quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

SODAMNED - Death Metal Sem Limites



Há treze anos na estrada o grupo Sodamned, de Santa Catarina, de lá pra cá só acumulou energia para lançar um dos melhores trabalhos do Metal extremo em 2011. Com foco no Death Metal, a banda formada por Juliano (vocal/guitarra), Gilson (bateria), Felipe (baixo/vocal) e Edilson (guitarra) não se limita apenas a isso e inclui elementos que se encaixam perfeitamente ao seu som. Falamos com o guitarrista e vocalista Juliano sobre este assunto e muito mais, confira.

Conte-nos como foi o processo de composição de “The Loneliest Loneliness”?
JULIANO: Cara, na verdade, como a gente demorou 12 anos pra lançar nosso primeiro full lenght, não tivemos necessariamente um processo de composição deste álbum. Tem música aí que foi composta há dez anos, tem música que eu compus ano passado, tem música que até já foi lançada, em nossa primeira demo, ou seja, pode-se dizer que a carreira inteira da banda está dentro desse CD. De maneira geral, eu componho as músicas na guitarra, gravo-as e mando via e-mail pro resto da banda, já que cada um mora em uma cidade diferente, então cada um tira ou arranja a sua parte e a gente junta tudo quando se reúne nos ensaios. Geralmente o que mais sofre alterações na hora de montar tudo é a bateria, pois a gente sempre vai tendo uma ideia nova e tal, quando a gente se encontra o esqueleto da música está basicamente pronto.

Vocês trabalharam com Roger Fingle (Seduced By Suicide) no Nitro Sound Studio. Conte-nos como foi esta parceria e como chegaram até ele?
JULIANO: Encontramos ele porque eu tinha alguns lançamentos que foram gravados no estúdio dele, tudo de Metal mais extremo, então a gente achou que trabalhar com alguém já ‘especializado’ no nosso tipo de música seria a decisão mais acertada, já que a gente gravou a demo em um estúdio cujo produtor não tinha tanta experiência com Metal extremo e, logicamente, achamos que poderíamos ter conseguido um resultado melhor caso tivéssemos alguém para nos dar as regras. A gente gravou o EP com ele, curtimos o trabalho do cara, e resolvemos trabalhar com ele no CD, o que foi a decisão mais acertada, o Roger é um cara que tem ‘conhecimento de causa’ quando o assunto é gravar Metal extremo, e ele ajuda bastante, interfere bastante (de maneira positiva) em vários aspectos, o resultado dessa parceria vocês podem conferir em “The Loneliest Loneliness”.

Na parte gráfica vocês contaram com a arte de Gustavo Sazes que já trabalhou com grandes nomes do Metal mundial. Como foi o processo de criação da arte? Vocês pegaram uma arte pronta ou optaram por orientar o artista a fazer o trabalho da forma que vocês queriam?
JULIANO: Na verdade a gente mandou pra ele o texto do Nietzsche do qual extraímos o nome do álbum, e mandamos também a letra da “Ewige Wiederkunft”, que é embasada nesse mesmo conceito, dissemos apenas qual sentimento queríamos passar com a capa, e o cara veio com a ideia pra gente. Aprovamos de primeira, gostamos demais, o cara realmente é bem profissional e deixou a gente impressionado.



A sonoridade de vocês é focada no Death Metal. Porém, vocês possuem características que fogem do comum, como climas épicos e vocalizações limpas em algumas composições. Fale-nos sobre isso e o que os influencia?
JULIANO: Cara, de minha parte isso tem a ver com o fato de eu ouvir desde Pazuzu ou Elend até Behemoth e Origin, um pouco de tudo o que eu ouço acaba me influenciando. Sempre curti os vocais limpos do My Dying Bride, Moonspell, e sempre quis ter esses elementos figurando nas músicas do Sodamned, a coisa acontece de forma bem natural mesmo pra mim.

