terça-feira, 5 de agosto de 2014

Entrevista



Quando o Noturnall surgiu muitas dúvidas pairavam se este grande ‘dream team’ do Metal brasileiro fosse a continuação do Shaman (banda pela qual a maioria dos músicos pertenciam), além de aparecerem extremamente prolíficos. Álbum gravado, show de lançamento, clipe pronto e até indicação para a calçada da fama do Rock brasileiro vieram com o surgimento da banda em um estalar de dedos. Com isso, obviamente muita polêmica. Mas o fato é que o grupo produziu um ótimo disco e vem colhendo frutos tendo em sua formação Thiago Bianchi (vocal, ex-Karma, Shaman), Léo Mancini (guitarra, ex-Shaman, Tempestt), Fernando Quesada (baixo, ex-Shaman), Juninho Carelli (teclado, ex-Shaman) e Aquiles Priester (bateria, Hangar, ex-Angra). O vocalista conversou conosco e deu mais detalhes sobre o disco, revelou produções e não fugiu da polêmica.

O surgimento do Noturnall foi repentino e pouco antes de aparecerem vocês soltaram notas de que estavam produzindo e trabalhando em novas composições e vídeos do Shaman. Conte-nos como foi fundado o Noturnall e se o Shaman continua?
Thiago Bianchi – Olá amigos fãs de Metal. Obrigado Arte Metal, pela entrevista. A NoTurnAll nasceu da junção dos músicos do SHAMAN, Léo Mancini, Fê Quesada e Juninho Carelli, ao baterista Aquiles Priester e isso se deu pelo fato de não termos mais como chamar aquele novo material que preparávamos para ser o próximo disco do SHAMAN, de SHAMAN. Não era justo com o público da banda e também não fazia sentido para com o estilo da mesma. Juntando isso ao fato de nunca conseguirmos nos reunir pra falar sobre isso com o dono da banda, passamos a ter um crescente sentimento de desdém para com nosso próprio material e logo, para nossos fãs. Aproveitamos então que todas as estradas apontavam para um novo caminho, ficou difícil desistir naquela altura e o tal “antes tarde do que nunca”, começava a permear nossos corações, logo “A late turn is better than No turn at all”... Nascia o NOTURNALL.


E a banda já surgiu como um verdadeiro ‘dream team’ do Metal nacional. Esse fator facilitou na hora de compor o trabalho ou quando se trata de músicos com ótimos currículos a coisa se torna mais conflitante?
Thiago – Claro! Estávamos muito empolgados! Foi como ter uma primeira banda novamente. Aquele sabor de descobrimento, querer que o tempo passe logo para que pudéssemos dividir com todos o que preparávamos em estúdio. Foi como voltar a ser adolescente! Ficávamos todos juntos por noites a fio, em meu estúdio, Fusão VMT, virando madrugadas, preparando cada passo, cada tiro... Escrevendo os clipes, as idéias pra DVDs... Pra ser sincero, naquele período pré-disco, escrevemos não só o disco em si, mas todos os três clipes, como seria o DVD e pasmem (notícia fresquinha aqui pra vocês fãs do Arte Metal), chegamos a preparar dois discos ao invés de um! E sai agora em Dezembro, logo após o lançamento do DVD em Setembro, na feira da música. Ou seja, foi como dizem sobre aquele ano de Eisten, onde fez seus 4 maiores “Break Throughs”, ou mesmo Newton, esse será o nosso próprio “Annus Mirabiles”.  


Aliás, a banda surgiu mais prolífica do que nunca soltando um vídeo com participação de Russel Allen (Symphony X, Adrenaline Mob) que também o dirigiu. Como surgiu essa parceria com ele?
Thiago – Nos conhecemos na estrada, numa tour pela Europa, onde o Symphony X tocaria depois de nós e Russell, curiosamente, ficou nos assistindo na “coxia”. Percebi a situação durante nossa ‘gig’, então logo na saída do show, ele me deu parabéns e teceu vários elogios à banda. Profundamente embasbacado, o agradeci e o convidei para um “Jack” (Daniel’s) após o termino do festival, ele topou e a partir dali viramos grandes amigos. Alias nos falamos frequentemente até hoje, inclusive. Então naquela época, surgiu a idéia de fazermos uma música juntos. A coisa toda foi tomando forma e de uma música, virou um clipe, de um clipe uma produção e de uma produção um DVD. Simples assim. Quando você curte trabalhar com alguém, está sempre arrumando motivos para o fazer, não é? Conosco não foi diferente.


