Por Vitor Franceschini
Apesar de não gostar de
tal classificação, a banda Imminent Attack em quatro anos se tornou uma das
principais do Thrash/Crossover nacional. Apesar de mais de 10 anos de carreira (o
grupo se formou em 2004) foi com o debut “Deliver Us from Ourselves” (2012) que
o conjunto paulista atingiu o seu ápice. O melhor de tudo é que conseguiram
manter essa chama acesa, e o que prova tal fato é o trabalho “Welcome to My
Funeral” (2015). Com bom humor e sarcasmo, o baixista Ivan falou com o ARTE
METAL e contou um pouco mais sobre estes ‘mamutes’ que só fazem diferença no
underground. Completam a formação atual Dinho Guimarães (vocal), Erick Velez
(guitarra) e André A.Lien (bateria).
Como
foi compor “Welcome to My Funeral” perante o sucesso de “Deliver Us from
Ourselves” (2012)?
Ivan:
Pra falar a verdade foi um desafio tremendo. Pois já estávamos com turnê
marcada pra Europa e queríamos a qualquer custo levar um produto novo pra
apresentar ao velho continente. Então tudo foi muito corrido, desde a
composição até a gravação e todo o processo de produção do disco.
E
quais as principais diferenças que o novo trabalho traz em relação ao debut?
Ivan:
Particularmente, acredito que o novo seja um pouco mais “sombrio” e sério que o
primeiro. Sobretudo no que diz respeito às letras.
Falando
em características, “Welcome to My Funeral” traz uma pegada mais Punk, porém
consegue manter o lado Thrash intacto. Qual o segredo dessa fórmula?
Ivan:
Essa pergunta é difícil responder porque as coisas saem tão naturalmente que
acabam ficando. Não pensamos muito em soar assim ou assado. Claro que às vezes saem
uns riffs bostas que soam bem pão com ovo, mas daí a gente muda na hora e deixa
mais com “a cara da banda”.
Aliás,
o disco mostra a banda mais coesa e precisa. Isso foi algo que saiu
naturalmente ou vocês se preocuparam com esses aspectos?
Ivan:
Isso são os anos tocando junto. O tempo te ensina muita coisa. A estrada então
nem se fala. Nossa experiência tocando com grandes bandas e tendo grandes
músicos como amigos sempre agregam na hora de ensaiarmos, compormos ou nos
apresentarmos ao vivo. Em suma: é treino. Muito treino.
Um
fator que chama atenção desde o debut são os refrãos fortes. Como vocês veem a
importância dos refrãos no Crossover praticado pela banda?
Ivan:
Essa seria a pergunta pro nosso baterista responder, já que a maior parte das
letras é ele quem faz. Mas digo que os refrãos, assim como os riffs de
guitarra, são as coisas que mais se lembram em qualquer canção, não só de Crossover,
então naturalmente acabam recebendo um carinho especial.
O
disco contou com produção e a estreia do guitarrista Augusto Lopes (Fanttasma,
Eternal Malediction, ex-Torture Squad). Como foi trabalhar com ele na produção
e o ter como músico da banda? Aliás, como se deu a entrada de Augusto?
Ivan:
O Lopes está com a gente desde o primeiro disco, também produzido por ele. Há
um tempo, tive uns problemas mentais (risos), e tive de me afastar da banda por
um tempo. Ele foi a escolha natural, já que além de ser um grande músico,
conhecia nosso som e como deveríamos soar. Quando pude retornar, ele já estava
tão à vontade com a gente que passei para o contrabaixo e ele ficou mesmo na
guitarra. Sobre trabalhar com ele, devo dizer que não poderia ser mais fácil. O
Casanegra (estúdio do Lopes) tem uma aura que agrada a todas as bandas que por
lá passam. Costumo dizer que é o último estágio antes do inferno (risos). Ergue
o ralo e já sai fogo. Eu afirmo sem medo de errar que dentro de pouquíssimos
anos ele será um dos produtores mais requisitados no país. O nível de
comprometimento dele é bem alto. Cabe apenas esclarecer que devido ao seu
trabalho como produtor, ele não faz mais parte da banda.
