Quando o Noturnall
surgiu muitas dúvidas pairavam se este grande ‘dream team’ do Metal brasileiro
fosse a continuação do Shaman (banda pela qual a maioria dos músicos
pertenciam), além de aparecerem extremamente prolíficos. Álbum gravado, show de
lançamento, clipe pronto e até indicação para a calçada da fama do Rock
brasileiro vieram com o surgimento da banda em um estalar de dedos. Com isso,
obviamente muita polêmica. Mas o fato é que o grupo produziu um ótimo disco e
vem colhendo frutos tendo em sua formação Thiago Bianchi (vocal, ex-Karma,
Shaman), Léo Mancini (guitarra, ex-Shaman, Tempestt), Fernando Quesada (baixo,
ex-Shaman), Juninho Carelli (teclado, ex-Shaman) e Aquiles Priester (bateria,
Hangar, ex-Angra). O vocalista conversou conosco e deu mais detalhes sobre o
disco, revelou produções e não fugiu da polêmica.
O
surgimento do Noturnall foi repentino e pouco antes de aparecerem vocês
soltaram notas de que estavam produzindo e trabalhando em novas composições e vídeos
do Shaman. Conte-nos como foi fundado o Noturnall e se o Shaman continua?
Thiago
Bianchi – Olá amigos fãs de Metal. Obrigado Arte Metal, pela entrevista.
A NoTurnAll nasceu da junção dos músicos do SHAMAN, Léo Mancini , Fê Quesada e
Juninho Carelli, ao baterista
Aquiles Priester e isso se deu pelo fato de não termos mais
como chamar aquele novo material que preparávamos para ser o próximo disco do
SHAMAN, de SHAMAN. Não era justo com o público da banda e também não fazia
sentido para com o estilo da mesma. Juntando isso ao fato de nunca conseguirmos
nos reunir pra falar sobre isso com o dono da banda, passamos a ter um
crescente sentimento de desdém para com nosso próprio material e logo, para
nossos fãs. Aproveitamos então que todas as estradas apontavam para um novo
caminho, ficou difícil desistir naquela altura e o tal “antes tarde do que
nunca”, começava a permear nossos corações, logo “A late turn is better than No
turn at all”... Nascia o NOTURNALL.
E
a banda já surgiu como um verdadeiro ‘dream team’ do Metal nacional. Esse fator
facilitou na hora de compor o trabalho ou quando se trata de músicos com ótimos
currículos a coisa se torna mais conflitante?
Thiago
–
Claro! Estávamos muito empolgados! Foi como ter uma primeira banda novamente.
Aquele sabor de descobrimento, querer que o tempo passe logo para que pudéssemos dividir com
todos o que preparávamos em estúdio. Foi como voltar a ser adolescente!
Ficávamos todos juntos por noites a fio, em meu estúdio, Fusão VMT, virando
madrugadas, preparando cada passo, cada tiro... Escrevendo os clipes, as idéias
pra DVDs... Pra ser sincero, naquele período pré-disco, escrevemos não só o
disco em si, mas todos os três clipes, como seria o DVD e pasmem (notícia
fresquinha aqui pra vocês fãs do Arte
Metal) , chegamos a preparar dois discos ao invés de um! E sai
agora em Dezembro, logo após o lançamento do DVD em Setembro, na feira da
música. Ou seja, foi como dizem sobre aquele ano de Eisten, onde fez seus 4
maiores “Break Throughs”, ou mesmo Newton, esse será o nosso próprio “Annus
Mirabiles”.
Aliás,
a banda surgiu mais prolífica do que nunca soltando um vídeo com participação de Russel Allen
(Symphony X, Adrenaline Mob) que também o dirigiu. Como surgiu essa parceria
com ele?
