quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Entrevista: Espera XIII



Por Vitor Franceschini

Os paulistanos do Espera XIII lançaram um dos melhores discos nacional de 2015, o magistral “Unexpected Austral Lights”. Não é exagero. Basta ouvi-lo (várias vezes) e captar sua essência. Colhendo os frutos disso, a principal mente por trás da banda – o vocalista e guitarrista Ereon – conversou com o Arte Metal para falar mais do recente trabalho, do nome da banda e outros fatos que a envolvem.

O debut da banda “Thy Great Expedition” (2013) é um grande álbum, mas “Unexpected Austral Lights” é algo magistral. Isto é, superou e muito seu antecessor. Você concorda com isso? Quais principais diferenças apontaria entre os dois discos?
Ereon: Concordo, o “...Austral Lights” supera em todos os aspectos possíveis. Além da evolução na forma de compor, a seriedade, comprometimento e investimento na produção de cada um deles foram absolutamente diferentes. Hoje temos para nós que o “...Austral Lights” é nosso primeiro álbum, dele para trás são demos.

E como foi compor o novo trabalho, qual foi a principal mudança e inovação que usaram tanto na metodologia, quanto no processo de gravação?
Ereon: A composição foi mais lenta e cautelosa durante aproximadamente um ano, diferente do “Thy Great Expedition” que foi composto inteiro em uma semana. O perfeccionismo foi extremo e doentio durante as gravações do “...Austral Lights”, literalmente foi parido um filho em essência sonora. Fora isso, teve-se experiências muito mais sérias como captar guitarras com engenheiro de som e mixar o material na Alemanha.

Apesar do foco no Black Metal, a banda não fecha o leque e abrange outros estilos como Death Metal e até Gothic/Doom Metal em sua sonoridade, tudo com certa dose de melodia. Como você definira o som do Espera XIII?
Ereon: Tenho definido como Blackened Death Metal, pois é um subgênero que se aproxima e as pessoas entendem. Mas, em particular, para mim hoje o som seria algo do tipo Etheral Atmospheric Transcendental Blackened Death Metal. (risos)

Aliás, “Unexpected Austral Lights” traz esses elementos, além de uma dose extra de peso e alternância de ritmos. O quão importante você acha que é essa variação na sonoridade de uma banda? Isso é algo que a banda se preocupou ou fluiu naturalmente?
Ereon: Esta alternância acontece naturalmente. O ESPERA XIII foi criado já com esta intenção de ser um projeto livre sonoramente. Acho bastante importante existir diferentes dinâmicas no som de uma banda, deveria ser natural, afinal nosso estado de espírito está sempre variando. E claro, é muito mais interessante escutar um disco com variações rítmicas e harmônicas do que 10 faixas idênticas umas as outras.






O trabalho vocal também é um ponto forte, já que guturais e rasgados se revezam sendo acompanhados por ‘backings’ limpos e sussurrados, dando um grande diferencial às músicas. Fale-nos um pouco a respeito disso?
Ereon: Os vocais limpos ganharam um espaço maior neste álbum e a tendência é usarmos cada vez mais. É um artifício essencial para criar camadas de atmosfera e para o estilo de som que estamos caminhando será natural sua maior utilização. 

Os arranjos de teclados são soberbos no trabalho, se encaixando quase que perfeitamente. Teclados sofrem resistência dentro do Metal extremo, mas vocês provam a importância do instrumento. O que pode nos falar a respeito disso?
Ereon: Crescemos ouvindo bandas da Finlândia e Suécia, isso influenciou muito em nosso som. Frequentemente adicionamos camadas de cordas, vozes, metais e também passagens de piano, em geral mais atrás para dar uma camada background, pincelando uma harmonização ou melodia. Quanto à resistência de teclado no som extremo, é uma questão de gosto e deve-se respeitar o de todos.


“Unexpected Austral Lights” é um disco que merece atenção redobrada, porém depois de assimilá-lo é difícil parar de ouvi-lo e ele até se torna acessível de certa forma. Qual seria a fórmula disso? (risos)
Ereon: É muito legal saber isso, fico muito realizado com estes efeitos. Os resultados positivos são fruto de muito trabalho feito por excelentes profissionais. Mesmo que sendo um projeto solo durante a produção, existiu um time inteiro de altíssima qualidade por trás, auxiliando, co-produzindo, incentivando.  A fórmula foi perfeccionismo, superação, perseverança e fé que um dia o álbum estaria finalizado.

E como tem sido a repercussão do trabalho até então?
Ereon: Excelente, podemos dizer. Com gratidão temos recebido ótimas resenhas, elogios, mensagens de apoio ao nosso trabalho. Até onde chegou o som deste álbum a repercussão foi positiva. Esperamos conseguir mostrá-lo para mais pessoas ainda, saber mais opiniões.

A banda sofreu com mudanças de formação, como anda o line-up do Espera XIII atualmente? E quais os planos para o ano que de 2016?
Ereon: O ESPERA XIII é um projeto solo que hoje possui um “live team”, um grupo de músicos para interpretação do som ao vivo. Em 2013, quando foi decidido que o projeto seria executado ao vivo, comecei a recrutar os membros. Logo no início o Edu Ayres tomou seu lugar no baixo. No decorrer dos anos tivemos formações experimentais com outros membros. Hoje estamos no auge de todas estas experiências com Pietro Bernal na guitarra, Fernando H. na bateria e eu no vocal e guitarra.


Antes de deixar uma mensagem, qual o significado por trás do nome Espera XIII?
Ereon: Temos 2 significados:
- “Espera”, o nome de uma das 13 embarcações da frota de Pedro Alvarez Cabral. Abordamos a história do Brasil desde a época de seu descobrimento.
- Extra Sensory Perception Era XIII. Traduzindo ao nosso português, “Era da Percepção Extrassensorial”. Este é o lado mais profundo e sutil em nosso trabalho.

Este espaço é para a banda deixar as considerações finais. Obrigado pela entrevista.
Ereon: Vitor Franceschini e Arte Metal, nós que agradecemos imensamente por este espaço em sua página, podem contar conosco sempre. Convocamos todos a conhecer e entrar em nossa esquadra:


Bem vindos a bordo da barca.


Continuaremos com nosso trabalho, aprimorando e compondo músicas cada vez melhores. O “Unexpected Austral Lights” é só o início.

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