Vocês
trabalharam novamente com Carlos Cananéa na concepção da arte da capa. Por que
o escolheram de novo e como foi trabalhar com ele? O resultado atingido foi o
esperado?
Ivan:
Com o Carlos é mais ou menos a mesma coisa que com o Lopes. Nos conhecemos há
anos (ele foi o primeiro baterista do Imminent Attack). Um cara talentosíssimo,
como todos podem ver. Como a repercussão da capa do primeiro disco foi a melhor
possível não vimos necessidade de procurar outro artista. O Carlos entende
nossas idéias, estamos completamente entrosados.
Aliás,
a impressão é que o ‘Mamute’ como mascote foi uma escolha natural. Ou a banda
tinha em mente desde o início em ter como símbolo?
Ivan:
Não diria natural. Na verdade foi só uma brincadeira do nosso antigo baixista,
Jonas Guedes. Após um ensaio conversávamos e ele falou que nosso som era como
um mamute, rápido e pesado. Acabou ficando. Coisa de retardados.
E
como está a repercussão de “Welcome to My Funeral”? O álbum tem tido resposta
maior de quais países?
Ivan:
Infelizmente ainda não temos distribuição profissional fora do Brasil. Há
vários contatos, mas nada de realmente concreto. Enviamos material para todos
os continentes, mas apenas para apreciadores de Thrash que nos conhecem através
da web e acabam entrando em contato. Sendo assim, o maior apoio vem do nosso
Brasil mesmo.
A
banda tem sido considerada uma das principais do Crossover nacional. Como é pra
vocês ter tal alcunha? Isso ajuda ou pressiona ainda mais?
Ivan:
Nem
gostamos desse lance de principal, de melhor ou o que quer que seja. Somos só
uma pequena parte que ajuda a manter o underground pulsando.
Vocês
lançaram um mini-documentário na web chamado “Imminent Attack The Wall Live
Session Doc”. Como surgiu a ideia deste trabalho, como foi produzi-lo e qual a
importância a banda vê neste tipo de abordagem pela internet?
Ivan:
O mini doc foi idéia do nosso grande amigo Gil Gonçalves do Estúdio The Wall.
Cara manja muito das artes visuais. Aliás, temos a sorte de estar cercado só
por feras. Sem eles nada disso seria possível. Certo dia ele nos contou a ideia
e topamos na hora. Em um dia gravamos tudo, sem stress. Respondendo à outra
pergunta, a internet hoje é o principal meio de difusão pras bandas
underground. E apresentar material de alta qualidade como esse vídeo só ajuda a
manter a roda girando de forma profissional.
Em
breve vocês relançarão seu primeiro álbum, “Deliver Us From Ourselves”, em
versões digipack e vinil. Isto prova a importância do trabalho, como vocês o veem
atualmente?
Ivan:
Foi um grande desafio. Crus de tudo. Todos juninhos. Entrava no estúdio pra
gravar era uma tensão desgraçada. Muitas dúvidas, imprecisões na execução, etc.
Mas, foi tudo feito com uma paixão tão indescritível que pra mim dificilmente
qualquer outro disco nosso irá bater esse.
Quando
será o lançamento e o que mais podem nos adiantar sobre os planos, agenda de
shows do Imminent Attack?
Ivan:
Temos shows marcados em quase todos os finais de semana daqui até janeiro.
Depois vamos parar e compor o disco novo. Com certeza manteremos todos
atualizados.
Muito
obrigado. Pode deixar uma mensagem aos leitores.
Ivan:
Caros leitores, obrigado por ter lido até aqui. Se gastou seu tempo é porque se
interessa de alguma forma pelo nosso trabalho. E somos eternamente gratos por
isso. Por fim, pau no cu do Bolsonaro.
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