Em “The Loneliest Loneliness” vocês conseguem aliar influências do Death Metal ‘old school’ com a estética do Metal extremo atual. Como vocês equilibram estas duas características?
JULIANO: Na hora de compor as músicas eu nem penso muito em querer soar ‘old school’ ou ‘atual’, eu sempre procuro aliar peso, velocidade e melodia. Acho que minha influência de Death Metal mais tradicional vem do fato de minhas primeiras experiências com Metal extremo terem sido com Obituary e Brutality, duas bandas que representam bem essa escola. Lembro que o primeiro álbum de Death Metal que eu ouvi foi o “The End Complete” do Obituary. Pra mim esse álbum possui umas das melodias mais mórbidas que uma banda de Death Metal já criou, e aquelas músicas acabam me influenciando até hoje.

Fale-nos um pouco sobre as letras de “The Loneliest Loneliness” e o que vocês pretendem passar com elas.
JULIANO: O Gilson é quem escreve as letras pra banda, ele curte muito escritores como Allan Poe, Lovecraft, Fernando Pessoa, Nietzsche... E no fim as letras que o cara escreve são bem metafóricas, não na cara, é legal essa coisa de deixar ‘um percentual’ de entendimento por conta do próprio ouvinte, fazê-lo pensar um pouco, sem entregar as coisas de maneira muito mastigada, nem impor nossa filosofia pra ninguém.



Como tem sido a repercussão de “The Loneliest Loneliness” até o momento e como a crítica tem recebido o trabalho?
JULIANO: Cara, tá muito acima do que a gente esperava para o primeiro álbum da banda. Recebemos várias notas máximas em resenhas de vários sites nacionais, fomos citados em algumas listas de melhores do ano, algo que a gente nem sonhava, enfim, a resposta ao nosso trabalho tá simplesmente surpreendente. Assim que o álbum chegou a nossas mãos a gente embarcou para uma tour de 16 shows pela Europa, e desde que voltamos ainda não nos apresentamos no Brasil, então não vejo a hora de ver a resposta do público.

Apesar de estar na ativa desde 1999, vocês lançaram seu primeiro trabalho apenas em 2003 (a demo “On The Gallows”) e “The Loneliest Loneliness” é o terceiro trabalho, o primeiro oficial. O que os impediu de produzir mais durante estes doze anos de estrada?
JULIANO: Sei lá, acho que poderia citar a falta de tempo para trabalhar legal na divulgação de cada lançamento. Tem banda que grava, lança, e mesmo com 500 CDs encaixotados embaixo da cama, vai lá e entra em estúdio de novo para gravar algo novo. A gente não acredita que isso funcione. Particularmente eu gosto muito de estar dentro do estúdio vendo as músicas ganhar forma e tudo mais, mas você tem que pensar que depois de prensado, o CD de sua banda é um produto como outro qualquer, tem que estudar uma maneira de fazê-lo circular no meio, trabalhar no marketing, enfim, uma série de coisas, e como a gente não vive da banda, têm que trabalhar nisso nas horas vagas, e creio que seja isso, essa espera mesmo pra ‘desovar’ um lançamento, se tornar mais conhecido e então trabalhar no lançamento seguinte.

Como está a agenda da banda e como as novas composições tem se saído nos shows?
JULIANO: Por enquanto a gente tem apenas 4 shows confirmados em Minas Gerais, em abril, e 4 shows confirmados na Argentina para outubro. Estamos constantemente entrando em contato com produtores do país inteiro pra tentar agendar mais shows, é muito complicado quando você tem que se dividir entre seu emprego ‘normal’, compor, ensaiar, trabalhar no marketing do seu CD e atuar como manager ao mesmo tempo, mas na medida do possível queremos preencher a nossa agenda para este ano.

Muito obrigado. Deixem uma mensagem e acrescentem o que quiser.
JULIANO: Cara, nós agradecemos demais pelo espaço que tu concedeste aqui no Arte Metal, e pra todo o pessoal que se interessou pela banda eu gostaria de dizer que nosso CD está disponível na íntegra em nosso myspace: www.myspace.com/sodamned. Acessem nosso canal no youtube também: www.youtube.com/bandaSodamned e entrem em contato conosco, responderemos a todos com o maior prazer. Bang ‘til Death.

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