quarta-feira, 6 de abril de 2016

Entrevista: Necrotério



Por Vitor Franceschini

Foram 11 anos desde o último lançamento, o DVD “A Decade of Laceration: 10 Splattered Years Live” de 2004. Mesmo assim, os paranaenses do Necrotério não chegaram a encerrar as atividades e apenas deixaram as barbas de molho. Em 2015 finalmente “Gory Visions and Hallucinations” deu as caras e mostrou a nova formação com ex-baixista Evandro Maidl (vocal, substituído nos shows pelo ex-Hecatomb Mano), Marcos Lima (guitarra), Emerson Lima (bateria) e agora Allan Carvalho (baixo) que entrou no lugar de Edgar Mol (que gravou o álbum). Conversamos com Marcos sobre o retorno, o novo disco, as comparações com o passado, entre outros assuntos que envolvem a banda.

Primeiramente, o Necrotério chegou a encerrar as atividades? De qualquer forma desde quando vocês estavam planejando o novo álbum “Gory Visions and Hallucinations”?
Marcos Lima: Após o lançamento do DVD em 2004 (“A Decade of Laceration: 10 Splattered Years Live”), o vocal Gustavo e o baixista Evandro deixaram a banda, foi em um período que muitas coisas estavam acontecendo, inclusive planos para um novo álbum, e isso desanimou um pouco. Então eu e meu irmão Emerson (bateria) passamos um tempo nos dedicando mais a projetos pessoais etc... Continuamos a fazer shows esporádicos até 2010, a partir daí com o crescimento das redes sociais, a divulgação da banda aumentou, e as coisas começaram a desenvolver novamente. Quando a formação se estabilizou com a vinda do baixista Edgar, e o retorno do Evandro agora como vocal iniciamos a produção do novo CD, este gravado em 2013 mas só lançado em 2015, e mais shows apareceram. Como o Evandro reside na Alemanha, convidamos o vocalista Mano Mutilated ( ex: Hecatomb)  pra fazer os vocais nesses eventos.   

E como foi o processo de composição do mesmo?
Marcos: Compomos toda parte instrumental e gravamos, mandamos para o Evandro na Alemanha, pra ele encaixar as letras, e quando ele veio ao Brasil de férias no inicio de 2014 gravou todos os vocais... Com todas as dificuldades foram dois anos e meio até o lançamento.

O novo trabalho traz a sonoridade típica do Necrotério, aliás, nem parece que vocês estavam há tanto tempo sem gravar. Fale-nos um pouco dessa característica que a banda desenvolveu dentro do Death Metal/Grindcore?
Marcos: Algumas das músicas do CD eram de 2004 que seriam lançadas na sequência, e reutilizamos nesse CD, e seguimos a mesma linha do que seria gravado na época.  

Novos elementos aparecem em “Gory Visions and Hallucinations” como uma leve dose de ‘groove’ e levadas mais dinâmicas, concorda? Isso foi algo que surgiu naturalmente ou vocês fizeram algo planejado?
Marcos: Foi naturalmente, o baixista trouxe com ele essa parte mais ‘groove’ nas novas composições, eu acho interessante deixar cada músico expor suas influências na sonoridade, enriquece a música, mas é claro que mantendo a característica de todo o contexto da banda.  



Evandro Maidl (ex-baixista) é o responsável pelos vocais no novo disco. Isso parece ter trazido mais versatilidade para as linhas de voz, pois ele tem um vocal mais versátil. Fale-nos um pouco a respeito disso.
Marcos: Ele fazia os ‘backing vocals’ na primeira passagem pela banda, o tipo do vocal era mais ‘scream’, no qual era muito bom, mas com sua nova banda Kaapora, ele começou a experimentar o gutural, e trouxe essa excelente experiência pra Necrotério. 

A guitarra mórbida e o clima soturno – dois dos grandes diferenciais do Necrotério – são mantidos. Vocês acreditam que esses são os grandes trunfos da banda?
Marcos: Nunca tinha visto dessa forma “um trunfo”, mas tenho certeza que é um diferencial, isso sim. Essa parte, mais mórbidas nas guitarras é também algo natural, devido as minhas influências, como Black Sabbath pra ilustrar melhor, eu realmente gosto muito desse clima mais mórbido...  

Psycho Muderer foi escolhida para o videoclipe. Por que optaram por ela e como foi trabalhar no vídeo? Qual a importância a banda vê hoje em dia em lançar uma música como clipe?
Marcos: Curtimos muito filmes “B” horror trash, e queríamos fazer algo nessa linha, bem clichê mesmo, mas com uma história legal. Nós e uns amigos que têm uma produtora, nos reunimos algumas vezes pra desenvolver o roteiro, achamos o local ideal, e gravamos em um domingo das 8h da manha às 23h, mas claro que com uma pausa pro churrasco! 

E qual a principal diferença a banda vê em “Gory Visions and Hallucinations” em relação aos trabalhos anteriores?Aliás, como vocês vêem “Lament of Flesh” (1999) e “A Rotten Pile of Dead Humans” (2002) hoje em dia?
Marcos: Acredito que conseguimos equilibrar a sonoridade nesse novo CD utilizando um pouco de cada característica dos dois álbuns anteriores, eu vejo o “Lamento of Flesh” com uma pegada mais Death Metal, e o “Rotten Pile...” um pouco mais Grind core.  

Como tem sido a repercussão de “Gory Visions and Hallucinations” até então?
Marcos: A receptividade tem sido muito boa, principalmente dos críticos, mas por ser independente, dependemos de shows pra venda dos CDs. Ainda não pudemos elevar ao patamar que gostaríamos, e que pudesse chegar a mão de todos que curtem a Necrotério.

Evandro mora na Alemanha. Quais as prováveis chances de a banda se apresentar ao vivo? E quais os planos, além da divulgação do novo disco?
Marcos: Evandro está lançando álbum novo com a Kaapora, é um grande irmão e parceiro de longos anos. Ele gravou o álbum “Gory Visions...” conosco, e por morar fora, quem vinha realizando os shows com a gente é o Mano Mutilated, que agora foi integrado oficialmente à banda, pois temos muitos shows por aqui, e logo estaremos divulgando o novo material da Necrotério com a nova formação, um 4 way (split) com mais três bandas, uma chilena, uma argentina e uma boliviana, onde foi lançado esse CD.   

Muito obrigado pela entrevista, podem deixar uma mensagem.
Marcos: Nós que agradecemos a você Vitor (Blog Arte Metal) por esse espaço, por essa oportunidade de mostrar que estamos firmes e fortes, lutando pelo Metal, e buscando nosso lugar ao sol. Esse ano completamos 23 anos de estrada, de muita luta, alegrias, decepções, mas muito orgulhosos de nossa história... Muito obrigado àqueles que curtem e se identificam com nosso som, e nos apóiam, o mínimo que seja! Keep fucking Death Metal!!



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