Thiago
–
Nos conhecemos na estrada, numa tour pela Europa, onde o Symphony X tocaria
depois de nós e Russell ,
curiosamente, ficou nos assistindo na “coxia”. Percebi a situação durante nossa
‘gig’, então logo na saída do show, ele me deu parabéns e teceu vários elogios
à banda. Profundamente embasbacado, o agradeci e o convidei para um “Jack”
(Daniel’s) após o termino do festival, ele topou e a partir dali viramos
grandes amigos. Alias nos falamos frequentemente até hoje, inclusive. Então
naquela época, surgiu a idéia de fazermos uma música juntos. A coisa toda foi
tomando forma e de uma música, virou um clipe, de um clipe uma produção e de uma produção
um DVD. Simples assim. Quando você curte trabalhar com alguém, está sempre
arrumando motivos para o fazer, não é? Conosco não foi diferente.
Allen
também produziu o trabalho, como foi trabalhar com ele?
Thiago
– Melhor
impossível. Tivemos a oportunidade de aprender muito com um gigante da voz
mundial. Na verdade ele produziu apenas a voz do disco, o resto ficou com o Quesada
e eu. Por isso, posso dizer que tive muita sorte, já que essa era a parte que
mais gostaria realmente de ver o homem em ação e não deu outra, ele foi
fundamental na minha “reinvenção” vocálica. As pessoas tomaram um susto quando
saiu o disco, muitas até hoje me perguntam se gravei o disco mesmo inteiro, se
tiveram mais participações de outros gringos ou do próprio Russell, por conta
de tantas coisas novas que trouxe na bagagem. Mas se você pegar todos meus
discos pra ouvir, reparará que NOTURNALL nada mais é do que um grande apanhado
de todos os momentos e técnicas vocais de minha carreira, aplicadas a uma
releitura de mim mesmo. E Russell foi peça chave a me ajudar nessa empreitada.
Me sinto muito sortudo por isso.
A
sonoridade do trabalho mostra uma linha ao mesmo tempo pesada, mas intrincada
com uma forte veia Prog
Metal. Mesmo assim, as composições não soam burocráticas. O
que pode falar a respeito?
Thiago
– Mais
uma vez aposto na experiência dos músicos envolvidos no trabalho para assinalar
essa questão. Somos todos “velhos de guerra” e em nossos currículos jorram
passagens das mais diferentes situações e estilos musicais. Tudo que queríamos
nesse novo trabalho era justamente isso, o NOVO. Veja bem, não acho que
reinventamos a roda ou algo do tipo, mas ficamos de ouvidos e peito
bem abertos para poder entender o que os fãs de Metal gostariam de ouvir e sentir.
Acho que aí é que está o êxito da NOTURNALL. Fizemos esse disco que nem
adolescentes, como disse antes. Nos conectamos a nossos fãs de uma forma, que
deixássemos eles escolherem o que e como eles gostariam de nos ouvir. Acredito
piamente nisso. Se dúvida, vá em algum de nossos shows e verá que nossa base
de fãs é sólida, fiel e não está ali por conta de nossos nomes, de nosso
passado, mas sim por nosso presente, pelo que apresentemos agora. E também pelo
que sabem que podemos ainda apresentar. Eles entenderam que NOTURNALL não é um
punhado de músicos se escondendo atrás de um nome, de um passado, mas sim dando
a cara a tapa pra trazer o novo, o honesto. Estamos aqui para ficar, enquanto
nos quiserem. E podem ter certeza que quando não conseguirmos mais fazer música
profunda e de qualidade, seremos os primeiros a pedir pra sair, pois não há
nada mais jocoso e depressivo, do que viver do passado. NOTURNALL é o agora,
com o faro voltado para o futuro.
E
mesmo com passagens complexas, as composições soam acessíveis e pegajosas (no
bom sentido). A banda focou o seu trabalho nisso ou fluiu naturalmente?
Thiago
– Sim.
Como disse anteriormente, a ideia é a música. Tudo que é gordura, o “a mais” , a “sobra”, a “auto-indulgência”,
foram deixados de lado nesse trabalho. Só ficou o que era “porrada”, “orgânico”
e sempre, METAL, pois isso que somos, isso que nos conecta a nosso público.