Allen também produziu o trabalho, como foi trabalhar com ele?
Thiago – Melhor impossível. Tivemos a oportunidade de aprender muito com um gigante da voz mundial. Na verdade ele produziu apenas a voz do disco, o resto ficou com o Quesada e eu. Por isso, posso dizer que tive muita sorte, já que essa era a parte que mais gostaria realmente de ver o homem em ação e não deu outra, ele foi fundamental na minha “reinvenção” vocálica. As pessoas tomaram um susto quando saiu o disco, muitas até hoje me perguntam se gravei o disco mesmo inteiro, se tiveram mais participações de outros gringos ou do próprio Russell, por conta de tantas coisas novas que trouxe na bagagem. Mas se você pegar todos meus discos pra ouvir, reparará que NOTURNALL nada mais é do que um grande apanhado de todos os momentos e técnicas vocais de minha carreira, aplicadas a uma releitura de mim mesmo. E Russell foi peça chave a me ajudar nessa empreitada. Me sinto muito sortudo por isso.




A sonoridade do trabalho mostra uma linha ao mesmo tempo pesada, mas intrincada com uma forte veia Prog Metal. Mesmo assim, as composições não soam burocráticas. O que pode falar a respeito?

Thiago – Mais uma vez aposto na experiência dos músicos envolvidos no trabalho para assinalar essa questão. Somos todos “velhos de guerra” e em nossos currículos jorram passagens das mais diferentes situações e estilos musicais. Tudo que queríamos nesse novo trabalho era justamente isso, o NOVO. Veja bem, não acho que reinventamos a roda ou algo do tipo, mas ficamos de ouvidos e peito bem abertos para poder entender o que os fãs de Metal gostariam de ouvir e sentir. Acho que aí é que está o êxito da NOTURNALL. Fizemos esse disco que nem adolescentes, como disse antes. Nos conectamos a nossos fãs de uma forma, que deixássemos eles escolherem o que e como eles gostariam de nos ouvir. Acredito piamente nisso. Se dúvida, vá em algum de nossos shows e verá que nossa base de fãs é sólida, fiel e não está ali por conta de nossos nomes, de nosso passado, mas sim por nosso presente, pelo que apresentemos agora. E também pelo que sabem que podemos ainda apresentar. Eles entenderam que NOTURNALL não é um punhado de músicos se escondendo atrás de um nome, de um passado, mas sim dando a cara a tapa pra trazer o novo, o honesto. Estamos aqui para ficar, enquanto nos quiserem. E podem ter certeza que quando não conseguirmos mais fazer música profunda e de qualidade, seremos os primeiros a pedir pra sair, pois não há nada mais jocoso e depressivo, do que viver do passado. NOTURNALL é o agora, com o faro voltado para o futuro.


E mesmo com passagens complexas, as composições soam acessíveis e pegajosas (no bom sentido). A banda focou o seu trabalho nisso ou fluiu naturalmente?
Thiago – Sim. Como disse anteriormente, a ideia é a música. Tudo que é gordura, o “a mais”, a “sobra”, a “auto-indulgência”, foram deixados de lado nesse trabalho. Só ficou o que era “porrada”, “orgânico” e sempre, METAL, pois isso que somos, isso que nos conecta a nosso público. Estamos aqui pra bater cabeça e não pra usar ‘ponpons’ e camisas ‘bufantes’ pra nos sentirmos divas de uma renascença utópica de Heavy Metal. Estamos aqui pra “porrada cumê”, mas sempre com musicalidade em punho e apontada pra cara da mesmice.


