quarta-feira, 25 de agosto de 2021

In Lo(u)co: Rock in Rio: mesmas bandas, mesmas reclamações, mesmos chatos

 


Por Adalberto Belgamo

 

Uma confissão: eu odeio o fruto originário do ‘cucumis sativus’, o pepino. Não suporto o gosto, a textura e o cheiro, além de parecer que o Capiroto levou o fogo do Inferno de férias ao meu estômago caso, sem querer, eu ingira essa aberração gastronômica (risos).

Se alguém me oferecer a iguaria, educadamente recuso. Se me convidarem para uma “pepinada”, pergunto se posso levar outro fruto (por exemplo o do ‘solanum lycopersicum’, o glorioso tomate). A resposta é negativa? Agradeço, mas fico na minha casa, ou vou a eventos que tenham o tomate como carro-chefe.

Do que adiantar reclamar, rebaixar, xingar e espernear, principalmente nas redes sociais? Nada. Os produtores do amarga-a-boca-fura-esôfago (risos) nem sabem que os detratores existem.

Vida que segue. Alguns com os pepinos, outros com o tomate. Diversidade gastronômica.

Rock in Rio. A mesma analogia pode ser usada, pois sempre que são anunciadas as atrações principais, vem os especialistas com os mesmos com os argumentos: “Ain, cadê o Rock? Só um dia para as hordas do Metal? Que porcaria! Sempre as mesmas bandas? Magoou...” (risos).

Vamos aos fatos. Em festivais dessa dimensão (quase duas semanas!), a música é apenas o pano de fundo para o “evento”, ou como preferem os mais novos, para o “rolê”. O dia do Metal é o que – hipoteticamente – reúne o público sedento pelos artistas. Chegando cedo (munido de água, barrinha de cereais e um fraldão – risos) e pegando um lugar razoável, bacana! Dependendo do horário da chegada, sobram os telões e olhe lá. Podem botar fé, pois o dinossauro aqui (risos) tem experiências em grandes eventos.

Rock in Rio é um nome (fantasia e/ou logomarca) registrado pelo produtor. Poderia ser chamado de Alface in Rio, Tijolo in Rio, Carlão in Rio, tanto faz! É dele e, portanto, faz o que quiser e contrata quem desejar, logicamente observando o “lucro”. Não está nem aí para a banda preferida – mas não tão famosa – de alguém. Os headliners tem a função de atrair uma parte do público do dia. No caso do Metal, as bandas, que tem esse papel, são as mesmas. Não adianta querer fugir do óbvio. Deem graças que bandas como Iron Maiden, Metallica e Sepultura, apesar da presença quase constante, ainda estão fazendo shows e, no caso do festival, ajudando a acontecer um dia (eram dois) para o estilo. Com todo respeito, admiração e amor a outras bandas de gêneros e subgêneros do Metal. Alguém imagina ou indica os sucessores para as grandes bandas, que ainda lotam grandes espaços? Difícil. Bandas mais novas e atuais tem público, é claro, mas não as vejo como catalisadoras. A não ser que haja uma reviravolta da indústria e da mídia, o Metal e outros tantos gêneros do Rock ficarão onde sempre estiveram: nas casas de shows e arenas médias. Ótimo!

Se continuarem a reclamação, corre à boca pequena, que o Metal será relegado ao palco Sunset em uma segunda à tarde. O dia dedicado ao estilo destinar-se-á a Sérgio Reis, Mara Maravilha e a grande Headliner (que contará com um habeas corpus), Flordelis! (risos)

“Mas e o Wacken e o Hellfest?” Festival direcionado à música e público específicos. E mesmo assim podem ter certeza: muitos “redbenguis” vão para ver duas ou três bandas. Feito isso, é curtir o “evento”, encontrar amigos, andar de roda gigante. Nada muito diferente dos festivais do Brasil e em outras partes do globo.

Tanto faz o estilo, “money talks, baby!”. Mas voltando ao “pepino” (risos), o que o fã ou não de certo artista ou banda pode fazer? Gosta da banda e não se importa em vê-la pela centésima vez? O dinheiro é seu. Seja feliz e aproveite a experiência mais uma vez.

Não gosta? Não vá e não veja nem pela TV. Existe um aparelhinho chamado controle remoto. Mude de canal, assista a um filme, procure um livro ou vá dormir (risos). Apenas não seja o inconveniente, que só critica e fica feito um lunático postando resenhas negativas nas redes sociais, logo após o termino de um show. De boa? Ninguém se importa com a sua opinião, desde o fã, passando pelo artista até chegar ao produtor do festival. Business, criança. Aceita que dói menos (risos). Aproveita para apoiar as bandas autorais, por exemplo, da sua cidade.

Apesar da oportunidade em ver várias bandas legais em um único dia, nada substitui vê-las separadas nas próprias turnês, caso elas passem pela terra do berrante (risos). Ah, os melhores shows sempre acontecem em espaços menores e até intimistas. Fica a dica...ou não... (risos).

Inté!

 

*Adalberto Belgamo é professor, atuando no museu (sem ser peça... ainda - risos), colaborador do Arte Metal, além de ser Parmerista, devorador de música boa, livros, filmes e seriados. Um verdadeiro anarquista fanfarrão.

Um comentário:

  1. Muito bom!! Parabéns pelo texto.
    Adorei a escrita e a analogia também! Hehe!

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