Estamos aqui pra bater cabeça
e não pra usar ‘ponpons’ e camisas ‘bufantes’ pra nos
sentirmos divas de uma renascença utópica de Heavy Metal. Estamos
aqui pra “porrada cumê”, mas sempre com musicalidade em punho e apontada pra
cara da mesmice.
Vocês
também gravaram um cover
e clipe para a música Woman
In Chains do Tears For Fears que conta com a participação da cantora Maria
Odette, que é sua mãe. Por que escolheram gravar essa canção e como foi
trabalhar com sua mãe?
Thiago
– Pra
mim foi um sonho. Quero fazer isso desde que me entendo por gente. Tenho a
sorte de ter o berço duas vezes de ouro, pois em minha mãe tenho a melhor pessoa que já
aconteceu em minha vida e
ainda por cima, a maior cantora que jamais vi e ouvi. Fazer
uma música com ela seria duplamente empolgante. E foi. Ela está com 72 anos,
com uma vitalidade de dar vergonha a
muitas pseudo cantoras que andam por aí. Quando ela entrou no
set de filmagem, sem mesmo nem ainda abrir a boca , já tinham pessoas chorando de emoção. Isso
não tem explicação. Isso na minha opinião é ser uma verdadeira estrela. E ainda
por cima, esbanjar sorrisos, bom humor, tudo somado a um brilho de um milhão de
sois. Tenho orgulho demais dessa mulher e de ter tido essa chance miraculosa. Também
não tem como deixar de falar da equipe incrível que nos recebeu pra rodar o
vídeo. Uma equipe de profissionais do mais alto nível, capitaneados pelo genial
diretor Alex Baptista ,
da FX Render.
Mesmo
com poucos meses de estrada o Noturnall foi incluído na RockWalk Brasil que é a
versão brasileira da Calçada da Fama originalmente instalada na Sunset
Boulevard em Hollywood (EUA). Como surgiu essa indicação e posteriormente a
inclusão e como a banda
se sentiu em receber essa honra?
Thiago
– Já
havíamos assinado com o SHAMAN
e quando a NOTURNALL saiu, o Márcio Teixeira, fundador da
ROCK WALK BRASIL, me ligou aos prantos, dizendo estar emocionado com o que
estava ouvindo e que pela própria história que cercava o passado dos membros da
banda, era de fato um “Super Grupo” e que somente pela junção desse time e pela qualidade do
trabalho que trouxemos, já era mais que motivo para que assinássemos a
ROCKWALK, sob o ponto de
vista de “Serviços prestados pelos músicos da NOTURNALL ao Rock Brasileiro , perante
o Mundo”. Claro que ficamos todos muito surpresos com a tão inesperada honraria
e sem pensar duas vezes, aceitamos o convite e lá estar, eternizada na pedra mais um capítulo
na história dessa jovem, porém com ar de anciã, banda (risos).
E
como estão os planos para o lançamento do DVD que foi gravado durante o show de
estréia da banda nos palcos no Carioca Club?
Thiago
– O
primeiro clipe do material sai agora dia 04 de Agosto e será da faixa Hate!, já que a energia registrada ali
foi realmente incrível. Não teria como não ser ela. Já o DVD em si está
agendado para o dia 19
de Setembro, na Feira da música, EXPO MUSIC, juntamente com a versão em VINÍL
DELUXE de nosso primeiro e atual álbum.
Recentemente
o grupo passou por uma polêmica em uma rede social onde um editor de um blog na internet
divulgou uma conversa privada onde supostamente o Noturnall sugeriria que
somente iria divulgar as resenhas que teriam nota máxima. O que tem de real
nisso e como reagiram a tal fato?
Thiago – Ah vai? Entre tantas ótimas perguntas, essa me aparece? (muitos risos). Bom, que “seji” como dizem... Na verdade isso foi um grande mal entendido. Uma pessoa que era próxima da
Obrigado
pela entrevista. Muito obrigado.
Thiago
–
Obrigado e muita luz a todos.
Mais Informações:
www.noturnall.com
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