Vocês também gravaram um cover e clipe para a música Woman In Chains do Tears For Fears que conta com a participação da cantora Maria Odette, que é sua mãe. Por que escolheram gravar essa canção e como foi trabalhar com sua mãe?
Thiago – Pra mim foi um sonho. Quero fazer isso desde que me entendo por gente. Tenho a sorte de ter o berço duas vezes de ouro, pois em minha mãe tenho a melhor pessoa que já aconteceu em minha vida e ainda por cima, a maior cantora que jamais vi e ouvi. Fazer uma música com ela seria duplamente empolgante. E foi. Ela está com 72 anos, com uma vitalidade de dar vergonha a muitas pseudo cantoras que andam por aí. Quando ela entrou no set de filmagem, sem mesmo nem ainda abrir a boca, já tinham pessoas chorando de emoção. Isso não tem explicação. Isso na minha opinião é ser uma verdadeira estrela. E ainda por cima, esbanjar sorrisos, bom humor, tudo somado a um brilho de um milhão de sois. Tenho orgulho demais dessa mulher e de ter tido essa chance miraculosa. Também não tem como deixar de falar da equipe incrível que nos recebeu pra rodar o vídeo. Uma equipe de profissionais do mais alto nível, capitaneados pelo genial diretor Alex Baptista, da FX Render.


Mesmo com poucos meses de estrada o Noturnall foi incluído na RockWalk Brasil que é a versão brasileira da Calçada da Fama originalmente instalada na Sunset Boulevard em Hollywood (EUA). Como surgiu essa indicação e posteriormente a inclusão e como a banda se sentiu em receber essa honra?
Thiago – Já havíamos assinado com o SHAMAN e quando a NOTURNALL saiu, o Márcio Teixeira, fundador da ROCK WALK BRASIL, me ligou aos prantos, dizendo estar emocionado com o que estava ouvindo e que pela própria história que cercava o passado dos membros da banda, era de fato um “Super Grupo” e que somente pela junção desse time e pela qualidade do trabalho que trouxemos, já era mais que motivo para que assinássemos a ROCKWALK, sob o ponto de vista de “Serviços prestados pelos músicos da NOTURNALL ao Rock Brasileiro, perante o Mundo”. Claro que ficamos todos muito surpresos com a tão inesperada honraria e sem pensar duas vezes, aceitamos o convite e lá estar, eternizada na pedra mais um capítulo na história dessa jovem, porém com ar de anciã, banda (risos).


E como estão os planos para o lançamento do DVD que foi gravado durante o show de estréia da banda nos palcos no Carioca Club?

Thiago – O primeiro clipe do material sai agora dia 04 de Agosto e será da faixa Hate!, já que a energia registrada ali foi realmente incrível. Não teria como não ser ela. Já o DVD em si está agendado para o dia 19 de Setembro, na Feira da música, EXPO MUSIC, juntamente com a versão em VINÍL DELUXE de nosso primeiro e atual álbum.


Recentemente o grupo passou por uma polêmica em uma rede social onde um editor de um blog na internet divulgou uma conversa privada onde supostamente o Noturnall sugeriria que somente iria divulgar as resenhas que teriam nota máxima. O que tem de real nisso e como reagiram a tal fato?

Thiago –
Ah vai? Entre tantas ótimas perguntas, essa me aparece? (muitos risos). Bom, que “seji” como dizem... Na verdade isso foi um grande mal entendido. Uma pessoa que era próxima da banda e tinha acesso ao nosso Facebook deu sim essa resposta a alguém da mídia, sobre colocar resenhas com notas inferiores a 10. Essa pessoa já não tem mais ligação com a banda, mas sinceramente consigo entender a atitude, apesar de condená-la. Tratava-se de um fã. Uma pessoa dessas que a NOTURNALL atingiu em cheio no peito, fazendo com que qualquer tipo de “negativa” ao que essa pessoa sentia, pudesse ser uma afronta. Com certeza um profissional em qualquer área não deve deixar sua emoção guiá-lo sobrepondo a razão, principalmente quando as conseqüências ainda não estão voltadas diretamente pra você. Mas como disse, entendo a atitude da pessoa. E fico orgulhoso de tê-la envolvida tanto com nossa mensagem. Mas não é assim que devemos proceder com terceiros que simplesmente não concordam com você. Esse é justamente o caminho que leva o ser humano a tantas guerras e mortes, por causas idiotas, como religião, futebol, política e por aí vai. Quanto a nosso facebook, se duvida do que falo, pode puxar o histórico de desde quando o disco foi lançado, verá inúmeras resenhas, dos mais variados tipos e notas e isso bem antes do ocorrido. Fim.


Obrigado pela entrevista. Muito obrigado.
Thiago – Obrigado e muita luz a todos.


Mais Informações:
www.noturnall.com


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