umas apresentações mais recentes (antes da pandemia). Além de estar mandando muito bem no palco ao vivo, percebia-se satisfação e alegria na performance dele e da banda. Do nada (para fãs e quem não o conhecia pessoalmente, claro), ele tirava a própria vida.

Dos três “passamentos”, por causa da proximidade cronológica, pra quem vos escreve, o mais sentido foi o do Mike, levando-se em consideração (novamente) o velho e já citado bordão: “É só uma fase...”. Pessoas como ele nos mostram que o avanço e as dores da idade (riso) não são motivos para se tornar o tiozão chato, que resmunga de tudo e vive preso em uma redoma. Não há a necessidade de ser músico, mas a de saber que dentro de “novas realidades pessoais”, a vida continua após algumas décadas (risos), bem interessante.

Não tem como comparar a perda de entes queridos com a de figuras públicas do entretenimento. No entanto, vale sempre lembrar que artistas (de quaisquer áreas) ajudam muito a aliviar o “vácuo” deixado pela morte dos mais próximos.

Inté!

 

*Adalberto Belgamo é professor, atuando no museu (sem ser peça... ainda - risos), colaborador do Arte Metal, além de ser Parmerista, devorador de música boa, livros, filmes e seriados. Um verdadeiro anarquista fanfarrão.

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